sexta-feira, 29 de junho de 2012

Israel

A ativista palestina Rana Hamadeh desafiou o exército israelense Escrito por Soraya Misleh Qui, 21 de Junho de 2012 15:32 Mulheres palestinas não fogem à luta No último dia 1o de maio, a ima­gem de uma mulher que subiu em um tanque israelense em frente à prisão israelense de Ofer, na cidade de Ra­mallah, Cisjordânia, Palestina ocupa­da, ganhou o mundo. A jovem pales­tina que desafiou o exército ocupante, de nome Rana Hamadeh, durante um protesto em solidariedade aos presos políticos palestinos então em greve de fome, chama atenção para a resistên­cia feminina histórica naquelas terras. As mulheres palestinas nunca fugi­ram à luta. Pelo contrário. Já no final do século XIX, quando se instalaram os primeiros assentamentos sionistas em território palestino, elas estiveram na linha de frente dos protestos contra a colonização que viria a culminar na criação unilateral do Estado de Israel (em 15 de maio de 1948). Em 1903, período que marca o começo da se­gunda onda de imigração sionista – a primeira se deu a partir de 1882 –, criaram uma associação de mulheres. Nos anos 1920, sua atuação se forta­leceu e em 1929 aconteceu o primeiro Congresso de Mulheres Árabes naque­le destino, que resultou na formação de organização do gênero. Elas também tiveram papel crucial nas revoltas de 1936 a 1939 contra o mandato britâni­co e a entrega de terras aos sionistas, em que os palestinos foram totalmente desarmados, numa preparação para a limpeza étnica planejada que foi levada a cabo em 1948. Nesse ano que marca a nakba (catástrofe), uma brigada fe­minina, batizada de Zahrat (pequenas flores), colocou-se, como durante toda a luta, na linha de frente contra a ex­propriação do seu território. Já diante da consolidação do projeto sionista, em 1965, foi criada a União Geral das Mulheres Palestinas, atrela­da à OLP (Organização para a Liberta­ção da Palestina). No início seu papel ainda era, contudo, limitado, reserva­do à assistência social e aos cuidados com a saúde. Mas a política não foi deixada de lado. Ações diretas Ao final dos anos 60 e início dos 70, diversas delas partiram para a ação di­reta, diante da omissão internacional à violação cotidiana de direitos hu­manos e da expansão israelense, que em 1967 resultará na ocupação por parte dessa potência bélica de toda a Palestina histórica. A mais conheci­da em todo o mundo é Leila Khaled, da Frente Popular pela Libertação da Palestina. Expulsa de Haifa aos qua­tro anos, tornou-se refugiada e aos 15 começou a se envolver com a luta ar­mada. Então com apenas 24 anos, par­ticipou do sequestro de aviões em tro­ca de prisioneiros políticos e colocou em evidência a causa palestina. Foi detida em uma das ações e saiu após outra operação do gênero. A escritora e ativista egípcia Nawal El Saadawi, em seu livro A face oculta de Eva – As mulheres do mundo árabe, cita outros nomes, como o de Amina Dahbour, de Fatma Barnaw e de Sadis Abou Gha­zala. “A extensa lista de mártires ser­viria para encher as páginas de todo um capítulo”, frisa. E conclui: Seus “feitos intrépidos um dia serão admi­rados pelas futuras gerações de jovens e mulheres”. Nesse período, conquistaram mais espaço na política, forta­lecendo sua luta contra o apartheid israelense e o sexismo. Nas intifadas (levantes) de 1987 e 2002, novamente as mulheres foram às ruas. Na primeira delas, as que vi­viam nas áreas rurais assumiram papel central, mas as que residiam na região urbana também marcaram presença. Para se ter uma ideia, um terço das baixas era da parcela feminina. Se­ gundo escreveu o historiador israelen­se Ilan Pappe em História da Palesti­na moderna, a luta era dupla, contra os padrões da sociedade patriarcal e a ocupação. O número de mulheres de­tidas passou de centenas no início da década de 70 para milhares nos anos 80. Após a última troca de prisionei­ros, em 2011, restam ainda nove nos cárceres israelenses, as quais têm se somado aos protestos constantes con­tra as más condições a que são subme­tidas, assim como todos os palestinos detidos ilegalmente pelas forças de ocupação. Ao longo de toda essa trajetória, as mulheres se destacaram também em outras trincheiras de luta, como no campo das palavras. No âmbito cultu­ral, entre as que merecem ser lembra­das encontra-se Fadwa Touqan, que nasceu em 1917 na cidade de Nablus, na Cisjordânia, e faleceu em 2003. Nas palavras de Moshe Dayan, chefe do exército israelense quando da cha­mada Guerra dos Seis Dias, em 1967, seus versos eram mais subversivos que dez atentados. As mulheres são as que mais sofrem em situações de emergência huma­nitária ou conflitos armados ou, por­tanto, frente à ocupação de territórios palestinos. É o que aponta relatório di­vulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2010. Os dados são alarmantes: durante a última ofensiva à Gaza, ao final de 2008 e início de 2009, 114 foram as­sassinadas; 40% não puderam fazer o pré ou pós-natal; e quatro foram mor­tas em função do bloqueio naqueles anos, por terem sido proibidas de cir­cular para obter tratamentos especia­lizados, medicamentos ou serviços de saúde adequados. Na Cisjordânia, a situação é igualmente grave. Dados de 2007 indicam que cerca de 70 mulheres deram à luz em checkpoints, impedidas de passar para ter seus filhos com dignidade nas maternidades, sendo que seis de­las sofreram violência, apesar de em trabalho de parto. Trinta e cinco bebês morreram e cinco mães. Mas não se intimidam. Representan­do quase metade da população total de 3,9 milhões nos territórios palestinos ocupados em 1967 (1,8 milhão), estão reunidas em diversas organizações, por educação, saúde, trabalho, contra a ocupação e o sexismo. Ali, assim como nos campos de refugiados, em que são milhares, na diáspora ou onde hoje é Israel, sempre se fizeram e fa­zem ouvir e notar, desafiando o proje­to sionista. Em recente visita à Palestina, a constatação de que a voz feminina é decisiva: “Antes saíamos de nossa terra, porque achávamos que voltaríamos em breve. Hoje podem destruir nossas casas, roubar nossas oliveiras, nos agredir, não vamos embora. Nem que tivermos que morar numa tenda, aqui é nossa terra.” Sentimento que expressou tão bem Fadwa Tuqan, no poema cujo título em português seria “Basta-me permanecer em seu seio”*: Basta-me morrer em meu país aí ser enterrada dissolver-me e aí reduzir-me a nada ressuscitar erva em sua terra ressuscitar flor que uma criança crescida em meu país arrancará basta-me estar no seio de minha pátria. terra ........erva .....................flor * Em http://www.guata.com.br/poesiasempre/081126PS_poesia_palestina_de_combate.html, cujos poemas fo­ram extraídos do livro "Poesia Palestina de Combate", publicado em 1981, pela Editora Achiamé, no Rio de Janeiro. Tradução de Jaime Cardoso e José Carlos Gondim. Fonte: Al Thawra, junho, 2012.

Gatos

O Beat William Burroughs e os gatos em geral por Kauana Maria Neves em 28 de jun de 2012 às 17:43 | 1 comentário Uma das maiores paixões do escritor foi seu gato Ruski. william burr.jpg Nascido nos Estados Unidos em 1914, o pintor, crítico, e mais reconhecidamente, escritor integrante do movimento Beat, William fez muito barulho. Perdeu a virgindade com uma prostituta, cortou um dedo para impressionar um homem que estava apaixonado. Iniciou sua escrita após embriagar-se e matar com um tiro sua esposa Joan Vollmer. Amigo de Jack Kerouac, escreveram juntos o livro E os Hipopótamos Foram Cozidos em Seus Tanques. Entre 1984 e 1986 escreveu o livro O gato por dentro, um livro pequeno, com anotações sobre a experiencia com gatos ao longo de sua vida. Ele estabelece com facilidade uma relação que até então era inexplicável. Um livro que faz qualquer adorador dos felinos lê-lo com os olhos marejados do começo ao fim. Leia alguns trechos: ''Indícios apontam que os gatos foram domesticados pela primeira vez no Egito. Os Egípcios armazenavam grãos, que atraíam roedores, que atraíam gatos. (Não há prova de que isso tenha acontecido com os maias, apesar de haver um grande número de gatos selvagens nativos na área.) Não acho que isso seja exato. Sem dúvida não é a história toda. Gatos não começaram como caçadores de ratos. Doninhas, cobras e cães são muito mais eficientes como agentes de controle de roedores. Eu postulo que os gatos começaram como companheiros psíquicos, como Familiares, e nunca se afastaram dessa função.'' “Quando penso no início de minha adolescência, eu me recordo da sensação recorrente de aninhar e acariciar uma criatura contra meu peito. É bem pequena, mais ou menos do tamanho de um gato. Não é um bebê humano, nem um animal. Não exatamente. É parte humana e parte outra coisa. Lembro-me de uma ocasião em que isso aconteceu lá na casa da Prince Road. Eu devia ter doze ou treze anos. Eu me pergunto o que era… um esquilo?… não exatamente. Não consigo ver direito. Não sei de que ela precisa. Sei apenas que confia plenamente em mim. Muito mais tarde eu descobriria que fui escalado para o papel do Guardião, para criar e alimentar uma criatura que é parte gato, parte humana e parte algo ainda inimaginável, que pode resultar de uma união que não acontece há milhões de anos.” "Mas um rosnado de um cão é feio, o rosnado de uma multidão de brancos racistas no linchamento de um paquistanês... o rosnado de alguém que usa um adesivo "Mate uma bicha por Jesus", um rosnado hipócrita e nervoso. Quando você vê esse rosnado, está olhando para algo que não tem rosto próprio. A fúria de um cão não é dele. É ditada por seu treinador. E a fúria de uma multidão em um linchamento é ditada pelo condicionamento" ''Os vagabundos que perambulavam pelos Estados Unidos desenvolveram um código próprio de sinais para se comunicar. Marcas deixadas em cercas e muros indicavam, por exemplo, lugares onde a polícia era mais tranquila, a população, mais generosa ou a cadeia, mais confortável." ''O gato não oferece serviços. Ele se oferece. Claro que ele quer carinho e abrigo. O amor não é de graça. Como todas as criaturas puras, os gatos são pragmáticos.'' ''Todos vocês que amam os gatos lembrem que os milhões de gatos que miam pelos quartos do mundo depositam toda sua esperança e confiança em vocês. Somos os gatos por dentro. Os gatos que não podem andar sozinhos, e para nós há apenas um lugar.'' kauananeves Artigo da autoria de Kauana Maria Neves. 19 anos, canhota, discente de Antropologia.. Saiba como fazer parte da obvious. Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/borboleta_carnivora/2012/06/o-beat-william-burroughs-e-os-gatos.html#ixzz1zB4x4TX7

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Assange

Intelectuais e artistas defendem asilo político para Assange Noam Chomsky, Michael Moore, Tariq Ali, Oliver Stone e Danny Glover, entre outros, entregaram segunda-feira (26) carta à embaixada do Equador em Londres, pedindo que seja concedido asilo político a Julian Assange, fundador do Wikileaks. Os signatários da carta defendem que se trata de um caso claro de ataque contra a liberdade de imprensa e contra o direito do público de conhecer verdades importantes sobre a política externa, além de uma séria ameaça à saúde e ao bem-estar de Assange (no caso de uma extradição para os Estados Unidos). David Brooks - La Jornada Nova York - Um amplo leque de intelectuais, artistas, cineastas e escritores de várias partes do mundo solicitaram ao governo do Equador que conceda asilo a Julian Assange, Fundador do Wikileaks, que se encontra refugiado na embaixada desse país em Londres. Noam Chomsky, Michael Moore, Tariq Ali, Oliver Stone, o ator Danny Glover, o comediante Bill Maher, Daniel Ellsberg, ex-analista militar famoso por divulgar os Papeis do Pentágono durante a guerra do Vietnã, e Denis J. Halliday, ex-secretário geral assistente da Organização das Nações Unidas, entre dezenas de outras personalides, assinaram a carta de apoio ao pedido de Assange de asilo político, a qual foi entregue segunda-feira (26) à embaixada do Equador em Londres. Afirmaram que por se tratar de um caso claro de ataque contra a liberdade de imprensa e contra o direito do público de conhecer verdades importantes sobre a política externa, e porque a ameaça à saúde e ao bem-estar é séria, pedimos que seja concedido asilo político ao senhor Assange. O fundador do Wikileaks ingressou na sede diplomática equatoriana a semana passada para evitar sua extradição para a Suécia. Os signatários da carta entregue ontem concordam com o agora fugitivo (rompeu as condições de sua detenção domiciliar ao entrar na sede diplomática) que há razões para temer sua extradição, pois há uma alta probabilidade de que, uma vez na Suécia, seja encarcerado e provavelmente extraditado para os Estados Unidos. O governo de Barack Obama realizou um processo conhecido como grande júri para preparar uma possível acusação legal criminal contra Assange, ainda que o procedimento seja secreto até emitir sua conclusão. Além disso, meios de comunicação relataram que os departamentos de Defesa e de Justiça investigaram se Assange violou leis penas com a divulgação de documentos oficiais. Os signatários sustentam que esta e outras evidências mostram a hostilidade contra Wikileaks e seu criador por parte do governo estadunidense, e que se ele fosse processado conforme a Lei de Espionagem nos Estados Unidos poderia enfrentar a pena de morte. Além disso, acusam o tratamento desumano ao qual foi submetido Bradley Manning, o solado acusado de ser a fonte dos documentos vazados para Wikileaks. “Reivindicamos que seja outorgado asilo político ao senhor Assange, porque o ‘delito’ que ele cometeu foi o de praticar o jornalismo”, afirmam na carta. Assange revelou importantes crimes contra a humanidade cometidos pelo governo dos Estados Unidos. Os telegramas diplomáticos revelaram as atividades de oficiais estadunidenses atuando para minar a democracia e os direitos humanos ao redor do mundo, acrescentam. A carta, entregue por Robert Naiman, diretor da organização estadunidense Just Foreign Policy, autora da iniciativa, foi acompanhada de outra petição assinada por mais de 4 mil estadunidenses que solicitam que o governo do Equador conceda asilo a Assange. A íntegra da carta pode ser vista em justforeignpolicy.org/node/1257. (CARTA mAIOR) .

