O poeta da Consciência Negra: Oliveira Silveira – Poemas
O poeta da Consciência Negra: Oliveira Silveira – Poemas Selecionados
O Negro de Fogo
O negro de fogo
que usava camisa encarnada
incendiou o futebol
incendiou o samba
| a rumba
| a conga
| o espiritual
e o coração das mulheres.
O negro de fogo
enrubesceu maçã do rosto
de encabuladas moças
pintadas de ruge e batom.
O negro de fogo
de carvão e brasa
pixe e sangue.
O negro de fogo
incendiou a União Sul-Africana
e lançou fósforo aceso
sobre os Estados Unidos
(que assim não era possível).
O negro de fogo
pôs labaredas (não era possível)
nos organismos internacionais.
O negro de fogo
(assim não era possível)
atou num poste e jogou na fogueira
o ditador português
e Sua Majestade Britânica.
O negro de fogo
- sempre chamado de sujo -
para ter bem-estar físico
impôs ao mundo uma higiene mental.
E assim – queimadas a gaiola, a grade
purificado o ar e limpo o céu -
entoou com voz azul
seu canto de liberdade.
( Oliveira Silveira )
(Poema do livro Poesia negra brasileira: antologia. Organização de Zilá Bernd. Porto Alegre: AGE: IEL: IGEL, 1992. p. 96.)
oliveira-silveira
No Mapa
Pelo litoral
ficou
de norte a sul
nagô.
Ficou no Recife:
xangô.
Na Bahia ficou:
candomblé.
No Rio grande é o que?
- Batuque, tchê.
Filho de santo
de bombacha,
Ogum
comendo churrasco:
jeito
gaúcho
do negro
batuque.
( Oliveira Silveira )
(Poema do livro Poesia negra brasileira: antologia. Organização de Zilá Bernd. Porto Alegre: AGE: IEL: IGEL, 1992. p. 104.)
oliveira-silveira-rosto
(Magia da Poesia)
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