quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Millôr, o genio de direita
Uma bola é o que rola.
Branco é o sem cor nenhuma nele.
Colo é o que a gente quer de noite,
mas de dia o quintal é melhor.
Galinha é pra gente correr atrás
a não ser as que estão no choco.
Comida tem sempre demais no prato
mas sobremesa nunca tem bastante.
Crescido é o que se fica ao deixar de ser pequeno.
Lagartixa é pra gente arrancar o rabo
e ver ele mexendo sozinho.
Cachorro é onde a gente bota a culpa
duma porção de coisas que foi a gente que fez.
Machucado é quando não se presta
atenção nenhuma no que a mamãe diz.
Sonho é o que dá um medo danado, mas quando a gente acorda a mãezinha está bem quentinha ali junto.
Irmão é pra gente ter muita raiva
e depois fazer as pazes.
Buraco é o que sobra quando
se tira terra de dentro dele.
Quente é o que a gente procura quando está frio, frio.
Resfriado é o que escorre do nariz.
Pai é com quem a gente tem conversas
de homem pra homem.
Mosca é pra se matar com o jornal dobrado.
Botão é pra gente andar sempre desabotoado.
Cachorro é pra gente chatear ele,
a não ser os que avançam.
"O escuro é onde a gente vê o que não está lá. Vem quando a mamãe diz: "Boa noite, dorme direitinho, meu filhinho" e apaga
"O relógio é o que anda mas não tem pernas. Isto é, tem duas pernas, como a gente, mas coladas na barriga, lá dele. Serve pra gente ver que está atrasado pro colégio de manhã, e pra saber quanto tempo falta pra acabar a aula. O relógio inda é muito bom pra gente rir quando é o do papai, que a gente adianta meia hora e então o papai salta da cama e faz tudo correndo, pra não perder o trabalho, mas de noite quando ele chega vem com aquela cara e logo perguntando qual foi de vocês que fez aquela gracinha, de novo hoje de manhã? Fora disso o relógio só é bom quando quebra e a gente vê que lá dentro ele está cheio de carrapeta." a luz. Aí a gente só sente os barulhos e fica pensando noutras coisas completamente diferentes daquelas que tem no quarto quando o quarto está claro. Aí dá muito medo e a gente chora até que a mãe da gente volta e acende a luz e o escuro sai pro corredor."
Millôr)
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