Leis

LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR ÀS LEIS DE MURPHY - Leis e princípios demonstrados empiricamente. Posted: 20 Jun 2012 06:28 AM PDT (Atenção os nomes das leis) Lei de MURPHY : "Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará". Legislação complementar às Leis de Murphy: LEIS E PRINCÍPIOS DEMONSTRADOS EMPIRICAMENTE: "O seguro cobre tudo, menos o que aconteceu" ( Lei de Nonti Pagam). "Quando você estiver com apenas uma mão livre para abrir a porta, a chave estará no bolso oposto." (Lei de Assimetria, de Laka Gamos). "Quando tuas mãos estiverem sujas de graxa, vai começar a te coçar no mínimo o nariz." (Lei de mecânica de Tukulito Tepyka). "Não importa por que lado seja aberta a caixa de um medicamento. A bula sempre vai atrapalhar." (Princípio de Aspirinovisk). "Quando você acha que as coisas começam a melhorar, é porque algo te passou despercebido." (Primeiro teorema de Tamus Ferradus) "Sempre que as coisas parecem fáceis, é porque não entendemos todas as instruções." (Principio de Atrop Lado) Os problemas não se criam, nem se resolvem, só se transformam." (Lei da persistência de Waiterc Pastar) "Você vai chegar ao telefone exatamente a tempo de ouvir quando desligam." (Principio de Ring A. Bell) "Se só existirem dois programas que valham a pena assistir, os dois passarão na mesma hora." (Lei de Putz Kiparil) "A probabilidade que você se suje comendo é diretamente proporcional à necessidade que você tem de estar limpo." (Lei de Kika Gadha) "A velocidade do vento é diretamente proporcional ao preço do penteado." (Lei Meteorológica Pagá Barbero ) "Quando, depois de anos sem usar, você decide jogar alguma coisa fora, vai precisar dela na semana seguinte." ( Lei irreversível de Kitonto Kifostes) "Sempre que você chegar pontualmente a um encontro não haverá ninguém lá para comprovar, e se ao contrário, você se atrasar, todo mundo terá chegado antes de você." (Princípio de Tardelli e Esgrande La de Mora) LEIS DA ATRAÇÃO (COISAS QUE SE ATRAEM SEM ESFORÇO NENHUM): Pobre e funk Mulher e vitrines Homem e cerveja Chifre e dupla sertaneja Carro de bêbado e poste Tampa de caneta e orelha Moeda e carteira de pobre Tornozelo e pedal de bicicleta Leite fervendo e fogão limpinho Político e dinheiro público Dedinho do pé e ponta de móveis Camisa branca e molho de tomate Tampa de creme dental e ralo de pia Café preto e toalha branca na mesa Dezembro na Globo e Roberto Carlos Segundas-feiras e sono Terças-feiras e sono Quartas-feiras e sono Quintas-feiras e sono Sextas-feiras e cervejaaaaaaaaaaaaaaaaa Chuva e carro trancado com a chave dentro Dor de barriga e final de rolo de papel higiênico Bebedeira e mulher feia 1- LEIS BÁSICAS DA CIÊNCIA MODERNA: * Se mexer, pertence à Biologia. * Se feder, pertence à Química. * Se não funciona, pertence à Física. * Se ninguém entende, é Matemática. * Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia. * Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer sentido, é INFORMÁTICA. 2- LEI DA PROCURA INDIRETA: * O modo mais rápido de encontrar uma coisa é procurar outra. * Você sempre encontra aquilo que não está procurando. 3- LEI DA TELEFONIA: * Quando te ligam: se você tem caneta, não tem papel. Se tiver papel, não tem caneta. Se tiver ambos, ninguém liga. * Quando você liga para números errados de telefone, eles nunca estão ocupados. * Parágrafo único: Todo corpo mergulhado numa banheira ou debaixo do chuveiro faz tocar o telefone. 4- LEI DAS UNIDADES DE MEDIDA: * Se estiver escrito 'Tamanho Único', é porque não serve em ninguém, muito menos em você... 5- LEI DA GRAVIDADE: * Se você consegue manter a cabeça enquanto à sua volta todos estão perdendo, provavelmente você não está entendendo a gravidade da situação.. 6- LEI DOS CURSOS, PROVAS E AFINS: * 80% da prova final será baseada na única aula a que você não compareceu e os outros 20% será baseada no único livro que você não leu. 7- LEI DA QUEDA LIVRE: * Qualquer esforço para agarrar um objeto em queda provoca mais destruição do que se o deixássemos cair naturalmente. * A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete. 8- LEI DAS FILAS E DOS ENGARRAFAMENTOS: * A fila do lado sempre anda mais rápido. * Parágrafo único: Não adianta mudar de fila. A outra é sempre mais rápida. 9- LEI DA RELATIVIDADE DOCUMENTADA: * Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do manual. 10- LEI DO ESPARADRAPO: * Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda e o que não sai. 11- LEI DA VIDA: * Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada. * Tudo que é bom na vida é ilegal, imoral, engorda ou engravida. 12- LEI DA ATRAÇÃO DE PARTÍCULAS: *Toda partícula que voa sempre encontra um olho aberto" (Blog do Nassif)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Amor

Amo-te Por Todas as Razões e Mais Uma por Ana Filipa Carvalho em 24 de jun de 2012 às 03:58 | 4 comentários Belíssimo texto de Joaquim Pessoa, poeta, artista plástico e publicitário português nascido em 1948. JoaquimPessoa.jpg Por todas as razões e mais uma. Esta é a resposta que costumo dar-te quando me perguntas por que razão te amo. Porque nunca existe apenas uma razão para amar alguém. Porque não pode haver nem há só uma razão para te amar.Amo-te porque me fascinas e porque me libertas e porque fazes sentir-me bem. E porque me surpreendes e porque me sufocas e porque enches a minha alma de mar e o meu espírito de sol e o meu corpo de fadiga. E porque me confundes e porque me enfureces e porque me iluminas e porque me deslumbras.Amo-te porque quero amar-te e porque tenho necessidade de te amar e porque amar-te é uma aventura. Amo-te porque sim mas também porque não e, quem sabe, porque talvez. E por todas as razões que sei e pelas que não sei e por aquelas que nunca virei a conhecer. E porque te conheço e porque me conheço. E porque te adivinho. Estas são todas as razões.Mas há mais uma: porque não pode existir outra como tu. Joaquim Pessoa em Ano Comum ana Artigo da autoria de Ana Filipa Carvalho. Estudante de Belas-Artes apreciadora de todas as formas mágicas de Arte mas com um fraquinho enorme por música.. Saiba como fazer parte da obvious. mais artigos Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/apagando_o_horizonte_com_uma_esponja/2012/06/amo-te-por-todas-as-razoes-e-mais-uma.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+OBVIOUS+%28obvious+magazine%29&utm_content=Yahoo%21+Mail#ixzz1ynwmjpPd

Assange

Assange no Equador: bastidores do pedido de asilo By admin – 21/06/2012Posted in: América Latina, Destaques, Internet Relações entre fundador do Wikileaks e Correa são antigas. Além de proteger jornalista, abrigo reforçaria luta contra oligopólios de mídia Por Tadeu Breda, editor de Latitude Sul O criador do WikiLeaks, Julian Assange, pediu asilo político à embaixada do Equador em Londres, no Reino Unido. Quem confirmou a informação é o próprio chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, por meio de sua conta no Twitter. O pequeno país andino analisa a requisição do ativista australiano que em 2010 possibilitou o vazamento de 250 mil telegramas diplomáticos dos Estados Unidos, em sua luta por transparência. Gerou algumas crises, impactou as relações internacionais e, sobretudo, desagradou Washington. No Equador, as revelações do Wikileaks fizeram com que o presidente Rafael Correa expulsasse a embaixadora norte-americana no país, Heather Hodges. A diplomata recusou-se a pedir desculpas ou dar explicações sobre algumas acusações de corrupção dirigidas a um alto funcionário da polícia equatoriana que vazaram junto com o lote de telegramas confidenciais. As ameaças que Assange começava a sofrer desde então fizeram com que o jornalista Kintto Lucas — naquela época vice-chanceler do Equador — sondasse a possibilidade oferecer-lhe asilo político no país. Rafael Correa, porém, foi rápido ao desautorizar seu funcionário. “Não se fez nenhuma proposta formal ao diretor do Wikileaks. Foi uma declaração pessoal do vice-chanceler, sem autorização. Embora os Estados Unidos tenham cometido um grande erro, nunca apoiaremos o rompimento das leis de um país pelo fato de este ter atuado equivocadamente, e destroçado a confiança dos aliados”, esclareceu o presidente. “ Nada mais lógico para um chefe de Estado que exige respeito à soberania de seu país respeitar também a soberania dos outros. De lá pra cá, porém, muita água passou por debaixo da ponte. Julian Assange permaneceu todo esse tempo em prisão domiciliar no Reino Unido, aguardando o julgamento de sua extradição para a Suécia pela Corte Suprema britânica. O fundador do WikiLeaks teria cometido crimes sexuais contra duas suecas em 2010. “Assange manifesta em sua carta que não houve [contra si], até hoje, acusação formal nem processo por algum delito, em nenum país do mundo”, escreveu o chanceler Ricardo Patiño, já adiantando as razões que provavelmente fundamentarão o pedido de asilo do australiano. “Julian Assange diz ter recebido ameaças de morte, bloqueio financeiro extrajudicial e possibilidade de ser entregue a autoridades dos EUA.” Na mansão em que se encontrava até há dias — agora está protegido na embaixada do Equador –, Assange conduzia um programa de entrevistas com grandes figuras da política internacional chamado The World Tomorrow. Um dos convidados foi precisamente Rafael Correa, apresentado pelo anfitrião como um dos líderes mais destacados da América Latina, agora que Lula e Hugo Chávez estão saindo de cena. A conversa aconteceu por videoconferência. Há quem diga que o assunto “asilo político” havia sido mencionado nos bastidores do programa. São rumores. O certo é que o talk show se desenrolou em clima de descontração. Rafael Correa deu as boas-vindas a Assange, que entrara no seleto grupo de perseguidos políticos, ao que o criador do WikiLeaks recomendou: “Não vá ser assassinado, hein?!” Mas diplomacia é coisa séria, e o Equador fez questão de garantir à comunidade internacional que não está se imiscuindo na Justiça alheia. Como recebeu um pedido de asilo, o país se diz na obrigação de analisá-lo. É o que está fazendo agora. Caso aceite a requisição de Julian Assange, não será a primeira vez que as autoridades equatorianas abrem as portas do país para estrangeiros em fuga. O Equador abriga cerca de 54 mil refugiados: a imensa maioria são colombianos ameaçados pela guerra civil que assola algumas regiões do país desde os anos 1960. Essa receptividade concedeu ao Equador o título de nação que mais recebe refugiados em toda América Latina. Por isso, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lançou há pouco uma campanha chamada “Gracias, Ecuador” pelo apoio do país à causa. Inclusive o chefe da ACNUR, Antonio Guterres, acaba de realizar uma visita oficial a Quito. A nova Constituição equatoriana, aprovada em 2008, também deixa bastante clara a vocação do país em proteger refugiados e asilados. Em seu artigo 41, a Carta diz: “São reconhecidos os direitos de asilo e refúgio, de acordo com a lei e os instrumentos internacionais de direitos humanos (…) O Estado respeitará e garantirá o princípio de não-devolução, além da assistência humanitária e jurídica de emergência.” Em seu Twitter, o chanceler equatoriano escreveu: “A liberdade de expressão agra entre em debate no mais alto nível. Não tememos estar em chapa quente. E enfrentar o necessário”. Talvez o asilo a Julian Assange, caso seja concedido e para além dos pepinos diplomáticos que possam acarretar, venha a calhar ao governo equatoriano. Rafael Correa tem sido sistematicamente acusado pelos grandes jornais do país, pela Sociedade Interamericana de Imprensa e pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos como um cerceador da liberdade de expressão. O presidente nega, e diz combater apenas os abusos, crimes e injúrias cometidos pelos grandes veículos em nome da liberdade de imprensa. Lembra que algumas empresas midiáticas pertencem a grandes banqueiros e que a Constituição aprovada em 2008 proíbe a posse cruzada dos meios de comunicação. Por isso, está lutando para emplacar no Equador uma Ley de Medios que dividirá igualmente o espectro radioelétrico entre poder público (nacional, provincial, cantonal e paroquial), iniciativa privada e organizações comunitárias, populares e movimentos sociais. Eis o xis da questão: quem poderá chamá-lo de inimigo da liberdade de expressão e da livre circulação de ideias se seu governo concede asilo político ao homem que, justamente por escancarar informações confidenciais e relevantes ao mundo, sofre perseguições do Estado supostamente mais democrático da Terra? À conjuntura política do momento, some-se a já amplamente conhecida combatividade de Rafael Correa à história de desrespeito que os Estados Unidos tiveram com a América Latina, seja patrocinando golpes, seja (no caso equatoriano) financiando serviços de inteligência e pagando salários extraoficiais para policiais e militares em troca de segredos estratégicos. Tudo parece se casar perfeitamente, e Kintto Lucas, desautorizado em 2010, comemora as voltas que a vida dá. “Parece piada, mas não é. Na caso de Assange, o tempo continua a me dar razão”, escreveu no Twitter, talvez cedo demais. “Julian Assange, do Wikileaks, manifesta que quer continuar sua missão em um territorio de paz e comprometido con a verdade e a justiça”, prossegue Ricardo Patiño, citando trechos da carta apresentada pelo criador do WikiLeaks ao governo equatoriano. “Estamos dispostos a defender princípios, não interesses mesquinhos. E pior para os culpados de tantos fatos execráveis.” Resta saber se, uma vez exilado no Equador, Julian Assange realmente terá a plena liberdade que a Constituição do país lhe garante. Ou se poderá revelar sem maiores problemas informações verídicas contrárias a Rafael Correa caso existam — e caiam em suas mãos. Nunca é demais lembrar que os Estados não têm amigos: têm interesses. E os interesses mudam como se muda de cueca. – Tadeu Breda é autor do livro “O Equador é Verde — Rafael Correa e os paradigmas do desenvolvimento” (Editora Elefante, 2011) Share (OUtras Palavras)

