Espinho no Dedo
Política, Filosofia, Comportamento, Vida! Eis o Blogue!
quinta-feira, 13 de março de 2014
Comunicado
Comunico aos meus inúmeros leitores que estivemos fora do ar devido a dificuldades informáticas.
Queira deus que tudo tenha se normalizado. Palavra de um ateu!
Repressão
Liberdade ao professor colombiano Francisco Toloza
Escrito por Néstor Kohan
A todo tempo, aprisionam nossos companheiros. Cansamos e nos desgastamos. Não há mês que não tenha que escrever solidarizando-me com algum revolucionário que acabaram de prender. Isto se chama liberdade? Isto se denomina “pluralismo”? Isso é “o mundo livre”? Por favor! Soltam um e no dia seguinte prendem outro. Acabam de soltar o cantor e compositor Julián Conrado e no mesmo momento prenderam o professor Francisco Toloza. Mantêm-nos “ocupados” pedindo e reclamando todo o tempo “soltem o fulano”, “libertem o ciclano”.
Na Colômbia, também na Argentina, Paraguai, em todo o continente. Não basta ver um líder grevista no cárcere que já há outro agricultor sendo preso. Acabaram de soltar um cantor popular e já prenderam um conhecido professor universitário. E é nesse vai e vem que vamos levando a vida. Visitando presos, escrevendo todo tempo estas cartas de solidariedade, tentando conter a repressão, a perseguição, a demonização. Até quando?
E enquanto isso... Eles seguem fazendo seus negócios sujos. Negócios imundos. Com seu sorriso cínico na boca. Mostrando sempre os dentes em cada fotografia, como se fossem modelos da TV que fazem anúncios de creme dental. Falsidade. Seus sorrisos são de fachada. Cinismo nu e cru. Não é uma risada aflorada, relaxada de alegria espontânea e serenidade de espírito. É um sorriso artificial para a foto, duro, petrificado, premeditado, planificado, manipulado. Riem enquanto destilam veneno, odeiam e encarceram o povo. Gente má. Sim, gente má. Não só exploram, degradam, humilham o nosso povo, como entregam nossas riquezas e recursos naturais. São gente má. Sua risada é como a de uma hiena.
O conhecido intelectual, professor universitário colombiano, foi preso. Seu nome é Francisco Toloza. Desta vez se trata dele. Não bastou prender o professor Miguel Ángel Beltrán, grande conhecedor da historiografia sobre Simón Bolivar e do pensamento teórico de José Martí. Não ficaram satisfeitos com as ameaças de morte ao professor Renán Vega Cantor, erudito da sociologia e grande pesquisador colombiano. Não. A lista segue. Agora é Toloza, o jovem e valente intelectual Francisco Toloza. “Pacho” Toloza, para seus amigos e companheiros.
Todos eles vêm a Buenos Aires, passam por aulas universitárias na Argentina, compartilham seus saberes, suas leituras, seus livros, suas teorias, seus debates. O movimento estudantil argentino, seus professores, seus pesquisadores universitários e cientistas são conhecidos. E com todo sabor amargo na boca, com todo ácido no estômago, entendemos agora que estão presos, que são caçados como moscas. São tratados como se fossem delinquentes. Que desgosto. Não escondemos o que sentimos. Que desgosto. Que classe social dominante corrupta, desgraçada, mafiosa, lumpem, que não pode permitir o que até uma burguesia lúcida e bem pensante se permitiria: que haja um par de intelectuais que opinem diferente, que escrevam seus livros, que deem palestras. Não. A burguesia colombiana, submissa e obediente à humilhação do imperialismo norte-americano, em momentos mais papistas que o papa, persegue sem piedade até o último pensador que se atreve a escrever duas linhas expressando um pensamento diferente.
E não só perseguição sistemática a todo pensador, a todo o escritor e a toda voz dissidente. Valas comuns. A última que se encontrou (até onde temos notícias) abrigava nada menos que 2.000 (dois mil) cadáveres sepultados com NN, sem nome nem apelido, sem tumba individual. Nem mesmo um único símbolo religioso para dar conforto à família de cada morto. Nem isso! Não era uma vala comum de cinco décadas ... Era o ano de ... 2007. Muito recente! Nada diferente do Chile de 1973 ou Argentina de 1976.
