33 anos sem Clarice Lispector. Veja entrevista da escritora
No dia nove de dezembro de 1977 morreu, aos 52 anos de idade, Clarice Lispector, uma das maiores cronistas e escritoras da literatura brasileira. Clarice estava hospitalizada por mais de um mês para tratar de um câncer que, no fim da sua vida, atacou vários órgãos de seu corpo.
Ucraniana, Clarice se mudou para o Brasil quando ainda era bebê. Viveu a maior parte da vida no Recife e dominou como poucos a nossa linguagem. Sua última obra, A Hora da Estrela, foi lançada em outubro daquele ano quando já estava enferma. Ela veio de longe para recriar a literatura feminina – embora dificilmente feminista – no país. Outras houve antes, mas nenhuma atingiu em suas obras a dimensão literária e artística de Clarice.
Com seu estilo novo, de evidente deslumbramento pela pura sonoridade das palavras brasileiras, ela influenciou praticamente todas as escritoras que vieram depois. Sua narrativa, na qual entrelaçava harmonicamente conceitos metafísicos, seres e fatos do mais corriqueiro cotidiano, fez escola.
A escritora, no entanto, vivia de uma maneira simples, quase pobre, ocupando-se dos afazeres domésticos e vendo televisão – novelas – como qualquer outra pessoa da época. No ano anterior ao da sua morte, quando conquistou o Prêmio Brasília pelo conjunto de obras publicadas, declarou comovida: “Foi uma dádiva de Deus, através dos seres humanos. Eu bem estava precisando desse dinheiro. Sinto-me um tanto humilde, por não merecer tanto. Disseram-me que quando nos conferem um prêmio é porque nos consideram aposentados. Mas eu não me aposentarei. Espero morrer escrevendo”.
Clarice começou a escrever contos no início da adolescência. Seu primeiro livro Perto do Coração Selvagem foi publicado em 1944, quando tinha apenas 19 anos. Antes de lançá-lo, já escrevia sua segunda obra, O Lustre, que saiu em 1946. Formou-se em direito, mas nunca investiu na carreira de advogada. Dedicou-se mesmo ao jornalismo, tendo trabalhado inclusive no Jornal do Brasil, na década de 1970. Influenciada pela literatura de Herman Hesse, Clarice buscava dar um tom dramático em suas histórias e, muitas vezes, trágico. Era uma eterna solitária, uma eterna insatisfeita, em busca a todo custo da perfeição.
“Eu tentava traduzir uma busca interior, atrás de uma coisa que eu não sabia bem o que era”, disse ela após publicar Cidade Sitiada, em 1949.
Seus livros mais vendidos foram A Maçã no Escuro e Laços de Família. Sobre o primeiro, ela declarou certa vez que a primeira versão tinha dado 500 laudas. Copiou o livro onze vezes e, a cada vez que fazia uma cópia, entendia mais de sua obra, pois geralmente não compreendia muito, a princípio, o que queria dizer.
(vermelho.org)
clarice, mostra a alma, o âmago do ser, que é o nosso ser, sem dissimulação possível. Mas ela é
ResponderExcluirapenas um ideal de nós, ela apresenta a revelação
do sujeito. Sou no mundo, e, em meu ato concreto
de fala,ponho a certeza de que sou um sujeito
desejante.Yêda Fajardo