PT

Lula, Maluf, Erundina e a campanha do PT em São Paulo Por Hamilton Octavio de Souza Os acontecimentos dos últimos dias sacudiram a modorrenta pré-campanha eleitoral de São Paulo, a mais cobiçada metrópole brasileira. Primeiro, porque, impelidos pelo calendário, os postulantes e seus partidos acirraram os assédios e as negociatas, que envolvem, desde já, a distribuição de cargos em governos estaduais e no federal, e também intervenções nos processos eleitorais de inúmeras cidades pelo país afora, até mesmo em capitais de porte como Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre e Fortaleza. "Antes mesmo de qualquer proposta ou programa de gestão, algumas lideranças políticas deram um show variado que foi do fisiologismo explícito – tão ao gosto da modernidade – até a rara demonstração de dignidade" Em segundo lugar, porque, no afogadilho das composições, na somatória do horário eleitoral, na viabilização financeira das campanhas, antes mesmo de qualquer proposta ou programa de gestão, algumas lideranças políticas deram um show variado que foi do fisiologismo explícito – tão ao gosto da modernidade – até a rara demonstração de dignidade, quando os limites do troca-troca bateram na negação da história e na aberração da decência. O episódio que envolveu Lula, Maluf, Erundina e o candidato Fernando Haddad foi apenas o clímax de uma novela que se arrasta no submundo das barganhas. Foi a seqüência de fatos que ganhou amplo destaque na mídia, bem ao gosto do bizarro e do exótico, de um lado, e altamente pedagógico, do outro. Vale Tudo Antes disso, em nome das disputas para a Prefeitura de São Paulo o vale tudo já ganhara uma dimensão nacional, quando candidatos em outras capitais foram simplesmente varridos do mapa para que os acordos de cúpula pudessem garantir prioridade a São Paulo. Com o pensamento fixo em tal objetivo, nem se preocuparam em saber se os eleitores de outras metrópoles não foram privados em seus direitos democráticos na escolha de seus candidatos. O PT de Haddad marcou um belo tento quando anunciou a candidata à vice Luiza Erundina, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), pessoa séria e respeitadíssima nos bairros populares e nos movimentos sociais. Mas nem bem teve tempo para comemorar o ganho político, pois dias depois anunciou nova composição com o Partido Progressista (PP), de Paulo Maluf. Na bacia das almas, o esquema malufista resistiu ao assédio do tucanato Serra-Alckmin (PSDB), que oferecia cargos no governo paulista, e bateu o martelo pela aliança com o PT, em troca de assento no governo federal. 'Normalidade' Tudo isso teria sido assimilado pela sociedade (leia-se lideranças políticas, partidos, militância etc.) como sendo algo “normal” "Ao cair fora da chapa para a Prefeitura de São Paulo, Erundina direcionou todos os holofotes sobre o nível ético do comportamento de algumas lideranças" no quadro político brasileiro, se a deputada federal Luiza Erundina não tivesse imediatamente chutado o balde – em alto e bom som. Ao cair fora da chapa para a Prefeitura de São Paulo, Erundina direcionou todos os holofotes sobre o nível ético do comportamento de algumas lideranças importantes, que, desprovidas de propostas e programas, insistem em “normalizar” o vale-tudo no jogo político. No caso, o abraço de Lula e do PT encontraram pela frente não apenas o grande expoente da corrupção no Brasil, aquele que coleciona processos judiciais desde 1970, que é procurado internacionalmente pela Interpol, mas, também, a figura leal e atuante no regime dos militares, quando foi prefeito de São Paulo, secretário estadual e governador. Abraçar Maluf e o PP não tem só o simbolismo de uma fotografia, ou de um vídeo; tem também o sentido mais profundo de confraternizar com o que sobrou de mais maléfico da Arena, do PDS e da própria Ditadura Militar. Luiz Erundina foi aplaudida quando aceitou fazer parte da chapa de Haddad, e foi mais aplaudida quando saiu da chapa – depois que Lula e o PT optaram por Maluf. Uma lição de dignidade tem sempre valor por realimentar a esperança. Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor da Pontifícia Universidade Católica, em São Paulo (C. Amigos)

terça-feira, 26 de junho de 2012

EUA e Israel

A hipocrisia diplomática que une Washington e Tel Aviv Hipocrisia diplomática do Ocidente: milhares de palestinos já foram mortos e outras milhares de casas foram demolidas pelas forças israelenses, mas Israel, protegido pelos EUA, jamais sofreu sanções da ONU O Ocidente, ou melhor os EUA e seus fiéis caninos aliados, pressiona Irã por causa de seu projeto de beneficiamento nuclear. Teerã afirma que seu uso é para fins de geração de energia. EUA e Israel duvidam. O Conselho de Segurança da ONU, cartório dos EUA nas nações unidas, deve endurecer e aprovar novas sanções contra o Irã, tensionando ainda mais o cenário para favorecer o estopim de uma ação militar. O Ocidente também tem pressionado a Síria, devido aos recentes conflitos, mas esquecido dos ataques cruéis que Israel, há décadas, promove contra a Palestina. Esquecem das colônias judaicas em território ocupado e a restrição de direitos do povo palestino. Os EUA se calam sobre este massacre, lento e constante. O Conselho de Segurança não aprova qualquer medida drástica contra o governo de Tel Aviv. Washington se coloca em um pedestal de defensores da liberdade e da democracia do planeta, construído por maciça propaganda de Estado, mas ignora fatos que não estejam em rota de colisão com seus interesses, como os golpes de estado no Paraguai e em Honduras. Na entrevista que se segue a este comentário, Hans Blix, diplomata sueco e ex-diretor da agência atômica das Nações Unidas, afirma: "Ninguém poderia dizer que o Irã tem realizado um ataque armado contra uma ou outra nação. Nem mesmo Israel ou os EUA(...) É como alguém que fuma um charuto reclamar de quem fuma um cigarro [ sobre a hipocrisia das potências nucleares]". Hans Blix: “Ataque contra o Irã pode desencadear uma guerra”, diz ex-chefe da agência nuclear da ONU As seis potências mundiais (EUA, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) retomaram em abril as negociações com o Irã para fiscalizar e controlar o programa nuclear do país. No entanto, após novo encontro nesta semana, as seis nações não conseguiram convencer o país persa a abrir suas portas para os observadores internacionais, aumentando ainda mais a instabilidade na região, em meio a uma guerra de ameaças entre iranianos e israelenses. Ainda que as negociações e as sanções econômicas sejam as estratégias mais usadas pela comunidade internacional contra Teerã, autoridades de EUA e Israel já citaram diversas vezes que um ataque preventivo contra o Irã continua sendo uma alternativa sobre a mesa. As ameaças vindas de Washington e Jerusalém seguem o mesmo tom do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que já considerou diversas vezes a possibilidade de varrer o Estado judaico do mapa. Em meio a essa guerra silenciosa — marcada por atentatos contra diplomatas israelenses, de um lado, e assassinatos de cientistas iranianos, de outro — um ataque contra Teerã provavelmente envolveria grande parte dos países da região. — Um ataque contra o Irã seria um desastre, ilegal, e poderia desencadear uma guerra no Oriente Médio. A opinião é do diplomata sueco Hans Blix, que há mais de 30 anos luta contra a proliferação de armas nucleares no mundo. Ex-diretor da agência atômica das Nações Unidas, Blix foi o chefe dos inspetores da ONU no Iraque, em 2002 e 2002, antes da invasão norte-americana ao país. — Se Israel bombardeasse o Irã, seria terrível. Principalmente porque seria um retrocesso e uma violação ao estatuto das Nações Unidas, que permitiria ataques se fosse um caso de autodefesa. Em entrevista ao R7, em Estocolmo, Blix adverte que “a única maneira de (EUA ou Israel) agirem legalmente seria por meio de uma permissão do Conselho de Segurança”. No entanto, diz ele, não há nada que justifique uma ação como essa. — Ninguém poderia dizer que o Irã tem realizado um ataque armado contra uma ou outra nação. Nem mesmo Israel ou os EUA. (…) E não há como o Conselho de Segurança autorizar um ataque contra o Irã. Mesmo que o caso vá para a Assembleia Geral em busca de autorização, irá falhar. Senhores das armas Dentre os seis países que participam das negociações com o Irã, cinco deles são potências que já possuem arsenal de bombas atômicas. Não por acaso, são esses os países que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU como membros permanentes: EUA, China, Rússia, Grã-Bretanha e França. A Alemanha é a única nação não nuclearizada entre as seis. Ao R7, Blix afirma que são esses países que devem liderar o desarmamento nuclear em todo o mundo, em especial os EUA e a Rússia, as maiores potências, antes de cobrar uma postura do Irã. — É como alguém que fuma um charuto reclamar de quem fuma um cigarro. Esses cinco países são signatários do TNP (Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares). Assinado em 1968, o acordo prevê o controle dos programas nucleares para garantir uso pacífico da energia atômica e o desarmamento dos países que já desenvolveram esse tipo de arsenal militar. Quando o documento foi assinado, esses cinco países já tinham desenvolvido armas nucleares, mas até hoje ainda não cumpriram sua parte no TNP. Como signatário do TNP, o Irã também sofre acusações de romper o tratado desde que um relatório da agência atômica da ONU apontou indícios de que o país estaria fabricando uma bomba atômica. O que as seis potências pedem é que Teerã interrompa o enriquecimento de urânio para seus reatores, já que isso poderia levar ao desenvolvimento de armamento nuclear. Provocações O que torna as conversas com o Irã mais quentes, explica Blix, é a forte presença norte-americana na região. — Os EUA têm enviado porta-aviões para o Golfo, e o tom de Israel também tem sido muito contundentes. Já com a Coreia do Norte, apesar dos recentes testes nucleares e exercícios militares, o tratamento é diferente. — A Coreia do Norte tem provocado muito, realizando ação militar. Ainda assim, o outro lado não tem respondido com meios militares. Isso é inteligente porque, se existe na Coreia do Norte o medo de que os EUA vão invadir ou atacá-los, é bom que os americanos não façam ameaças para fortalecer esse medo. Segundo o especialista em armamento nuclear, a situação na região ainda é “muito quente, mesmo que tenham ocorrido alguns avanços”. Mas apesar da proximidade entre as tropas dos EUA e o Irã, Blix parece otimista quanto ao desfecho de ambos os casos. — O que me dá esperança nos dois casos, tanto na Coreia do Norte como no Irã, é que eu não vejo nenhum dos dois exatamente ameaçados por alguém, na questão da segurança. R7 (Palavras Diversas)