Até quando vamos continuar permitindo isso? Até quando vamos continuar a aceitar que este país se chame no concerto internacional das nações modernas de "democráticos" e "constitucionais"? Por que o Estado da Colômbia continua a fazer parte das agências multilaterais latino-americanos sem receber sanções diplomáticas ou comerciais que de uma vez por todas disciplinem sua classe dominante e a obrigue, goste ou não, a garantir os direitos democráticos, mesmo que sejam mínimos, típicos de qualquer país burguês? Aqui, não se trata de direitos populares ou socialistas. Não! Na Colômbia, nem os direitos legais burgueses são respeitados. Nem sequer isso.
O professor Francisco Toloza, muito preparado, extremamente lido, culto, erudito, persuasivo, grande orador, inundava cada uma de suas orações com dados empíricos e bibliografia atualizada. A primeira impressão que tivemos dele foi impactante. O professor Francisco Toloza fala rápido e sem parar. Com entusiasmo e energia que não tenta dissimular.
Por trás de suas grandes lentes de plástico preto, sua boina que nunca abandona, tira e põe, volta a tirar e assim fica durante horas, movendo as mãos, fazendo gestos, e que tanto proporciona números esmagadores, dados empíricos, demolidores da sociedade oficial colombiana. Conhece a dedo a história do seu país, sua formação sociológica e sua formação econômico-social.
Mas como viajou por vários países representando a sua organização social e política, a Marcha Patriótica, ao mesmo tempo vai descrevendo a situação do movimento popular de vários países da América Latina. E a coisa não acaba aí. Começa a falar de Europa Ocidental e dá detalhes de cada país europeu, suas tendências, seus debates, como se encontra o movimento trabalhador, estudantil, o que pensam em cada país e em cada movimento popular europeu de Nossa América. Sem falar como o professor Francisco Toloza provoca impacto.
Conhecemo-nos pessoalmente em Buenos Aires. O professor Toloza estava pedindo e clamando por solidariedade para a federação estudante universitária. Entramos em contato, juntamente com Atilio Boron e Jorge Beinstein, todos os professores da Universidade de Buenos Aires (UBA). Certamente deve ter falado com outros pesquisadores também. Depois disso nos encontramos novamente no México, em um seminário internacional organizado anualmente pelo Partido Trabalhista (PT) do México, com participacao de intelectuais de todo o mundo, incluindo a América do Norte e Europa. Em meio à multidão, ouvimos com surpresa: "Ei, professor Nestor! Como está? Tomamos uma cerveja? Quer conversar um pouco?” (sempre me fez rir ao me chamar de "professor", quando na prática Toloza sabe muito mais do que nós uma enorme quantidade de temas).
Suspeitei que, talvez, fosse um costume colombiano falar dessa maneira. E com essa cerveja compartilhamos novamente por horas a bagagem de fatos, números, livros, artigos, textos e debates. Uma grande preparação intelectual. O mesmo estilo de Renan Vega Cantor e Miguel Angel Beltran. Não é por acaso que todos eles têm sido "marcados" pelos poderosos da Colômbia e seu aparato de vigilância e repressão. Não é por acaso que na Colômbia têm sido perseguidos, ameaçados ou diretamente feitos prisioneiros.
Em outros países, seriam premiados (por exemplo, Renan Vega recebeu o "Prêmio Libertador ao Pensamento Crítico" na Venezuela; no México, na UNAM e no âmbito da sua licenciatura em ciências sociais e estudos latino-americanos, os principais pesquisadores não pararam de falar maravilhas de Miguel Angel Beltran, já que ele dava aulas lá). Na Colômbia, no entanto, a sociedade oficial os trata como "criminosos", quando seus pecados graves e seus principais "crimes" foram, e são, atuar como intelectuais comprometidos com seu povo e sua nação. Simplesmente o que qualquer intelectual que se preze deve fazer com sua vida.
Que notável diferença a atitude intelectual destes companheiros (Vega Cantor, Beltran, Toloza) frente a tanto "doutor" que está circulando em Buenos Aires e não consegue articular até duas frases, contidas no pequeno aquário de sua chancela de "especialista"!
