''Um só povo não pode conhecer todos os caminhos de Deus''
No próximo dia 8 de fevereiro, o Fórum Mundial de Teologia e Libertação irá celebrar, dentro do Fórum Social Mundial, em Dakar, no Senegal, uma oficina sobre "Religiões e Paz: A visão/teologia necessária para tornar possível uma Aliança de Civilizações e de Religiões para o bem comum da humanidade e a vida no planeta". A organização da oficina é da Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo - ASETT/EATWOT.
Para facilitar a participação e o debate, a EATWOT disponibilizou as conferências resumidas de vários especialistas que serão apresentadas sobre a temática proposta na oficina do ano que vem.
O sítio do IHU, em suas Notícias do Dia, está disponibilizando as principais conferências a respeito da temática. Veja abaixo, em "Para ler mais", a lista de textos já publicados.
No artigo de hoje, Horacio Méndez, do Panamá, afirma que quando reconhecermos as diferença de nossos povos, então, pouco a pouco, conheceremos Baba e Nana, formas para representar o divino entre os índios kunas. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
''Um só povo não pode conhecer todos os caminhos de Deus''
Baba criou esta terra. Nana criou esta terra, estas montanhas. Baba é muito grande, é imensa. Nana é muito grande, é imensa. Não se deixa agarrar por um povo só. Um só povo não pode conhecer todos os seus caminhos, não pode entender tudo. Por isso, Baba criou sobre esta terra muitos povos. Baba não criou um povo só. Nana não criou um só povo sobre esta terra...
Por isso mesmo, quando um povo diz "o que eu sei de Baba é melhor e mais exato", esse povo não conhece Baba. Está longe de conhecer a sua mensagem. Está acreditando que Baba é pouca coisa, que Nana é pouca coisa.
Nós, os kunas, dizemos que Baba está no lato, que Nana está no lato. E é verdade, é uma verdade. E não sei o que os nossos amigos negros dizem, mas dizem a verdade. E assim também os outros povos que Baba deixou sobre esta terra. Não podemos dizer exatamente o que é Baba, o que é Nana. Nunca vamos entender tudo.
Quando, então, vamos conhecer melhor Baba? Nunca por meio do ódio ou da rejeição. Quando todos nos encontremos a partir da diferença de nossos povos, então, pouco a pouco, conheceremos Baba, conheceremos Nana.
Saila kuna Iguanabiginia
Horacio Méndez
Kuna Yala, Panamá
Para ler mais:
• Projeto de Ética Mundial. Um debate - Revista IHU On-Line nº 240
• As religiões da profecia: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo - Revista IHU On-Line nº 302
• Sabedoria, mística e tradição: religiões chinesas, indianas e africanas - Revista IHU On-Line nº 309
• ''Não haverá paz no mundo sem teologia do pluralismo religioso''. Entrevista especial com José María Vigil
• Religiões e Paz: uma mesma fonte. A contribuição da Fé Bahá'í
• Reflexões sobre uma teologia budista para o bem comum
• A contribuição do Taoísmo à paz das religiões
• Harmonia religiosa: a visão holística hindu
• Princípios de base para uma teologia do pluralismo religioso
• Princípios básicos do pluralismo religioso
• Religiões e paz. Um debate teológico
• (Inst. Humanitas Unisinos)
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