Rio-20

io+20: apenas uma farsa publicitária Imprimir E-mail Sexta, 22 de Junho de 2012 A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, popularizada como Rio+20, e a exemplo de outras recentes cúpulas de viés ambientalista, não passa de uma forma de colonialismo. Os países ricos, enquanto poluem o meio ambiente, destroem impiedosamente as florestas e causam a extinção de espécies animais, organizaram a reunião com a finalidade precípua de pressionar os países pobres para que estes se abstenham de utilizar os recursos naturais de seus territórios, a fim de proporcionar um padrão de consumo minimamente satisfatório às suas populações. Muito aplaudido, o presidente boliviano Evo Morales, citando a sabedoria de Fidel Castro, declarou que “no sistema capitalista, não há como defender a natureza, pois, nesse regime, o objetivo principal da atividade econômica é o lucro, e a defesa da natureza implica necessariamente restrições ao lucro”. Com efeito, somente numa sociedade em que o objetivo seja o bem estar de todos torna-se possível adotar um padrão de consumo ajustado à preservação da natureza, pois, somente neste tipo de sociedade, existem condições objetivas para que se forme uma cultura de respeito à natureza. Várias centenas de pessoas, impedidas de entrar no recinto da conferência, protestaram. Fizeram muito bem. Numa reunião esvaziada pela ausência dos chefes de Estado das nações mais desenvolvidas, o que se viu foi uma sucessão de discursos desconexos e contraditórios, que não significaram compromisso efetivo de preservação, por parte dos governos participantes. Aliás, nem sequer uma declaração conjunta foi possível, sem esvaziá-la de qualquer conteúdo prático. O único mérito dessa farsa publicitária foi ter possibilitado que o discurso de Evo Morales fosse amplamente divulgado em todo o mundo. Para ajudar o Correio da Cidadania e a construção da mídia independente, você pode contribuir clicando abaixo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Paraguai

Paraguai: o golpe e o dedo de Washington By admin – 22/06/2012Posted in: América Latina, Capa, Mundo Asunción: multidão pede, diante do Congresso, que presidente resista ao golpe Por que destituição do presidente Lugo é inconstitucional. Como reage América do Sul. Quais os sinais de envolvimento dos EUA Por Mark Weisbrot | Tradução: Antonio Martins – Atualização: No final da tarde desta sexta, o Senado do Paraguai, dominado por partidos conservadores, decretou o afastamento do presidente eleito, Fernando Lugo. Mas o futuro do país é incerto. No plano interno, é provável que haja resistência ao ato, visto por boa parte da sociedade como um golpe. Uma multidão permanece diante do Legislativo, e passou a pedir a dissolução do próprio Congresso, por considerá-lo ilegítimo. Na cena internacional, a União das Nações Sul-Americanas também acaba de emitir em que frisa “sua total solidariedade ao povo paraguaio e o respaldo ao Presidente constitucional Fernando Lugo.” Em meio aos acontecimentos, um aspecto permanece incerto: o papel dos Estados Unidos. Com quem os golpistas poderiam contar, se enfrentam oposição interna e dos governos da região? No texto abaixo, o jornalista e cientista político Mark Weisbrot sugere: Washington pode estar dando respaldo aos golpistas. Colaborador do “The Guardian”, Weisbrot é também co-diretor do Centro para Pesquisa Econômica e Política, baseado na capital norte-americana (A.M.) – Asunción, tarde de 22/6: Diante do Congresso, soldados apontam para os manifestantes Um golpe de estado está sendo perpetrado neste exato momento, sexta-feira à noite, no Paraguai. É esta a visão de diversos governos vizinhos. E a União das Nações Sulamericanas (Unasul) está tratando os acontecimentos desta maneira, além de levá-los muito a sério. Todos os doze ministros de Relações Exteriores (inclusive os do Brasil e da Argentina, que estão profundamente preocupados) voaram para Assunção na quinta-feira à noite, para manter contatos com o governo, e também com a oposição, no Legislativo. O Congresso do Paraguai tenta afastar o presidente, Fernando Lugo, por meio de um procedimento de impeachment em que lhe foram dadas menos 24 horas para preparar sua defesa, e apenas duas para apresentá-la. Tudo indica que uma decisão para condená-lo já foi escrita, e será apresentada nesta noite (22/6). Seria impossível chamar este trâmite de “devido processo”, em qualquer circunstância, mas é também uma clara violação do Artigo 17 da Constituição paraguaia, que assegura o direito a defesa adequada. O sentido político da tentativa de golpe também está suficientemente claro. O Paraguai foi controlado, durante 61 anos, pelo Partido Colorado, de direita. Na maior parte deste tempo (1947-1989), o país esteve sob ditadura. O presidente Lugo, um ex-bispo ligado à Teologia da Libertação e às lutas dos pobres, foi eleito em 2008, mas não conseguiu apoio da maioria do Congresso. Ele articulou uma coalizão de governo, mas a direita – incluindo a mídia – nunca aceitou de fato sua presidência. Conheci Fernando Lugo no início de 2009. Impressionaram-me sua paciência e estratégia de longo prazo. Ele dizia que, dada a força das instituições alinhadas contra seu governo, não esperava ganhar tudo no presente; estava lutandopara que a nova geração pudesse ter uma vida melhor. Mas a oposição sempre foi implacável. Em novembro de 2009, Lugo teve de demitir os principais comandantes militares, devido a relatos firmes de que conspiravam com a oposição. O impeachment foi desencadeado por um conflito armado entre camponeses que lutavam por terra e a polícia, quando morreram ao menos 17 pessoas, inclusive sete oficiais de polícia. Segundo os sem-terra, a área em disputa havia sido obtida ilegalmente por um político do Partido Colorado. Mas o confronto violento é apenas um pretexto: está claro que o presidente não teve responsabilidade alguma pelo ocorrido. Os oponentes de Lugo sequer apresentaram alguma evidência para as acusações no “julgamento” de hoje. O presiente propôs uma investigação sobre o incidente; a oposição não se mostrou interessada, preferindo partir para um procedimento judicial fraudulento. A eleição de Lugo foi uma das muitas na América do Sul (Argentina, Brasil, Venezuela, Bolívia, Equador, Uruguai, Peru, Honduras, Nicarágua, El Salvador) em que as sociedades escolheram governos de esquerda e mudaram a geografia política do hemisfério, nos últimos 14 anos. Com a mudança, veio uma crescente unidade política em temas regionais – especialmente na resistência aos Estados Unidos, que antes tinham sucesso, ao evitar o surgimento de governos de esquerda. Por isso, não é surpreendente a resposta urgente e imediata dos países sul-americanos a esta tentativa de golpe, vista por eles como uma ameaça à democracia. O secretário-geral da Unasul, Ali Rodriguez, insistiu que Lugo deve ter direito ao “devido processo” e ao direito de se defender. O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que a Unasul poderia recusar-se a reconhecer o governo pós-golpe – em cumprimento a uma das cláusulas de sua Carta. Asunción, tarde-noite de 22/6: população defende democracia diante do Congresso Correa foi um dos mais duros oponentes ao golpe de Estado em Honduras, que afastou há três anos o presidente Manuel Zelaya. Honduras continua a sofrer violência extrema, incluindo assassinato de jornalistas e políticos opositores, sob o regime estabelecido em seguida ao golpe. O afastamento de Zelaya foi um ponto de mudança nas relações entre os Estados Unidos e a América Latina. Governos como os do Brasil e Argentina, antes esperançosos de que o presidente Obama abandonasse as políticas de seu antecessor, desapontaram-se. Washington fez declarações conflitantes sobre o golpe e em certo ponto – em oposição ao resto do hemisfério – fez todo o possível para assegurar-se de que o golpe teria sucesso. Isso incluiu bloquear, no interior da Organização dos Estados Americanos (OEA) os esforços das nações sulamericanas para restaurar a democracia. No último Encontro das Américas Obama ficou – em contraste com o que ocorrera em 2009 – tão isolado quanto seu antecessor, George W. Bush. O governo Obama respondeu à crise atual no Paraguai com uma declaração em apoio ao devido processo. Talvez tenha aprendido algo de Honduras e não se oponha ativamente aos esforços da América do Sul para defender a democracia. Certamente, os países da região não permitirão que Washington controle o processo de mediação, se houver um – como fez Hillary Clinton com a OEA, em Honduras. Mas Washington pode desempenhar seu papel tradicional, assegurando à oposição que o novo governo terá apoio, inclusive financeiro e militar, dos EUA. Vermos nos próximos dias. Resta saber o quê mais a Unasul fará para se opor ao golpe de direita no Paraguai. É certamente compreensível que a organização o enxergue como uma ameça à democracia e à estabilidade na região. Share (Outras Palavras)