Com esses companheiros, no entanto, você pode falar sobre tudo. Lidar com uma incrível variedade de temas, autores e debates. Nota-se à primeria vista que são intelectuais militantes – o que não implica qualquer delito – e por isso mesmo nunca aceitaram ser "especialistas", neste sentido tão medíocre e vulgar que outorga o Banco Mundial.
Especialistas, ruminadores ventríloquos de trabalhos maçantes, inodoros, incolores, insípidos, orgulhosos de sua ignorância em tudo aquilo que não seja seu microscópico e intranscedente “tema de beca” ou de tudo o que suporta em seu mesquinho caminho de ascenção na escala acadêmica. Já dizia nosso querido Deodoro Roca, ideólogo da Reforma Universitária de Córdoba em 1918, que “a pura universidade é uma coisa monstruosa”. O professor Francisco Toloza constitui precisamente a antítese deste tipo de intelectual medíocre e submisso.
Toloza é um intelectual universitário, sim, mas em um sentido muito mais rico e completo, comprometido até o osso com o seu povo, como alegava Deodoro Roca. Por isso, me fez tão feliz de ouvir agora que seu vídeo foi liberado apenas depois de sua prisão ilegal na Colômbia, onde Toloza reivindica por nome e sobrenome o nosso Deodoro Roca e a Reforma Universitária de Córdoba (1918).
De que fala Pacho Toloza cada vez que nos cruzamos? Na Argentina e no México, Pacho Toloza não deixou de denunciar o Estado gângster e mafioso que dirige seu país há décadas. A situação calamitosa da educação pública, a violação sistemática dos direitos humanos, a miséria de seus camponeses e a exploração de sua classe trabalhadora urbana, a perseguição oficial contra qualquer tipo de oposição política. Isso era o que mais incomodava os juízes que o aprisionaram.
Mas o professor Toloza jamais se calou. Se visitou outros países, não era por créditos mesquinhos ou ganância pessoal, para “acomodar-se” nem para mendigar uma migalha de piedade. Não. O professor Francisco Toloza não deixou em nenhum minuto, seja na Argentina, no México ou na Europa, de clamar pelos direitos de seu povo a viver em liberdade, com justiça social e respeito aos direitos humanos. Isso não constitui nenhum crime. Ao contrário! Por isso nos orgulhamos de tê-lo conhecido e ouvido.
Mas, além de sua erudição acadêmica, sua militância incansável e sua paixão política, Pacho Toloza é um homem com um humor hilariante. Nem bem ganha confiança, começa a fazer piadas e brincadeiras. Inclusive é um grande imitador. Quando vivermos no socialismo e já não tivermos mais de nos preocupar com assassinatos a sangue frio, perseguição política da oposição, censura e prisão dos dissidentes, o professor Toloza bem que poderia ganhar a vida em um programa de humor.
Esperamos que a solidariedade internacional não deixe de crescer. Esperamos que em breve possamos voltar a falar com ele em liberdade, falando de Simon Bolívar, a história de seu povo altruísta, e ouvir suas piadas, suas brincadeiras e sua gargalhada.
Nestor Kohan é professor da Universidade de Buenos Aires (UBA).
Tradução: Daniela Mouro, Correio da Cidadania.
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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Henfil
Cartas da mãe - Henfil
"Enquanto acreditarmos em nossos sonhos, nada será por acaso".
"É preciso a certeza de que tudo vai mudar;
É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós:
onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão.
O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração;
Pois a vida está nos olhos de quem sabe ver ...
Se não houve frutos, valeu a beleza das flores.
Se não houve flores, valeu a sombra das folhas.
Se não houve folhas, valeu a intenção da semente". Henfil
O DESENHO FICA
O média-metragem Cartas da Mãe é uma crônica sobre o Brasil dos últimos 30 anos contada através das cartas que o cartunista Henfil (1944/1988) escreveu para sua mãe, Dona Maria. Estas cartas, publicadas em livros e jornais, são lidas pelo ator e diretor Antônio Abujamra enquanto desfilam imagens do Brasil contemporâneo. Política, cultura, amigos e amor são alguns dos temas que elas evocam, criando um diálogo entre o passado recente do Brasil e nossa situação atual. Artistas, políticos e amigos de Henfil, entre eles o ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o escritor Luis Fernando Veríssimo, os cartunistas Angeli e Laerte e o jornalista Zuenir Ventura, falam sobre a trajetória do cartunista dos anos da ditadura militar até sua morte. Animações inéditas de seus cartuns complementam o documentário dirigido por Fernando Kinas e Marina Willer.
