quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Van Gogh

Vincent van Gogh: a arte em forma humana em Pintura por Fernanda Pacheco em 31 de jul de 2012 às 20:03 Vincent van Gogh foi um herói. Um gênio louco, miserável, dotado de sentimentos e verdade. 532859_4140627640689_323938050_n.jpg O que dizer de Vincent van Gogh? Eu tenho uma paixão platônica por ele desde os meus sete anos quando tive uma aula de educação artística sobre suas obras e sua vida. Encantei-me e desde então é meu pintor favorito. Tudo que sei sobre arte, todo o meu interesse, toda a minha curiosidade existe por causa dele. É um dos seres mais influentes do mundo e o seu demasiado desejo de ser simplesmente humano vai além de algo comovente. 600860_4232185489578_2104445699_n.jpg Vincent Vincent van Gogh era epilético, depressivo e colecionava estampas japonesas. É, comecemos assim a falar sobre ele. Nasceu no dia 30 de março de 1853 na Holanda. Era um gênio torturado por sua própria emoção e quando foi diagnosticado como um homem mentalmente afetado viu nisso a oportunidade de sagrar-se, de tornar-se reconhecido. Foi a partir daí que deixou a Holanda para viver em Londres, tendo em mente apenas um objetivo que não era pintar, mas sim pregar a palavra divina, salvar almas, mostrar para os miseráveis que era possível ser feliz se analisassem as coisas mais infames da vida. Esse foi o primeiro fracasso de Vincent. Ninguém se importava com suas palavras. Mesmo sendo um leitor assíduo de Dickens, Shakespeare e Victor Hugo, seus discursos eram fracos. Não bastava sem um grande pensador ou intelectual. As pessoas ao seu redor não ligavam. VanGoghShoes1885.jpg A Pair of Shoes, 1885 Quando tinha 30 anos resolveu largar a bíblia para pintar. Simples assim. Sem nenhum curso, sem nenhuma aula, sem saber manusear um pincel. Tomou essa decisão certo de que através de seus quadros poderia tocar os pobres. Mostrar a eles que seria possível sonhar mesmo vivendo de desgraças. Para Vincent, o paraíso estava nas coisas mais simples como as folhas das árvores, o sol, o vento batendo na cara... Vale lembrar que esses pensamentos otimistas não o livravam de seu temperamento grosseiro, irritável. Foi nesse período que conheceu sua grande musa: Sien, uma mãe sozinha e abandonada, igualmente miserável. Vincent considerava a convivência com ela como uma influência positiva para sua criatividade. Sua família ao saber das condições de vida que ele levava em Londres o rejeitaram, exceto seu irmão Théo que passou a apoia-lo em sua carreira como pintor. GR128 - Vincent van Gogh - 1853-1890 - Sorrow - 1882.jpg Sien retratada por Vincent, 1885 Seu primeiro grande quadro é o famoso “Os Comedores de Batata” de 1885. Vincent justificava as cores sujas, os tons escuros e a aparência “amarronzada” do quadro dizendo que queria mostrar que os comedores haviam arrancado as batatas do solo com suas próprias mãos, haviam conquistado aquela refeição através do esforço do trabalho honesto. Potato-Eaters,-The.jpg The Potato Eaters, 1885 Logo em seguida, Vincent mudou-se para Paris e sua maneira de pintar também sofreu uma forte influência do espírito otimista parisiense, sendo visível através da presença de mais luz e cores em suas pinturas. Diferenciava-se dos demais impressionistas da época porque retratava a melancolia de Paris, os sentimentos negativos mais intensos como a raiva. Foi nesse período que conheceu Paul Gauguin e então, teve a ideia de unir-se a ele. A união não aconteceu de imediato porque Gauguin retornou para Londres enquanto Vincent permaneceu em Paris. vangogh131.jpg Café Terrace at Night, 1888 Em 1888, Vincent partiu para Provença onde teria o ano mais frenético e angustiante de sua vida, tendo ao mesmo tempo a fase mais criativa de sua carreira artística. Foi nesse lugar que ele começou a pintar os campos de trigo e os girassóis, visíveis no quadro “O Semeador”. Vincent costumava definir seus quadros como grandes orgasmos. Curioso ou não, dizia também que transar e pintar muito não combinava, porque tanto uma coisa quanto a outra amolecia o cérebro. van-gogh-o-semeador-segundo-millet-1888-c3b3leo-s-tela-64x-805-cm.jpg O Semeador, 1888 Théo resolveu patrocinar Gauguin com a condição de que o mesmo fosse trabalhar junto com Vincent. Mesmo receoso por ter que conviver com ele, Gauguin aceitou a proposta. Vincent não pintava baseando-se em questões estéticas, mas sim na emoção que seria possível passar através das cores selecionadas. Enquanto Gauguin não chegava, ele ansiava