Pensamentando II

Sob o signo da ambigüidade (ainda Bye Bye Brazil) Imprimir E-mail Escrito por Cassiano Terra Rodrigues Segunda, 11 de Junho de 2012 O Brazil não conhece o Brasil O Brasil nunca foi ao Brazil ... ... O Brazil tá matando o Brasil ... ... Do Brasil, S.O.S. ao Brasil... Querellas do Brasil (Aldir Blanc/Maurício Tapajós) O slogan da moda, no idioma da moda: “Think Global – Act Local”, ou seja, “Pense Global – Aja Local”. Alguém sabe o que significa “pensar global”? As maneiras como podemos, por meio das nossas especificidades locais, orientar nossa ação global (e pensar é algo que realizamos, uma forma de agir), ainda estão indefinidas. Em tempos de ascensão do individualismo consumista, Bye Bye Brasil (dir. Carlos Diegues, Brasil, 1979) pode nos dar muito a pensar. Pois Bye Bye Brasil é um filme de um país que está deixando de ser o que por muito tempo foi para se tornar não se sabe o quê. Antes de falar do filme, passemos a algumas superficiais e necessárias considerações sobre o cinema nacional da segunda metade do século XX. alt No pós-guerra da década de 1950, a indústria cinematográfica de Hollywood torna-se epicentro da irradiação de imagens cine-fotográficas, exportando seus filmes para o mundo todo e, por conseguinte, seus valores. Assim, ao menos duas “tarefas” são assumidas por diversos realizadores cinematográficos fora dos EUA: desnaturalizar o olhar, no sentido de desamericanizar, de questionar a naturalidade com que eram difundidas e recebidas as imagens produzidas à lá Hollywood; e documentar as mudanças sociais pelas quais o mundo passava após a Segunda Guerra Mundial. É nesse contexto que surge o Cinema Novo brasileiro, como uma resposta nacional à invasão de imagens produzidas de uma única perspectiva industrial, ideológica e estética. No Cinema Novo brasileiro, essas tarefas acabaram por resultar em uma nova apresentação do homem brasileiro em relação com sua terra: o choque cultural, o estranhamento do outro, do novo, do inusitado, o racismo e a miscigenação, a pobreza e a desigualdade social e econômica apareceram nas telas de cinema como nunca antes. Paulo Emílio Salles Gomes, em seu Cinema: Trajetória no subdesenvolvimento, chegou a afirmar que só no Cinema Novo o povo brasileiro se descobriu a si mesmo – isto é, só as imagens do cinema novo nos mostraram, finalmente, uma ótica definitivamente não-estrangeirizada. A herança deixada pelo Cinema Novo vê-se claramente nas personagens dos filmes feitos no Brasil depois das décadas de 1950 e 1960: elas colocam em questão a identidade cultural do país porque, ao constituírem-se na cultura e serem de fato protagonistas da História, têm consciência das transformações e mudanças por meio de seus próprios conflitos. Em Bye Bye Brasil, o encontro com o outro é o encontro consigo mesmo. Esse encontro, porém, é o mesmo que um desencontro: o Brasil não se reconhece como sociedade rica em diversidade cultural sobre bases igualitárias – o Brasil se desencontra de si mesmo por causa das transformações culturais, o que só faz aumentar a consciência da desigualdade e da separação, evidenciando a força descomunal das bases sobre as quais se deu a ocupação colonial do território. É assim que Bye Bye Brasil distancia-se do Cinema Novo. Na verdade, o filme oscila o tempo todo, propositalmente ambíguo, entre o compromisso social e histórico cinema-novista e as novas possibilidades inda incertas de sua própria época (a indefinição sempre caracterizou épocas de transição). Há muito sarcasmo no filme: vejam as cenas em que as pessoas assistem à Globo e à novela Dancin’ Days. Nelas, a TV é como um signo da massificação cultural pautada em valores estrangeiros e consumistas, consumidos acriticamente. Ou então a jocosidade com a estética disco – o conjunto musical no puteiro de Belém não é um Armorial, não é um catimbó, não é tropicalista, não é mangue-beat, é um conjunto que toca música disco e a trilha sonora do filme Grease – Nos tempos da brilhantina! (Parte da seqüência pode ser vista aqui: http://www.youtube.com/watch?v=q3N9cDSHGEc). E também certo anacronismo deliberado da representação de uma caravana mambembe, típica das décadas de 1940 e 1950, no fim dos anos de 1970, da ditadura militar – anacronismo evidenciado pelo encontro entre Lorde Cigano (José Wilker) e Zé da Luz (Joffre Soares), ao som e imagens de O Ébrio, com Vicente Celestino. Alegoria do encontro do Brasil consigo mesmo, essa seqüência mostra uma mudança de postura diante de si mesmo: Lorde Cigano e Zé da Luz cumprimentam-se de cócoras, meio por acaso, meio por destino, meio por obrigação, meio por desajeito; após uma conversa bastante desoladora, a distância que os aproxima se evidencia. alt “Eu vi um Brasil na TV” A trilha sonora também reflete esse assimétrico sincretismo cultural. Assim, Salomé (Betty Faria) aparece como símbolo de sexualidade ao som da orquestra de Xavier Cougat, como a marcar o estereótipo do sangue e da sensualidade latinos. Em outras cenas, Bing Crosby e Frank Sinatra parecem cantar o anseio de ser primeiro mundo típico do provincianismo da colônia. O forró, em contraponto, aparece como marca da autenticidade popular, ligado a Ciço (Fábio Jr.) e Dasdô (Zaira Zambelli) – e, claro, à canção de Chico Buarque e Roberto Menescal, realçando (in)certa sensualidade latino-brasileira e assinalando, por letra e arranjo, a dramaticidade final, trilha sonora ideal para a longa estrada sem fim definido ainda a percorrer. O movimento da Caravana Rolidei, do litoral ao interior, inflecte o fluxo migratório tradicional brasileiro (do Norte e do Nordeste ao Sul e Sudeste, sempre mais para perto do litoral). É a “modernização” do Norte e do Nordeste nas telas: desde o Império, Norte e Nordeste são as regiões economicamente mais atrasadas do país. Não admira que, ali, a penetração social da TV encontre condições especiais para difundir o Espetáculo. E na ação do filme, fora da novela, mesmo os atores protagonistas são urbanos e “Globais”: brancos, urbanizados, aburguesados, num Brasil que aparece como cenário – decadente ou grandioso, sertão ou floresta –, os protagonistas montam um teatrinho mambembe que já não convence muita gente – o Brasil não é mais uma vivência, como era para o Cinema Novo; não é uma civilização, mas uma representação idealizada, um simulacro, ilusão e mentira (como nesta seqüência: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=IjwzDYnZaWc). Logo mais, esse encontro se dará de maneira menos lúdica e mais desajustada: Lorde Cigano não quer, mas é confundido com um “santo”, um profeta, o portador da palavra de esperança, ele que é só blague e piada. Pensemos então na natureza do espetáculo. Em A Sociedade do Espetáculo, Guy Debord definia o espetáculo não como um conjunto de imagens, mas como uma relação social entre pessoas mediada por imagens: é uma visão de mundo objetivada. “Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação”. Uma visão de mundo para justificar a desigualdade e a “separação” próprias da sociedade de consumo: “O espetáculo constitui o modelo atual da vida dominante na sociedade. É a afirmação onipresente da escolha já feita na produção, e o consenso que decorre dessa escolha”. Em 1967, no contexto da polarização da Guerra Fria, Debord distinguia o espetáculo concentrado, próprio de regimes ditatoriais e totalitários, do difuso, característico da “americanização” do mundo e sua imaginária liberdade das escolhas de consumo. Quase vinte anos depois (mais ou menos a mesma época do filme, portanto), nos Comentários de 1984, Debord reconhece o que se tornou obsoleto: o alastramento em escala global da “americanização” do mundo produz o espetacular integrado, não só difuso, não só concentrado. Combinando as duas formas, a integração esconde o centro diretor do espetáculo, ao mesmo tempo em que todos os comportamentos e objetos produzidos socialmente passam a ser influenciados pela sua lógica. O espetáculo não mais “paira acima da sociedade real”, mas confunde-se com a realidade. A própria realidade é “irradiada” pelo espetáculo, e não o contrário: “o devir-mundo da falsificação é também o devir-falsificação do mundo” e nada mais fica de fora, tudo foi “transformado e poluído” segundo os interesses e meios da indústria moderna, até mesmo a genética se tornou marca, produto, imagem. Toda vida, enfim, é produzida espetacularmente. alt Essa é a situação que os protagonistas de Bye Bye Brasil enfrentam: seu pequeno teatro mambembe não consegue enfrentar a irradiação de imagens tecnológicas espetaculares – a relação direta entre artista e público não é mais possível, há que ser mediada pelas imagens da TV; não há mais lugar para o aleatório, para o espontâneo e o improvisado. Pensemos nos programas de auditório, em Chacrinha, Silvio Santos, ou mesmo Regina Casé, e não teremos tanta dificuldade em compreender como a TV se apodera e domina o mambembe, integrando-o ao espetáculo. A própria modernização da Caravana Rolidey (agora com “ipsilone”: http://www.youtube.com/watch?v=iOVd6PeQClk – a cena está editada no YouTube, atenção à dedicatória final, sobre a qual falaremos adiante) pode ser vista como uma alusão à modernização dos trios elétricos baianos, de populares a segregacionistas, com suas cordas infames. É como se a mudança do país após tantos anos de ditadura militar impossibilitasse qualquer reconciliação idílica ou apaziguadora entre o antes e o depois, entre um agora ao qual falta futuro definido e o passado que se recusa a desaparecer por completo. Essa mudança de postura é análoga à transformação operada pela TV na relação da população brasileira com as imagens que, agora, passam (A) constituir sua própria memória cultural. A declaração de Cacá Diegues mostra sua consciência desse processo: “mais que nunca, defendo um cinema radical de ação e emoção, musical e tenso, temporal, que tenha paixão pelo seu instrumento (o filme) e não o use como pretexto envergonhado para falar de outras coisas. Um espetáculo audiovisual de alta ficção que não tema o seu espelho – a realidade”. (Outro interessante depoimento de Carlos Diegues, na época do filme, pode ser visto aqui: http://www.carlosdiegues.com.br/osfilmes_trailer.asp?idF=9 – “Bye Bye Brasil é sobretudo um filme sobre as coisas que estão nascendo e as coisas que estão acabando no Brasil”. Note-se que o próprio Diegues repete o mito da Amazônia como “grande esperança” do Brasil). E qual a realidade no filme? A reflexão de Paulo Emílio Salles Gomes nos enriquece aqui. Usando com proposital vagueza dialética certos conceitos que ele mesmo inventa, Paulo Emílio usa superversão em vez do batido subversão, cinema subdesenvolvido, e o par ocupante-ocupado. “Em cinema”, afirma Paulo Emílio, “o subdesenvolvimento é um estado” – isto é, uma condição nossa. Assumir essa condição significa efetuar uma superversão, e não uma subversão, palavra “tacanha e em última análise ingênua” – não se trata de subverter códigos, de virar de cabeça para baixo os tipos idéias das imagens importadas, mas de criar imagens nossas, de nosso estado subdesenvolvido. A recusa do modelo estrangeiro de pensar cinematograficamente é um imperativo: temos de nos libertar da colonização cultural. Mas nada é simples e direto. O par conceitual ocupante-ocupado remete ao processo de ocupação territorial brasileiro, indicando uma de suas características mais fortes: no processo civilizatório brasileiro, os ocupados tendem ou almejam a se dissociar de sua situação de classe ocupada para tentar assumir a ótica do ocupante (e vice-versa: os ocupantes não querem parecer ocupantes e mantêm relações ambíguas de atração e repulsa com as expressões dos ocupados), num processo essencialmente contraditório, herdeiro da antropofagia modernista: “não somos europeus nem americanos do norte, mas destituídos de cultura original, nada nos é estrangeiro pois tudo o é. A penosa construção de nós mesmos se desenvolve na dialética rarefeita entre não ser e ser outro”. Antes da chegada dos europeus, já havia muitos povos e muitas culturas no território brasileiro; nossa formação cultural foi de tal maneira influenciada por esses povos e culturas que não nos reconhecemos como peculiarmente “ocidentais” – de fato, não o somos. No entanto, todos entraram no jogo do colonizador – somos todos ocupantes e ocupados ao mesmo tempo. Uma seqüência de Bye Bye Brasil: quando aparecem os índios, terminam como mão-de-obra mais barata para trabalhar no projeto Jari (o que restou dos índios: “quando enchiam o saco, jogavam uma banana de dinamite em cima dos índios. Depois que fizeram a estrada, lá virou lugar de branco”, diz o caminhoneiro a Lorde Cigano. Esta conversa pode ser vista aqui: http://www.youtube.com/watch?v=GSRvlh727iI). Outra: o mulato (negro? afro-brasileiro?) que explora os índios é também explorado pelo capital internacional. Ou então: o “negócio grosso” do minério ilegal é proposto a Lorde Cigano por um cafuzo (mameluco? Cabra?). Todos somos e não somos. Ocupantes e ocupados. Subvertidos em busca de superversão. Ainda que não queiramos, estamos pendendo do Ocidente para criar nossa cultura. alt Citação de Paulo Emílio: “Dar as costas ao cinema brasileiro é uma forma de cansaço diante da problemática do ocupado e indica um dos caminhos de reinstalação da ótica do ocupante. A esterilidade do conforto intelectual e artístico que o filme estrangeiro prodiga faz da parcela de público que nos interessa uma aristocracia do nada, uma entidade em suma muita mais subdesenvolvida do que o cinema brasileiro que desertou. Não há nada a fazer a não ser constatar. Este setor de espectadores nunca encontrará em seu corpo músculos para sair da passividade, assim como o cinema brasileiro não possui a força própria para escapar ao subdesenvolvimento. Ambos dependem da reanimação sem milagre da vida brasileira e se reencontrarão no processo cultural que daí nascerá” (p. 111). No final, depois dos letreiros e da canção de Chico Buarque e Roberto Menescal tocada inteira, o filme é dedicado ao povo brasileiro do século XXI, que nada mais faz do que combinar universais abstratos: povo? Século XXI? Quem é o povo? O que é para nós o século XXI? Bye Bye Brasil, diferente do Cinema Novo, não pretende ser um “espelho do povo” (para usar as palavras de Raquel Gerber): é mais a documentação de uma transição, de uma indefinição nacional, o que o próprio Cacá Diegues confirma, em Filmando Bye Bye Brasil (incluído no DVD). Podemos, então, perguntar: e se o filme for o espelho do povo do século XXI, o que significará isso? Qual o povo que está começando a surgir no filme? Se lembrarmos, além das personagens principais, o comerciante de minério em Belém – ocupado que assume a ótica e a postura do ocupante; o caminhoneiro que reproduz o discurso da Amazônia Eldorada; o jovem escritor do interior do Nordeste, escrevendo sagas épicas afetadas, parnasianamente romantizado e sem um tostão no bolso; as pessoas na praça como se hipnotizadas assistindo Dancin’ Days – conformismo, alienação cultural, desinformação, oportunismo – uma vida que anseia pela satisfação individual, mas que não encontra contentamento coletivo – ao se deparar consigo mesma, põe-se de cócoras, cumprimenta por obrigação, foge, derrotada por si mesma, para não se sabe onde – como Andorinha. Bastante diferente das esperanças do neo-realismo italiano ou do Cinema Novo, Bye Bye Brasil parece afirmar que não há integração no espetáculo mambembe, só no espetáculo integrado total, em forma de alienação e passividade diante da TV pública que transmite imagens produzidas pela iniciativa privada. Mas nem tudo é pessimismo no filme. Ao atentarmos para as personagens de Ciço e Dasdô, vemos algo de positivo: de dentro do processo cultural brasileiro, a possibilidade de utilizar códigos, linguagens e signos sem necessariamente assumir a ótica do ocupante – o que fazem, de certa forma, Lorde Cigano e Salomé. Ciço e Dasdô, assim, acabam embaralhando as distinções, cruzando distâncias e emaranhando fronteiras entre o si-mesmo e outro. Ciço e Dasdô apropriam-se da mediação pela imagem televisiva, que não é mais imposta de fora – eles transmitem suas imagens para nós na platéia –, e usam-na conscientemente, como se o filme nos alertasse que, a despeito do ocupante, a cultura do ocupado segue seu processo. alt Ciço e Dasdô tornam-se os outros de si mesmos – seriam Lorde Cigano e Salomé capazes de fazer isso? Um questionamento decisivo nos é apresentado ao fim do filme: quais as novas possibilidades criativas para o Brasil? O quanto estamos dispostos a encarar as contradições do país? Devolvidos à realidade social e ao processo cultural ao qual pertencemos, até mesmo pelas mais medíocres mediações, conseguiremos nos olhar frente a frente? Até quando nos postaremos de cócoras? Estamos e não estamos. Somos e não somos. Em tempos de euforia “ocupa-acampa”, vale lembrar – ainda somos todos e nenhuns: ocupantes e ocupados. Evoé Paulo Emílio! Cordiais saudações. * * * BIBLIOTECA FANTÁSTICA: A biblioteca municipal “Viriato Corrêa”, na Vila Mariana, tem uma sala especial de cinema, “com 101 lugares, projeção eletrônica e som 5.1”, batizada de Sala Luiz Sérgio Person. Atualmente, até 1º de julho, acontece ali a mostra “A escola vai ao cinema”. Mais informações: BLOG: Este que vos escreve rendeu-se novamente e virou blogueiro: http://horizontesafins.wordpress.com/ - por enquanto, os artigos aqui publicados serão republicados aos poucos no blog. Com tempo, também outras coisas. Cassiano Terra Rodrigues é professor de Filosofia na PUC-SP e partilha da opinião do poeta Leminski: os brasileiros precisam descobrir o Brasil antes que os estrangeiros o façam de novo. Última atualização em Segunda, 11 de Junho de 2012 Para ajudar o Correio da Cidadania e a construção da mídia independente, você pode contribuir clicando abaixo.