Diretor: Fernando Kinas, Marina Willer
Narração: Antônio Abujamra
Depoimentos: Luis Fernando Veríssimo, Angeli, Gilse Cosenza, Iza
Guerra, Laerte, Luiz Inácio Lula da Silva, Zuenir Ventura, Frei
Betto.
Ano: 2003
Em 1970, Henfil lançou a revista Os Fradinhos. Nesse momento, a produção de histórias em quadrinhos e cartuns de Henfil já apresentava características específicas: um desenho humorístico político, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros. Leia mais
Gibiteca Henfil
Aniversário de Henfil será comemorado com evento no Museu da República
"Por muito tempo, eu pensei que a minha vida fosse se tornar uma vida de verdade.
Mas sempre havia um obstáculo no caminho, algo a ser ultrapassado antes de começar a viver, um trabalho não terminado, uma conta a ser paga. Aí sim, a vida de verdade começaria.
Por fim, cheguei à conclusão de que esses obstáculos eram a minha vida de verdade.
Essa perspectiva tem me ajudado a ver que não existe um caminho para a felicidade.
A felicidade é o caminho! Assim, aproveite todos os momentos que você tem.
E aproveite-os mais se você tem alguém especial para compartilhar, especial o suficiente para passar seu tempo; e lembre-se que o tempo não espera ninguém.
Portanto, pare de esperar até que você termine a faculdade; até que você volte para a faculdade; até que você perca 5 kg; até que você ganhe 5 kg; até que seus filhos tenham saído de casa; até que você se case; até que você se divorcie; até sexta à noite; até segunda de manhã; até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova; até que seu carro ou sua casa tenham sido pagos; até o próximo verão, outono, inverno; até que você esteja aposentado; até que a sua música toque; até que você tenha terminado seu drink; até que você esteja sóbrio de novo; até que você morra; e decida que não há hora melhor para ser feliz do que agora mesmo...
Lembre-se: felicidade é uma viagem, não um destino".Henfil
(Blog do Nassif)
PMs
'PM cria monstros', diz ex-policial que defende desmilitarização
Darlan Menezes Abrantes, ex-soldado da PM que é a favor da desmilitarização da corporação
Darlan Menezes Abrantes, ex-soldado da PM que é a favor da desmilitarização da corporação
Após ser expulso da Polícia Militar do Ceará em janeiro, acusado de distribuir seu livro intitulado "Militarismo, um sistema arcaico de segurança publica", dentro da Academia Estadual de Segurança Pública, o ex-soldado Darlan Menezes Abrantes, 39, voltou a criticar o atual modelo da PM e a militarização da corporação, da qual fazia parte há 13 anos. "Sou a prova viva de que esse sistema de segurança pública é falido" e "cria monstros", declarou, em entrevista ao UOL.
A capa do livro de Abrantes, que defende a desmilitarização
"Quando eu era da cavalaria, fiz muitas coisas das quais me arrependo. Quando eu chegava em casa dizia para a minha esposa 'nossa, eu sou um monstro!'. O treinamento militar é opressivo, e faz com que o policial trate a população como inimigo, e não como um aliado", falou.
Para ele, a violência e os excessos cometidos pelos policiais nas ruas tem origem na opressão vivida pelos praças (PMs de patente inferior) dentro dos quartéis.
"Os oficiais têm poder total sobre os praças. Como uma polícia antidemocrática pode fazer a segurança de uma sociedade democrática? A PM tem uma estrutura medieval".
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Veja cenas de violência policial e depredações em protestos pelo Brasil104 fotos
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13.jun.2013 - Em São Paulo, policial militar atinge cinegrafista com spray de pimenta durante protesto contra o aumento da tarifa do transporte coletivo, em frente ao Theatro Municipal, no centro da capital. Mais de 40 manifestantes foram detidos pela polícia Rodrigo Paiva/Estadão Conteúdo
Segundo Abrantes, "durante os treinamentos os superiores ficam dizendo que você não é nada, que você é um parasita. Lembro que na academia um superior me deu uma folha de papel em branco e disse: 'esses são seus direitos'. Aí quando o policial se forma, já é um pitbull."