pela convivência dos dois e foi ai que surgiu seu vício por absinto. Conheceu nessas mesmas condições a família Roulin. Era uma família feliz, tranquila, normal e que fazia muito bem a Vincent por distrai-lo e tira-lo do modo de viver autodestrutivo. Chegava a dizer que os amava. vangogh_postman1888.jpg Retrato do carteiro pai de família, Joseph Roulin, 1888 Vincent-van-Gogh-xx-Lullaby-Madame-Augustine-Roulin-Rocking-a-Cradle-La-Berceuse-1889.jpg Sra. Roulin, 1888 armand_roulin.jpg O jovem Armand Roulin, 1888 Gauguin finalmente começou a viver com Vincent, mas a relação dos dois não ficou nada bem depois de um mês. Tinham filosofias artísticas muito diferentes. Enquanto Gauguin considerava o ato de pintar como algo passageiro, uma inspiração que vem e vai, Vincent jurava que pintar era dar todo o suor e trabalho para concretizar algo real, permanente. Sua alta produção, às vezes com direito a mais de um quadro por dia, começou a irritar Gauguin, despertando nele um sentimento de inveja. Tomado por isso, pintou o quadro “Van Gogh pintando girassóis”, algo chulo, representando Vincent com o rosto desajustado, como um simples pintor sentado analisando um vaso. Reduziu a intensidade dele meramente a isso. Quando viu o quadro, Vincent disse que Gauguin havia o retratado como um louco. van-gogj-pntando-girassois-gauguin.JPG Van Gogh pintando Girassóis por Paul Gauguin, 1888 Com o relacionamento cada vez pior, Gauguin o abandonou numa certa noite para dormir num hotel. Vincent, por volta da meia noite, foi ao seu bordel favorito e entregou para uma das prostitutas um papelote. Nele estava embrulhado um pedaço de sua orelha. Na parte da manhã quando Gauguin resolveu retornar ao estúdio, encontrou policiais e sangue por toda parte. Esse famoso acontecimento levou Vincent a internar-se num hospício, temendo que nunca mais se recuperasse, tendo espasmos de loucura sem cura que o levavam a comer a tinta de seus próprios tubos. Van-Gogh-Auto-retrato-com-a-orelha-cortada-1889.jpg Autoretrato com a orelha cortada, 1889 No hospício Vincent começou a aperfeiçoar sua pintura. Em 1889 pintou seu último autorretrato e considerou que tentar suicídio era como recuar da margem de um rio ao ver que a água é fria. Théo decidiu manda-lo para Auvers Sur Oise, lugar um pouco distante de Paris, sob a vigia do Dr. Paul Gachet. gogh.gachet.jpg Dr Paul Gachet, 1890 É nessa fase que Vincent começou a revolucionar seu modo de pintar. Sua recuperação chegou a ser cogitada já que era visto vivendo bem, recebendo a visita dos familiares e feliz. Théo acreditava que finalmente seu irmão estava salvo, mas não era isso que realmente acontecia. vangogh-retrato.jpg Seu último Autorretrato, 1889 Eis o quadro revolucionário, a grande obra prima de Vincent van Gogh: O Campo de Trigo com Corvos, pintado um pouco antes de sua morte. vangogh2.jpg Campo de Trigo com Corvos, 1890 Foi sua primeira obra vendida e reconhecida graças à falta de perspectiva, já que ao observar o quadro não sabemos exatamente para o que estamos olhando, e os corvos que aparentam ora voar para longe, ora voar para perto, além das cores pulsantes. O quadro era um bloco de cor vivo e inaugurou o Modernismo e o Expressionismo. Vincent estava no ápice de sua carreira, artisticamente lúcido, mas a loucura continuava a destruir seu lado emocional. Não suportava mais os espasmos e acompanhado por isso, surgia a ideia de que sua família havia o abandonado de vez. gogh_skullwithburningcigarette.jpg Skull With Cigarette, 1886 Théo o encontrou morto em seu estúdio. Vincent havia dado um tiro no próprio abdômen e já estava completamente inconsciente. Havia cometido suicídio e a tentativa de salva-lo foi em vão. Théo morreu um ano depois por causa de uma doença grave. Vincent morreu com a esperança de que teria seu trabalho reconhecido pela emoção que sempre depositava em cada pincelada. É revoltante saber que poucos anos depois, seus quadros começaram a ser vendidos por milhões. O importante e, talvez, confortante é ter noção de que pelo menos hoje em dia sua obra é reconhecida e emociona milhares de pessoas ao redor de todo mundo. fernandapacheco Artigo da autoria de Fernanda Pacheco. É estudante de História, tem 19 anos e aprecia uma boa e velha miscelânea cultural digna de flâneur . Saiba como fazer parte da obvious. Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/cafe_amargo/2012/07/vincent-van-gogh-a-arte-em-forma-humana.html#ixzz22QzNj2nC

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