domingo, 17 de novembro de 2013

Quando os jihadistas voltarem...

Quando os jihadistas voltarem...

    

    Berna (Suiça) - A Europa vive hoje uma fase difícil com o predomínio de uma asfixiante política econômica neoliberal, mas poderá ser ainda pior quando retornarem da Síria os jovens jihadistas.

    É como a brigada internacional que, de 1936 a 39, incorporava voluntários de todo o mundo para lutar, na Espanha, contra o golpe dos militares no governo republicano. Mas totalmente ao contrário.  Na Espanha, era a luta contra o fascismo de Franco, reacionário, sufocante, contrário à liberdade e à democracia.

    Porém, nos dias de hoje, a principal brigada internacional que vai lutar na Síria é composta de extremistas e fanáticos jiadistas, uma espécie de fascismo religioso islamita, ligado à Al Qaeda, com o objetivo de deslocar-se do Afganistão para, conquistando a Síria, ficar mais perto da Europa.

    E, a seguir, atacar os infiéis, considerados pervertidos, imorais, e instaurar a lei da chariá, pela qual se decepam as mãos dos ladrões e se matam a pedradas por lapidação as mulheres suspeitas de adultério e os homossexuais. O fanatismo jiahista e salafista venera o culto da morte, na expectativa de uma vida melhor no paraíso islamita.

    Ora, centenas de jovens muçulmanos europeus, alguns convertidos, se sentem atraídos pela mensagem guerreira dos imãs jihadistas e deixam a França, a Bélgica, a Alemanha e também a Suíça, em número menor, para ir lutar contra Assad.

    Os jornais europeus, vez ou outra, conseguem acompanhar a trajetória desses jovens cruzados islamitas que deixam seus subúrbios pobres, onde o desemprego vai junto com a droga e a violência, e se convertem lendo o Corão e ouvindo os sermões de alguns pregadores. Com a proteção de alguns mentores, deixam a família e partem para campos de treinamento, onde aprendem a atirar, matar, se preparar para ações de terrorismo e também aceitam ser utilizados como mártires ou suicidas em ações kamikases.

    Uma reportagem do jornal suíço Le Temps, baseada numa pesquisa, revela o itinerário de alguns desses jovens, alguns já mortos por drones ou em combate. E sabe-se que o número de jovens atraídos pela mensagem jihadista é bem maior, ficam, porém, só no apoio e na adesão ideológica.

    E uma questão resulta – com que disposição retornarão esses jovens guerreiros da guerra santa jihadista e da chariá, quando terminar a guerra na Síria ? Essa guerra tinha começado como uma revolta contra os excessos de Assad e, nessa fase, chegou a contar com o apoio de muitos países, interessados em derrubar Assad. Porém, o número de sírios em luta contra Assad logo se tornou minoritário diante das brigadas de combatentes jihadistas que chegavam diariamente à Síria, impondo imediatamente o rigor e a atrocidade de suas leis nos lugarejos por onde iam passando.

    O resultado é que os países antes interessados em derrubar Assad mudaram de ideia, temendo ocorrer uma perigosa substituição, capaz de colocar em risco a própria Europa.

    Porém, começa a surgir uma constatação – a Síria, melhor que o Afeganistão, tornou-se um campo de treinamento para os jihadistas para uma juventude de passaporte ou residência européia. E surge o espectro de que tão logo termine a guerra na Síria, a Europa se torne o alvo dos jovens combatentes extremistas. Com a possibilidade de uma adesão de todos quantos hoje se entusiasmam mas não se decidem a passar à ação num país estrangeiro, seja a Síria ou a Somália. Um verdadeiro pesadelo.
(Direto da Redação)

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