PMs são investigados por agressões no CE
Jovens tiveram o rosto pintado pelos policiais
Para ele, o militarismo "serve para as Forças Armadas", e não para a segurança interna do país. "É preciso desmilitarizar a corporação e fundi-la com a polícia civil. A cada ano, a polícia perde de goleada para o crime organizado, e a solução está na modernização e desmilitarização da força".
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará afirmou que à época do ingresso de Abrantes na corporação "a formação de policiais militares se dava pelo extinto Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da PM" e que o atual treinamento conta com um programa de formação cidadã, "trabalhando as concepções de cidadania, respeito aos Direitos Humanos e à diversidade étnica e cultural".
Expulsão
A controladoria da PM expulsou Abrantes "com base em vários artigos do Código Disciplinar e do Código Penal Militar", de acordo com o tenente-coronel Fernando Albano, porta voz da corporação. "Os atos praticados vão de encontro ao pudor e ao decoro da classe. Só isso que a PM tem a falar", disse ele.
A advogada do ex-soldado, Quércia de Andrade Silva, afirmou que já recorreu da expulsão e diz acreditar que a decisão possa ser revertida. "Tem outro processo também na auditoria militar, mas que está ainda em fase inicial. Ele será ouvido pela primeira vez em maio. Estamos aguardando a resposta desse recurso [para possivelmente recorrer à Justiça comum]", diz Quércia.
(UOL)
O Dono da Bola está de ressaca!
pois é, depois de amanhã estarei de ressaca. uma ressaca programada, agendada....
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
'Gramática' (a pedidos)
Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco - (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.
Redação:
Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.
E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar,
a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar
IV. Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisso a porta abriu repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.
O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal.
Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva
(Fonte?)
Cristãos nazistas
Partido Nazista dizia se basear em um 'cristianismo positivo'
Hitler teve o apoio de católicos e protestantes
por Austin Cline
para About
A impressão generalizada é de que o nazismo era anticristão e que os cristãos eram antinazistas. A verdade é que os cristãos alemães apoiaram o nazismo porque acreditavam que Adolf Hitler tinha sido um presente de Deus para o povo.
A doutrina cristã alemã combinou seus dogmas com o caráter alemão de então de uma maneira única: o verdadeiro cristianismo era alemão e o verdadeiro nazista tinha de ser cristão.
Isso em parte está no programa do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores ou em alemãoNationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (NSDAP).
Diz: “Exigimos a liberdade para todas as confissões religiosas, na medida em que elas não coloquem em perigo a existência do Estado ou entrem em conflito com os costumes e os sentimentos morais da raça germânica. O partido, como tal, representa o ponto de vista de um cristianismo positivo, sem estar ligado a uma confissão em especial”.
Esse tipo de cristianismo pregava na época que a religião devia ter um efeito prático na vida das pessoas — um efeito positivo.
Antissemitismo cristão
O antissemitismo era um aspecto importante do Estado nazista, mas os nazistas não o inventaram. Eles se basearam em séculos de antissemitismo cristão e na teologia da comunidade cristã da Alemanha.
Os nazistas acreditavam que o judaísmo era mais do que uma religião, no que foram apoiados por líderes religiosos que lhes forneciam informações sobre batismos e registros de casamento para ajudar na identificação dos judeus convertidos ao cristianismo.
Cristãos anticomunistas
Anticomunismo era provavelmente mais fundamental para a ideologia nazista do que antissemitismo. Muitos alemães estavam com medo do comunismo e viram Hitler como sua salvação cristã. A ameaça dos vermelhos parecia muito real. Os comunistas tinham chegado ao poder na Rússia no final da Primeira Guerra Mundial, além de assumirem momentaneamente o controle na Baviera. Os nazistas também eram intensamente antissocialistas. Eles se opunham ao socialismo tradicional porque se tratava de uma ideologia ateia e supostamente apoiada por intelectuais de origem judaica.
Cristão antimodernistas
A chave para entender a popularidade do nazismo entre os cristãos é que uns e outros condenavam tudo que era moderno.
No entendimento deles, a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial converteu o país em uma república secularista, ateísta e materialista, o que significava traição aos valores tradicionais germânicos e aos dogmas religiosos.
Assim, para os cristãos, a ascensão ao poder dos nazistas significava uma oportunidade para impor um regime que combatesse o ateísmo, a homossexualidade, o aborto, a obscenidade e assim por diante.