Pensamentando

5 teorias que o vão deixar feliz em Top 5 por Sofia Pires Lopes em 11 de jun de 2012 às 23:42 Nem todas as teorias são conspiratórias – há algumas que podem ajudar-nos a ver a vida de outra forma. Não acredita? Conheça 5 teorias que vão convencê-lo de que até as mais pequenas coisas o podem deixar feliz: mexericos, quedas aparatosas, universos paralelos, gatos e até plataformas vibratórias. Qual delas é a sua preferida? Vá lá, conte uma cusquice! Quando coscuvilhamos há uma parte de nós que nos diz para irmos em frente e partilhar o conhecimento; outra que se auto-repreende e pergunta como fomos capazes de nos intrometer na vida alheia. Mas e se lhe dissermos que a bisbilhotice tem benefícios sociais e psicológicos comprovados? Nesta teoria, os mexericos são vistos como benfeitores sociais, já que os comportamentos menos próprios serão veiculados em forma de cusquice, fazendo com que os protagonistas reflitam acerca das acções criticadas e se retratem, evitando a exclusão social. Claro está que a teoria só trata de um certo tipo de mexericos (não entram aqui as coscuvilhices acerca das horas a que a sua vizinha do lado chegou ontem à noite). Por outro lado, diz-se que o acto de partilhar informação sobre terceiros alivia o stress de quem conta. Partilhar uma situação injusta ao seu melhor amigo ou mesmo uma má experiência num fórum online é uma excelente forma de ser ouvido e até de ser ajudado por quem o lê. teoria_mexericos.jpg Schadenfreude. Quer que repita? Se disser Benny Hill, de que se lembra? Pessoas a cair, trambolhões fenomenais e outras cenas de humor físico, espero. Talvez até se lembre de uma queda de alguém próximo que também o fez soltar uma risada. Se se censura por isso, há boas notícias – o riso provocado por uma dessas situações é natural e não deve ser reprimido. É um mecanismo de auto-afirmação, uma forma instantânea de aumentar o ego de quem ri (infelizmente, não o de quem cai). Mas atenção: quem ri mais é quem tem a confiança mais em baixo. Dependendo da situação, pode até mostrar que a pessoa se sente inferior, que cobiça algo ou que se sente ameaçada. A teoria do Schadenfreude está a ser estudada pela Universidade de Nijmegen, na Holanda, e pretende entender este comportamento e de que forma poderemos tornar-nos mais confiantes. benny_hill.jpg Teoria dos Muitos Mundos. Muitos? Muitos. Mais uma vez, perdeu-se no caminho para um evento, com a "preciosa" ajuda do seu GPS. No próximo entroncamento vira à direita ou à esquerda? Se virar à esquerda, não se preocupe – a Teoria dos Muitos Mundos afirma que, num outro mundo, virou à direita. O que quer dizer que, pelo menos num dos mundos, terá acertado no caminho correcto. A teoria, formulada por Hugh Everett, explica que estas decisões causam uma quebra no universo, que se desdobra sempre que temos pela frente uma decisão. Por outras palavras: quer tome a decisão de virar à direita, à esquerda, ou de não virar e esperar que o venham buscar, há um universo em que optou por cada uma dessas escolhas. Um outro exemplo: se já esteve em perigo de vida, imagine que, noutro universo, o final não foi o “e foram felizes para sempre”. A coisa complica mais ainda quando souber que, só de pensar em fazer algo, faz com que esse pensamento se concretize num universo paralelo – o que dá uma certa piada a esta teoria. Uma experiência chamada de "suicídio quântico", efectuada nos anos ’90, veio afirmar que esta teoria é possível, o que chamou a atenção de físicos e matemáticos que a estudam com afinco. universo_paralelo_Mark_Erina.jpg Podemos estar a viver no passado Convenhamos que esta teoria ainda é mais estranha que a anterior: o que conhecemos como presente é, na verdade, um passado muito recente. São 80 milésimos de segundo de diferença. Não parece quase nada, mas neurocientistas dizem que é tempo de sobra para mudar a nossa perspectiva entre causa e efeito. Numa das experiências efectuadas, pediu-se a voluntários que carregassem num botão que faria uma luz acender com um pequeno atraso. Depois de carregarem algumas vezes, os voluntários começaram a ver a luz mal carregavam no botão. De seguida, retirou-se o atraso e os voluntários passaram a ver a luz antes ainda de carregarem no botão, ou seja, viam primeiro a consequência e a acção de seguida: o cérebro reconstruiu os eventos. Uma ajuda preciosa em meros milissegundos! As maravilhas que o nosso cérebro consegue fazer sozinho... presente_passado_ana16kin.jpg Ha ha ha, há uma teoria do riso! Os motivos pelos quais rimos têm sido pensados há séculos. Imagine-se que, para Platão, filósofo grego, rir era uma manifestação de arrogância. Já Demócrito, também filósofo grego e contemporâneo de Sócrates, ficou conhecido como “o filósofo que ri”, embora risse sobretudo devido à estupidez humana. Na verdade, a Teoria do Alívio (de Freud) diz-nos que o riso é fundamental para o bom funcionamento do nosso organismo. Nunca se riu após uma situação de stress ou mesmo sem razão aparente? É natural – esse riso ajuda o organismo a libertar a tensão acumulada. Como rir é mesmo o melhor remédio, há melhorias significativas no nosso corpo: as artérias dilatam, o que faz com que a pressão arterial baixe; as contraccções dos músculos abdominais aumentam o fluxo sanguíneo nos orgãos; liberta endorfinas, que reduzem a sensibilidade à dor e melhoram o humor de quem ri. E os benefícios não se ficam por aqui. Perguntem aos gatos que, se falassem, iam dizer maravilhas do seu ronronar e das plataformas vibratórias tão em voga hoje em dia. Está cientificamente provado que as frequências do ronronar dos gatos (entre 25 e 150 Hertz) podem melhorar a densidade óssea e promover a regeneração dos orgãos – é uma espécie de "riso felino". Este facto foi utilizado pela NASA que patrocinou o primeiro aparelho vibratório que ajuda os astronautas no fortalecimento ósseo, durante as viagens aos espaço e aquando da sua chegada a terra firme. Os felinos podem não ser os melhores amigos do homem, mas para lá caminham. teoria_alivio_lanchongzi.jpg Afinal há teorias que conspiram a nosso favor. Seja audaz e partilhe estas! sofialopes Artigo da autoria de Sofia Pires Lopes. Se tivesse um cêntimo por cada ideia, como levaria todas as moedas para o banco? Com sorte, algumas serão boas e é a essas que peço boleia. Saiba como fazer parte da obvious. Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/a_boleia_da_ideia/2012/06/5-teorias-que-o-vao-deixar-feliz.html#ixzz1xcljbU1Q

terça-feira, 12 de junho de 2012

Che

Nosso Comandante Che Guevara, romântico - Mi única en el mundo. Posted: 12 Jun 2012 11:50 AM PDT Mi única en el mundo A hurtadillas extraje de la alacena de Hickmet este solo verso enamorado, para dejarte la exacta dimensión de mi cariño. No obstante, en el laberinto más hondo del caracol taciturno se unen y repelen los polos de mi espíritu: tú y todos. Los Todos me exigen la entrega total, ¡que mi sola sombra oscurezca el camino! Mas, sin burlar las normas del amor sublimado, le guardo escondida en mi alforja de viaje. (Te llevo en mi alforja de viajero insaciable como al pan nuestro de todos los días) Salgo a edificar las primaveras de sangre y argamasa y dejo, en el hueco de mi ausencia, este beso sin domicilio conocido. Pero no me anunciaron la plaza reservada en el desfile triunfal de la victoria y el sendero que conduce a mi camino está nimbado de sombras agoreras. Si me destinan al oscuro sitial de los cimientos, guárdalo en el archivo nebuloso del recuerdo; úsalo en noches de lágrimas y sueños... Adiós, mi única, no tiembles ante el hambre de los lobos ni en el frío estepario de la ausencia; del lado del corazón te llevo y juntos seguiremos hasta que la ruta se esfume... (Poema de despedida escrito por el Che a su esposa Aleida, antes de su partida rumbo a Bolivia en 1966)

Maiakóvski

Maiakóvski, para os enamorados. Posted: 12 Jun 2012 11:51 AM PDT BLUSA FÁTUA Costurarei calças pretas com o veludo da minha garganta e uma blusa amarela com três metros de poente. pela Niévski do mundo, como criança grande, andarei, donjuan, com ar de dândi. Que a terra gema em sua mole indolência: "Não viole o verde das minhas primaveras!" Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolência: "No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!" Não sei se é porque o céu é azul celeste e a terra, amante, me estende as mãos ardentes que eu faço versos alegres como marionetes e afiados e precisos como palitar dentes! Mulheres, vós que amais minha carcaça gigante, e esta donzela que me olha com amor de gêmea, cubram-me de sorrisos, que eu, poeta,com flores os bordarei na blusa cor de gema! (tradução:Augusto de Campos)

