quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Capitalismo

Desperdício
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Por Sergio Santeiro






Niterói – Desperdício, teu nome é capitalismo. Fico abismado de ver as milhares de lojas e negócios legais ou ilegais lado a lado despertando o consumo de números cada vez maiores de consumidores, ao mesmo tempo de números ainda muito maiores de não consumidores. Isto é economicamente viável? Ou não interessa? Gostaria de saber em números o que se joga fora do que se produz no mundo e, mais especificamente, em nossa casa, o país.

Pedaços do absurdo: se o plástico é tão daninho como dizem, por que não o proíbem, por que não o proscrevem, por que não o exterminam? Fiquei sabendo de uma campanha do governo para trocar os sacos plásticos in-biodegradáveis por sacolas degradáveis. Imaginar, como somos obrigados a ver, esses monturos imorredouros a entupir rios, mares, canais, florestas, tudo.

E o agrotóxico? É verdade que faz o mal que faz? Então cabe ao governo impedir a sua existência e o envenenamento da população, ou não? Tanta coisa boa é proibida. As florestas replantadas de eucalipto ou símiles em que não se ouve um pio de pássaro. São malévolas? Que o governo as elimine e impeça o seu plantio. Os transgênicos são nocivos? Pois que se os erradique. Não, fica um jogo de songa-monga entre o poder do dinheiro e o poder político que na verdade é também só o poder do dinheiro.


Enquanto isso, reprime-se, prende-se e abusa-se da infância porque os meninos são usados pelos traficantes-empresários, ou porque portam uma bagana ou outra no bolso são jogados no inferno. Até o mulatinho mais uma vez repetiu sua recém-profissão de fé na descriminalização das drogas. É pouco, precisa estatizar para impedir o negócio especulativo, o lucro, que é o que mata e faz matar.

É impossível pensar ou pretender que a especulação comercial é que deva reger a nossa vida. Senão, dá no que se vive. Se bem atentarmos veremos que a ação dos governos se restringe a só cuidar dos interesses financeiros da burguesia. O resto que se exploda.

É preciso segurar o dólar para não prejudicar as exportações. Exportação de soja? Ninguém em sã consciência, nenhum país, nenhuma sociedade admite plantar soja em suas terras. Desertifica. Por isso o preço internacional é bom, é bom negócio, pra quem? E cuidado com o etanol, apelido novo para o nosso velho álcool de cana, cuja exploração extensiva e predatória, faca de dois legumes, deu no que é o Nordeste árido brasileiro.

Nenhuma sociedade nem a capitalista pode legitimamente se constituir se não estiver voltada para a satisfação de suas necessidades – o mercado interno, esta sim é que é a meta. Exportação? Só para o excedente. Agora, aqui priva-se a maioria da população do feijão com arroz para satisfazer ao público estrangeiro com soja e etanol. E, pior ainda, condena-se a população futura ao desastre ecológico que mais se aprofunda cada vez que pinga um dinheirinho na caixa dos burgueses e dos governos que mutuamente se sustentam.

É assim? É isso mesmo? Que mal é maior, o da pobre criança, um mal individual, que não mata ninguém ou o da economia burguesa que dizima populações hoje e amanhã. Quanto ao dólar, deixa rolar, deixa cair. Ao que dizem a China é que não vai deixar estourar, pois seu governo comunista estocou mais dólar que o Tesouro americano. Pois é, guerra é guerra.

13/6/2009

Fonte: ViaPolítica/O autor

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