Cristianismo e nazismo protestante
É amplamente reconhecido que os protestantes foram mais atraídos pelo nazismo do que os católicos. Isso não era verdade em todos os lugares na Alemanha, mas não se pode ignorar o fato de que os protestantes, e não católicos, organizaram um movimento (cristãos alemães) dedicado a mesclar a ideologia nazista com a doutrina cristã.
Principalmente as mulheres protestantes colaboravam com o nazismo por causa do conservadorismo cultural delas. Além disso, as mulheres se sentiram importantes pelo papel de agentes sociais que passaram a ter no governo de Hitler.
O nazismo foi um regime não denominacional, mas seus líderes sabiam que sempre poderiam contar com os protestantes.
Cristianismo e nazismo católico
De início, líderes católicos criticaram o nazismo. Após 1933, a crítica se tornou em louvor por uma questão de identificação. Os pontos em comum entre os nazistas e católicos eram o anticomunismo, antiteísmo e antissecularismo.
Padres católicos ajudaram os nazistas a identificar os judeus para que os carrascos abastecessem as fornalhas do Holocausto.
Após Segunda Guerra Mundial, líderes católicos ajudaram ex-nazistas a voltarem ao poder, porque entendiam que estes eram melhores do que os socialistas.
O legado do catolicismo da Alemanha nazista é a cooperação, da não de resistência, de defesa do poder social, e não o da sustentação de princípios.
Igrejas cristãs estavam dispostas a tolerar a violência contra judeus, o rearmamento militar, invasões de nações, proibição de funcionamento de sindicatos, prisão de dissidentes políticos, detenção de pessoas que haviam cometido nenhum crime, esterilização dos deficientes, etc.
Por quê?
Porque Hitler era visto como alguém que ia restaurar os valores tradicionais e a moralidade da Alemanha.
Cristianismo em particular, o cristianismo em público
Será que Hitler e os nazistas apenas usaram o cristianismo como uma manobra política, enfatizando-o em público, sem a intenção de promovê-lo na realidade?
Não há nenhuma evidência de que a adesão ao cristianismo era apenas para o “consumo” em público.
Anotações de historiadores mostram que os nazistas de fato acreditavam no “cristianismo positivo”, acreditavam no que diziam.
Os poucos nazistas que endossaram paganismo fizeram isso publicamente, mas sem apoio oficial.
Hitler, nazismo e o nacionalismo cristão
Avaliação tradicional de cumplicidade cristã com o Holocausto e com outros crimes da guerra pressupõe uma distinção entre nazistas e cristãos, o que não existia.
O fato é que cristãos apoiaram ativamente a agenda nazista, e por uma simples razão: a maioria dos nazistas era de cristãos devotos e acreditava que a filosofia de Hitler foi animada pela sua doutrina religiosa.
Os cristãos de hoje acham improvável que a sua religião pudesse ter algo em comum com o nazismo, mas eles precisam reconhecer que o cristianismo é sempre condicionado pela cultura que o cerca.
Para os alemães no início do século 20, o cristianismo era muitas vezes profundamente antissemita e nacionalista.
Este foi o mesmo terreno que os nazistas encontraram tão fértil para a sua própria ideologia. O que fez com que uns e outros colaborassem entre si com naturalidade. Não haveria como eles não agirem em conjunto.
Cristãos nazistas não abandonaram as doutrinas cristãs básicas, como a divindade de Jesus. Sua estranha crença religiosa era uma negação ao judaísmo de Jesus. Mas ainda hoje existem cristãos na Alemanha que se opõem ao judaísmo de Jesus.
Cristãos nazistas não seguiram uma versão idiossincrática do cristianismo nem foram "infectados" pelo ódio e nacionalismo porque eles já eram portadores desses sentimentos antes de o nazismo ser inaugurado oficialmente.
Para os cristãos alemães, a guerra deflagrada por Hitler foi uma espécie de retomada das Cruzadas e da Santa Inquisição.
Fonte: Paulopes
http://www.paulopes.com.br/2014/02/parido-nazista-dizia-se-basear-em-um-cristianismo-positivo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+blogspot%2FLHEA+%28Paulopes+Weblog%29#.UvBCJvldWSq
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