I. Lessa

IVAN LESSA (1935-2012) A volta de Ivan, o temível Por Norma Couri em 12/06/2012 na edição 698 Entrevista realizada em Cascais (Portugal) e publicada no Jornal do Brasil em 26/9/1992. Ivan só voltou ao Brasil anos depois, por um mês. O romance Os Astros, Distraída continua inédito. Millôr Fernandes e José Lewgoy já morreram, e o movimento feminista completa 34 anos. Depois de 14 anos em Londres, ameaça voltar ao Brasil aquele que já foi considerado o mais debochado dos cronistas brasileiros, Edélsio Tavares, ou melhor, Ivan Lessa. Para lançar um livro, seu primeiro romance. O presente de Ivan Lessa é Londres, onde mora há 14 anos, mas o passado carioca volta em ondas trazendo anúncio de bonde e o hidrolitol, o mercadinho da esquina da Siqueira Campos, onde ele comprava cigarros Sir, o café Simpatia, o bar Gardênia, à esquerda do Jangadeiros de saudosa memória. Entre uma coisa e outra ele cantarola um samba-canção, enfia uma frase retirada dos seus tempos de dublagem de enlatados como Dr. Kildare ou Ben Casey. Os amigos se espantam com a utilidade da sua “cultura inútil”: lembra o nome do figurante de Quo Vadis, o extra de Ben Hur, as bandas de jazz. Sabe tudo. Fez de tudo: foi ator juvenil, baixo de conjunto vocal, “halfesquerdo vigoroso” do Botafogo. Tira sarro de tudo. “Me pego rindo sozinho até num quarto escuro: deboche é atitude de vida, não gracinha de bar” Por treze anos recheou de humor e inteligência a coluna “Gip gip nheco nheco”, a seção de cartas, as novelas e as crônicas e Edélsio Tavares no tabloide com mais personalidade no Brasil, O Pasquim. Há seis anos, reunião 15 crônicas em Garotos da Fuzarcae vendeu oito mil livros. Tem 57 anos, é carioca nascido em São Paulo, trabalha no Serviço Brasileiro da BBC, em Londres, fazendo crítica de cinema, teatro, música, literatura e dando aulas de inglês. Agora, ele se prepara para voltar ao Brasil, pela primeira vez desde que saiu em 1978. Vai lançar pela Companhia das Letras um romance com título roubado de Orestes Barbosa, Os Astros, Distraída. Esta entrevista foi feita numa de suas vindas a Cascais, onde dois meses por ano é vizinho da ex-miss Brasil, Adalgisa Colombo, no prédio em que Grace Kelly morou. Quando você chegar ao Brasil o Collor vai estar lá? Ivan Lessa – O Collor tem 43 anos, bota mais 15, ele escreve o livro Meu Impeachmente entra pra Academia Brasileira de Letras. Esse menino nasceu pra Academia., Isso, quando Ivo Pitanguy for presidente. Seu pai ( Orígenes Lessa) não foi da ABL? I.L. – Foi, Eu costumava dizer: “Meu pai foi levado para a Academia pelos maus amigos”. Como a gente fala de um filho que começou a fumar. Ele mesmo dizia que a Academia era pior do que eu podia imaginar. Eu não ia cobrar, uma das piores coisas do Brasil e a cobrança. Aliás, o Cacá Diegues se redimiu de todos aqueles filminhos tão fraquinhos cunhando a expressão “patrulha ideológica”. A Academia tem um papo tão bom que todo mundo acaba lá. Um bom tutu, se me cantarem agora no Barsil eu entro nessa. Quatorze anos depois, você tem medo de não encontrar o que imagina? I.L. – Quando saí, em 78, o que eu gostava já não estava lá. Pátria é uma abstração, minha pátria são seis quarteirões, seis amigos. Cada vez que encontro algum por aí, descubro que morreu alguém ou um bar. Quando saem publicadas fotos de passeatas por aqui, fico procurando, ué, aquele prédio sumiu? Outro dia descobri um esgoto em frente à Xavier da Silveira, onde a bola vivia caindo quando eu jogava pelada em 44. Os esgotos ficaram. Não foram só os esgotos. I.L. – Não, a mortandade dos peixes na lagoa [Rodrigo de Freitas] me dá saudade, aqueles edifícios com nomes franceses e o cheiro que é o mistério do Rio Elsie Lessa, sua mãe, diz que você não volta por medo de não sair mais. I.L. – Na minha época as mocinhas que faziam análise diriam que eu “assumi” a condição de estrangeiro. O Brasil hoje pode ser mais estranho para mim do que o Sri Lanka. Todo mundo é estrangeiro. E pode parar por aí que estou ficando sério. Sou capaz de chegar e dizer “mim não falar português” quando encontrar Jaguar, Ziraldo, Millôr, Sergio Cabral, Paulo Garcez, José Lewgoy. As pessoas dizem que você fica mais brasileiro a cada ano que passa. I.L. – Bobagem. Teve um sujeito que foi para a frente da ONU queimar o passaporte e estava certo. Somos cidadãos do mundo. Está caindo tudo, as fronteiras, até o duty free – que os brasileiro chamam, pitorescamente, de free shop como se houvesse alguma coisa grátis nesse mundo além de estampa de sabonete Eucalol. Faz de conta: se você voltasse trabalharia em quê? I.L. – O que desse mais dinheiro com o menor vexame possível. Quem já fez publicidade de 54 a 68 como eu – nada mais sórdido – faz qualquer coisa. Mas se voltar, baixa minha cotação no mercado brasileiro. E faria o que no dia a dia? I.L. – Parece samba de Antonio Maria na voz de Dolores Duran, dois que já se foram: “nunca mais vou fazer/ o que o meu coração pedir/ faz de conta que eu não saí...”Eu faria o que já fazia até 78: viver em estado permanente de importação. De discos, livros, filmes. O que chega mais depressa no Brasilo é Arma Mortífera 3, Allien 3... Livro demora. De que você sente mais falta? I.L. – De tudo o que não está lá. E também do que está. O mar está lá, mas acho que deram um jeitinho de piorar. Quem tomou banho na Copacabana dos anos 40 não entra em nenhum outro mar no mundo. Se você gostava tanto, por que saiu? I.L. – Eu sempre saí. Minha primeira escola foi nos Estados Unidos. Eu tinha seis anos e meus pais foram trabalhar lá um ano. Depois saí de novo em 56 para passar uns meses em Paris, voltei; em 68 fui trabalhar na BBC em Londres. Saía mais “a procura de” do que “fugindo de”. Chorei o AI-5 na casa de Niomar Moniz Sodré em Paris, levado pelo Mário Pedrosa que encontrei num café, foi ele que me contou. Cometi a imprudência de voltar em 72, só um louco pra voltar no governo Médici. Aguentei até 78. Já estava gamado por Londres. Tem livrarias, silêncio, ausência de ruídos. Posso passear anônimo e viver recolhido feito bicho no meu canto. Quer dizer, você saiu nos anos mais pesados do Brasil. I.L. – No que estão chamando de Anos Rebeldes. Como se alguém pudesse acordar, escovar os dentes, pegar o lotação na esquina e dizer “meu bem, estou vivendo meus anos dourados”. Ou colocar máscara para assaltar um banco e dizer “hoje estou curtindo minha fase de anos rebeldes”. Ninguém vive um dia de anos dourados, como ninguém passa “um mau quarto de hora”, tem “um dia insone”, ou chega em casa e diz “tive um dia miserável, meu bem, cadê a janta?” Tenho pena dessa juventude que fica com a cara enfiada na televisão. Já estão dizendo que só fizeram passeata contra o Collor por causa da minissérie [Anos Dourados]. Essas coisas me chateiam no Brasil. Mas você aproveitava todas essas coisas para debochar no Pasquim. I.L. – Ah!, debochava. Das feministas que estão 24 anos mais velhas, da ecologia, do passarinho, dos acadêmicos, levantou a cabeça tomou pedra, principalmente se for político – é a única atitude decente que um homem pode ter diante da política. Como a gente também tinha outras preocupações do tipo “quem faturou a vedete Elvira Pagã?” O Pasquimvivia sendo apreendido. Já tinha trabalhado quatro anos na TV Globo – demitido por incompetência –, na Senhor– demitido pelo meu amigo Paulo Francis – e em Londres para a Status,onde escrevi até ver Jorge Luis Borges ser vilipendiado numa tradução do Pepe Escobar. Mulher pelada, tudo bem, traição ao Borges, não. A minha era mesmo O Pasquim. Vamos pegar o Brasil hoje. I.L. – Cuidado para não queimar as mãos. Você gosta da literatura e da música de hoje em dia no Brasil? I.L. – Tento entender. Literatura é um pouco melhor, e não quero cair no lugar comum de achar que “escritor mesmo é o Machado”. Escritor mesmo é o Machado mas isso não quer dizer que o Moacyr Scliar não seja muito bom. Mas música? Marisa Monte? Isso é coisa nova? No meu tempo tinha uma Marisa Monte em cada inferninho no Beco das Garrafas que de repente chegava junto ao piano, cantava dois samba-canções, boleros, fox. Nossos “anos dourados “ já se foram. Já picamos. Seu romance pode provocar o “pico” outra vez. I.L. – Se eu confiasse no bicho. Mas sofro da síndrome do Harold Brodskey, um americano que levou 30 anos para publicar o primeiro livro, e quando saiu no ano passado [1991] foi um desastre. Seria melhor ele continuar a enganar mais 30 anos. O livro está atravessado na minha garganta. Como é o romance? I.L. – Se for romance de mistério, já estou dizendo que o assassino é o mordomo: é passado no ano de 1949, estamos com Dutra, um ano antes da televisão e do campeonato do Maracanã com o gol de Gighia. O personagem central é meu alter ego no Pasquim, Edélsio Tavares, uma quatrentão free-lancer que escreve um livrinho canalha e vive de rádio, TV, revista, leva vida dura. Em 49 eu tinha 14 anos. Tenho uma ideia de como era o cheiro da rua, onde teve feira, o jeitão do bonde, o número de carros da Rio Branco, a sombra quando o sol bate na árvore e o padrão que faz na calçada, onde a garotada joga futebol, “olha o carro, tira a bola”. Estão dizendo que vai ser o grande romance brasileiro. E cobrando. I.L. – É melhor parar: recebi um adiantamento do Luis Schwarcz de US$ 3.500 em 1987. Ele pode colocar uma CPI em cima de mim e descobrir que transformei em barra de ouro, apliquei no Uruguai e com a minha preguiça crônica e fôlego curto, não termino o livro nem volto mais ao Brasil. *** Inédito [Trecho de Os Astros, Distraída] “Bota o velho no sol “O general Porciúncula na cadeira da sala ao lado do portão da vila, chinelos, calça de brim, paletó de pijama com grossas listras azuis, o próprio torcedor do Canto do Rio, jornal no colo. A praça em frente, o grupo escolar numa esquina, na outra o botequim do Waldomiro. Um sol quentinho na careca, dois dedinhos brincando com um botão da braguilha. Sandália de empregada, pléquite, pláquite, dia de feira. Cenoura, tomates. Nápoles, o Primeiro Escalão e o Quinto Exército norte-americano. Os protestantes do mundo inteiro condenam o comunismo. Famoso pastor Mars Boegner faz declaração à imprensa. Um botãozinho aberto. Três moleques correndo atrás da bola de meia. Unzinho, general? Continência. Filho da costureira, casa dois. Toma lá uma prata de dois mil-réis e uma moeda novinha de cinquenta centavos. Vada, o vale do Pó, Masarola, monte Comunale. Banana, quiano, beringela. Batata da perna da empregada. Ai, mais um botãozinho. Sr. Milton Campos considera que Minas não deve lançar candidato. Taqui, general. Nova continência. Samba-em-Berlim na garrafa de Coca-Cola. Vizinhos e netos às favas. Dá o pira, guri. A bola de meia chutada com o dedão amarelo da unha encravada, ui. Lá vai o Gringo pela direita abrindo na ponta para Esquerdinha. Pera, uva, maçã. Joelho de empregada. Ai, outro botãozinho aberto.” *** [Norma Couri é jornalista] (Observatório da Imprensa)

Marx e o Dia dos Namorados

Neste "Dia dos Namorados", a história de amor de Karl Marx e Jenny!!! ] Marx enamorado Por Carlos Pompe* Karl Marx, o pensador alemão que, juntamente com Friedrich Engels, lançou as bases da teoria científica do socialismo, casou-se, aos 25 anos, com Jenny, uma conhecida desde os tempos de adolescente, com quem viveu até a morte da esposa, em 1881. Além de sua produção teórica, ele registrou também na escrita os seus sentimentos pela mulher com quem escolheu viver. Em 1836, com 18 anos, Karl encheu três cadernos com poemas, que enviou, no Natal, para Jenny – o Livro dos cantos e o Livro do amor, este último dedicado à “minha querida, eternamente amada Jenny von Westphalen” – cujo nome inteiro era Johanna Bertha Julie Jenny von Westphalen. Os cadernos foram considerados por Franz Mehring, amigo e um dos primeiros biógrafos de Marx, "totalmente amorfos em todo o sentido do termo. A técnica do verso é totalmente primitiva ... São nada além que sons românticos da harpa: o canto dos elfos, o canto dos gnomos, o canto das sereias, as canções às estrelas, o canto do tocador de sinos, o último canto do poeta, a donzela pálida, o ciclo das baladas de Albuino e Rosamunda". O britânico Isaiah Berlin, numa biografia de Marx escrita no início do século passado, considerou “maus versos” os dos cadernos. Já o venezuelano Ludovico Silva, autor de “O estilo literário de Marx”, considera esses poemas juvenis “comovedoramente ruins”. O próprio autor considerou o conteúdo dos cadernos, posteriormente, “de acordo com minha atitude e todo o meu desenvolvimento anterior, puramente idealista. Meu céu e minha artese tornaram um Além tão distante como meu amor” (à época, Karl estudava em Bonn e Jenny vivia em Trier). “Todo o real começava a se dissolver e a perder seus contornos. Eu atacavao presente, o sentimento era expresso sem moderação ou forma, nada era natural, tudo era feito de lutar; eu acreditava numa oposição completa entre o que é e o que deveria ser, e reflexões retóricas ocupavam o lugar dos pensamentos poéticos, embora talvez houvesse também um certo ardor de emoção e desejo de exuberância. Estas são as características de todos os poemas dos três primeiros volumes que Jenny recebeu de mim”. Num desses poemas, registra que, impulsionado pelo seu sentimento por Jenny “com desdém jogarei minha luva bem na cara do mundo, e verei o colapso deste gigante pigmeu cuja queda não sufocará meu ardor. Então errarei divino e vitorioso pelas ruínas do mundo e, dando uma força ativa às minhas palavras, me sentirei igual ao criador.” Depois de casados, Marx enviou várias cartas a Jenny, quando estavam separados por ocasião de alguma viagem de um dos dois, reafirmando seus sentimentos pela esposa. Numa carta de 21 de junho de 1856, chama-a de “Amadinha do meu coração” e escreve: “Beijo-te dos pés à cabeça, caio de joelhos diante de ti” e ainda arremata dizendo que a ama “mais do que o mouro de Veneza” (Otelo, de Shakespeare) “jamais amou”. Como alertou Marx nO 18 Brumário de Luís Bonaparte, é necessário diferenciar “o que um homem pensa e diz de si mesmo do que ele realmente é e faz”. Não por acaso, a um questionário das filhas, ele respondeu que seu lema favorito era De omnibus dubitandum (Dúvida de tudo). Derramamentos sentimentais de poemas e cartas à parte, em 1851 Karl engravidou a criada da família, Helene Demuth. Engels, em socorro ao amigo, assumiu a paternidade da criança, Frederic Demuth. O filósofo e economista também faz referências ao amor em textos teóricos, às vezes de forma jocosa. Em A ideologia alemã, por exemplo, critica o filósofo Max Stirner, afirmando que a relação entre a filosofia que este produz e o estudo do mundo real é a mesma que existe entre a masturbação e o amor sexual. Em A sagrada família, escreve sobre Bruno Bauer e seus consortes: "Como podia a absoluta subjetividade, o actus purus, a critica 'pura' não ver no amor sua bête noire, o Satanás personificado; no amor, que é, verdadeiramente, o primeiro que ensina ao homem a crer no mundo objetivo fora dele, que não só objetiva ao homem, mas que também humaniza ao objeto? [...] O amor não pode construir-se a priori, porque o seu é um desenvolvimento real, que ocorre no mundo dos sentidos e entre indivíduos reais". No escrito Sobre o suicídio, Marx aborda o ciúme da pessoa amada: “O ciumento necessita de um escravo; o ciumento pode amar, mas o amor é para ele apenas um sentimento extravagante; o ciumento é antes de tudo um proprietário privado”. Quatro meses após a morte de Jenny, Marx escreveu a Engels: “Você sabe que há poucas pessoas mais avessas ao patético-demonstrativo do que eu; contudo, seria uma mentira não confessar que grande parte do meu pensamento está absorvida pela recordação de minha mulher, boa parte da melhor parte da minha vida”. Karl morreu 16 meses após a esposa. Há biógrafos que dizem que a tristeza causada pela perda da companheira de quase 40 anos de vida conjugal e também da filha mais velha (igualmente chamada Jenny), o levou a ficar desgostoso com a vida, debilitando sua saúde e abreviando sua existência. Helene cuidou de Karl até seus últimos dias, inventando novos pratos para abrir-lhe o apetite.Ele, porém, preferia alimentar-se com leite, rum e conhaque. Após a morte de Marx, em 14 de março de 1883, ela se mudou para a casa de Engels. Morreu em 1890, e no seu funeral Engels declarou que Marx se aconselhava com ela, “não apenas em questões partidárias difíceis e complexas, mas mesmo em relação aos seus escritos econômicos. Quanto a mim, o trabalho que tenho sido capaz de fazer desde a morte de Marx tem sido em grande parte devido à luz do sol e do apoio de sua presença na minha casa”. Helena foi enterrada no cemitério Highgate, Londres, no mesmo túmulo que Marx e sua esposa. * Pompe é comunista revolucionario, jornalista e curioso do Mundo e da Vida, editor do "Vermelho/DF" (Blogue do L. Aparecido)

Sartre e Simone

Sartre e Simone: Uma história de fidelidade sem compartilhar o banheiro em Literatura por Amanda Maciel Antunes em 11 de jun de 2012 às 17:32 Um história de vida fascinante e enlouquecida. Mentes brilhantes explorando o jogo dos sexos, confrontando a mentalidade hipócrita dos mortais e a oposição entre masculino e feminino. "Encontrar um marido é uma arte; Manter é um trabalho." Simone de Beauvoir tumblr_m0j5rnK7Ci1qd384p.jpg Ambos foram umas das mentes mais brilhantes que já existiram. Com inúmeros livros e sabedorias que nos ensinam até hoje. Ela, sua companheira ao longo da vida, pioneira do feminismo. Ele, um mito filosófico, um verdadeiro gênio. Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir foram, talvez, o casal mais influente do século 20. Eles nunca se casaram, mas juraram devoção mútua um ao outro com total liberdade, uma tentativa de derrubar a hipocrisia sufocante que, por tanto tempo, tinha ditado a vida das pessoas. Sempre empurrando novas fronteiras, eles exploraram os seus pensamentos em romances, peças de teatro e obras filosóficas. Ele ganhou o maior prêmio literário do mundo, o Prêmio Nobel. No entanto, ele se recusou a aceitá-lo porque pensou que faria dele uma figura estabelecida e, portanto, silenciar sua mente inquiridora. Suas vidas privadas eram totalmente experimentais. Simone de Beauvoir teve casos com homens e mulheres, enquanto Sartre, apesar de sua estatura atrofiada e vesgo, sempre foi cercado por musas adoradores, felizes por cuidar de seu gênio. Quando morreu, em 1980, mais de cinquenta mil pessoas saíram às ruas de Paris. Mas isso não foi o fim da história. Sua influência continua até hoje, nos livros e sabedoria duradoura. Por outro lado, de Beauvoir se tornou uma figura emblemática do feminismo e da luta pela igualdade entre os sexos. Ela pregava seu ideal de independência feminista e da igualdade, evitando tais 'burgueses' conceitos como casamento e filhos, e reivindicando que as mulheres devem se comportar exatamente como os homens, a verdade é que tal estilo de vida a deixou amargamente infeliz e ela tornou-se obsessivamente ciumenta de incontáveis ?conquistas de Sartre. Não pensem que escrevo este artigo a favor do estilo de vida, um assunto a parte. Apenas observo uma história de vida fascinante e enlouquecida. Mentes brilhantes explorando o jogo dos sexos, confrontando a mentalidade hipócrita dos mortais e a oposição entre masculino e feminino. tumblr_m0j5un4ofH1qd384p.jpg tumblr_m0j5scIPJ31qd384p.jpg tumblr_m0j5snbuNW1qd384p.jpg Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir se conheceram como estudantes em Paris em 1929. Simone havia decidido se formar professora do ensino médio, uma posição apenas para as mulheres. Ela foi uma das primeiras mulheres a fazer os exames na Universidade Sorbonne de Paris. Sartre, três anos mais velho e impulsionado por um ódio de seu padrasto, era um ladrão e um adolescente rebelde, até que ele percebeu que os seus resultados escolares brilhantes o tornaram um ímã para as mulheres. Na Sorbonne, Sartre gostava de chocar seus colegas. Em um baile, ele apareceu nu, em outras ocasiões, ele desfilou uma prostituta em um vestido vermelho. Mas quando conheceu a bela e jovem Simone estava em transe. Ela era tão inteligente quanto qualquer homem e, também desencantado com sua família burguesa, ela compartilhou o seu fascínio com o submundo de Paris. No último teste da universidade, em que ele passou em primeiro lugar, e ela em segundo lugar, Sartre propôs casamento. Simone se recusou, não por qualquer razão filosófica, mas porque ela estava dormindo com um de seus melhores amigos. E assim, em 1 de outubro de 1929, Sartre sugeriu seu pacto: eles teriam um amor permanente "essencial". Eles juraram fidelidade um ao outro, mas teriam casos, um relacionamento aberto. Até que durante a Segunda Guerra Mundial, quando Sartre foi chamado e seus jogos de sexo continuaram através de cartas, deixada para trás em Paris, Simone continuou a seduzir homens e mulheres, escrevendo as descrições excitantes de suas atividades para Sartre, que revelam sua crueldade e a vulnerabilidade de suas conquistas. Quando ele finalmente voltou a Paris, ele a ignorou completamente e foi morar com sua mãe. Simone jogou-se no trabalho e, depois de uma visita pela América em 1947, escreveu seu livro mais importante, O Segundo Sexo. tumblr_m0j5rcMTYH1qd384p.jpg Os americanos não gostavam dela beber, zombavam de suas roupas e eles perceberam que ela não gostava das faces insípidas de mulheres americanas que faziam de tudo para agradar seus homens. Porém, a mulher americana que ela realmente não gostava era, naturalmente, a sua rival: Dolores Vanetti. E foi para se vingar de Dolores e Sartre que ela caiu na cama com o escritor Nelson Algren Chicago. Os dois tinham muito em comum. Algren era um boêmio, um rebelde, um esquerdista e bebia tanto quanto Simone. Quando Simone descobriu a união de Sartre e Dolores, atordoada pela sua rejeição, se deixou levar por Algren. Ela tinha 39 anos, sem um amante durante muitos meses, e agora, pela primeira vez em sua vida, ela se apaixonou. Algren lhe comprou um anel de prata barata que ela usaria pelo resto de sua vida. Mas ele não estava preparado para a fidelidade de Simone a Sartre. Embora ela professou em muitas cartas que ela o amava apaixonadamente, ela não deixaria Jean-Paul. Simone e Sartre continuaram a se comunicar por cartas, encontros, escapadas. Eles nunca se abandonaram. Mesmo ambos terem relações sólidas e passageiras, a amizade e a admiração pela mente os uniam. "Eu sou muito gulosa", escreveu ela. "Eu quero tudo da vida, eu quero ser uma mulher e ser homem.” Após sua morte, Sartre foi deixado sozinho com Simone no hospital, e ela se se deitou sob o lençol para passar uma última noite com ele. Foi então que ela escreveu o seu epitáfio para o túmulo niilista que acabaria por partilhar, desolada - "Sua morte nos separa, minha morte não nos reunirá". Finalmente, ela seguiu seu próprio caminho, mas em seu coração, sabia que seguia sozinha apenas por ter vivido além dele. tumblr_m0j5q2xYtV1qd384p.png amandaantunes Artigo da autoria de Amanda Maciel Antunes. Uma estrangeira em terra de estrangeiros. Contadora de histórias. Artista. Figurinista. E cheia de vida. De esperança. De um monte de bobagens também.. Saiba como fazer parte da obvious. Comentários Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/dossier/2012/06/sartre-e-simone-uma-historia-de-fidelidade-sem-compartilhar-o-banheiro.html#ixzz1xXEWKBWe

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A menina q calou o mundo...

20 anos depois, a “menina que calou o mundo” volta ao Brasil por Redação do CicloVivo c43 20 anos depois, a “menina que calou o mundo” volta ao Brasil Severn Cullis-Suzuki. Há duas décadas, uma garotinha canadense de 12 anos discursava perante autoridades mundiais, cobrando mudanças nas atitudes e maior cuidado com as causas ambientais. Essa era Severn Cullis-Suzuki, mais conhecida como “a garota que calou o mundo por cinco minutos”. A participação de Severn na Eco 92 é lembrada até hoje e representa a preocupação das novas gerações com o futuro de todos. Neste ano, a canadense volta ao Brasil para participar da Rio+20 e dar continuidade ao trabalho que vem desenvolvendo na área ambiental desde que ainda era uma criança. O jornal Folha de S.Paulo conseguiu uma entrevista exclusiva com Severn, que hoje é mãe de dois filhos, apresentadora de um programa canadense e educadora ambiental. Durante a conversa ela explicou que a oportunidade para discursar na Eco 92 surgiu após um esforço feito por ela e um grupo de amigas que formavam a ECO (Environmental Children’s Organization). Juntas as garotas conseguiram arrecadar fundos com a comunidade onde moravam, no Canadá, para que fosse possível viajar ao Rio e participar do Fórum Global, em que elas foram inscritas como ONG e aproveitaram a oportunidade para falar sobre meio ambiente com muitas pessoas. Esta iniciativa fez com que a Unicef se interessasse pelo trabalho e oferecesse uma oportunidade para que uma delas representasse a ECO em um discurso para as autoridades. Severn foi escolhida e as suas palavras marcaram profundamente as pessoas presentes e ainda hoje emocionam quem a vê no vídeo disponível na internet. Após 20 anos desde a preleção da canadense, muitas coisas mudaram. Segundo ela, na década de 1990, as questões ambientais foram deixadas de lado. Nos últimos anos, devido às crises econômicas e à mudança climática, o assunto voltou a ganhar espaço e a ser discutido. Além disso, ela acredita que a facilidade com que as informações são compartilhadas pela internet pode “inspirar a verdadeira mudança no Século 21”. No entanto, os sistemas econômicos mundiais ainda não refletem este anseio por mudança. Severn ressalta o fato de que as economias são mensuradas a partir do índice do Produto Interno Bruto (PIB) e isto “pouco se reflete na qualidade de vida”. Para a ativista, a chave para mudar este cenário é a mobilização. A mudança parte de uma transformação na sociedade e na política. As pessoas podem trabalhar individualmente para reduzir seus impactos na natureza e ainda podem se tornar mais ativas política e socialmente, cobrando ações, sabendo exercer os direitos e compartilhando conhecimento e informação, para que possam ser ouvidas. A entrevista é finalizada com Severn falando sobre a esperança para o futuro. “Acredito que só o amor por nossos filhos possa virar a maré. A questão do ambiente é o futuro deles. Temos de fazer a conexão entre nossa vida hoje as suas vidas no futuro. Se nós, politicamente, fizermos a conexão, mudaremos tudo. Eu tenho que acreditar nisso”, concluiu. Relembre aqui o discurso de Severn Suzuki * Com informações da Folha de S.Paulo. ** Publicado originalmente no site CicloVivo e retirado do site Mercado Ético. (Mercado Ético)