sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Consciencia

A Consciência das Coisas: Será o Objecto Portador de Espírito? por Miguel Ângelo em 22 de mai de 2012 às 22:38 | 1 comentário Será a matéria provida de espiritualidade? De consciência? De «alma»? Que tipo de questões não têm sido abordadas que conferem ao objecto o preliminar estatuto de «inanimado»? Existe um campo pouco explorado ou, pelo menos, pouco investigado por parte dos designers ou artistas, que foi remetido várias vezes a discussão para os filósofos como Descartes, Bergson, Kant, Heiderberger ou Merlau-Ponty, entre outros. Como futuro profissional de design de moda, a questão metafísica que relaciona a matéria e o espírito ou consciência, ou ainda a «alma», começou a ferver nas minhas ideias a partir do momento em que comecei a trabalhar no meu projecto de licenciatura. Conceber uma colecção não é segredo. É um exercício. Constante. Mas não me interessava apenas fazer um projecto sobre uma colecção de vestuário ou sobre acessórios e continuar simplesmente essa busca ansiosa pelo novo ou por adicionar valor numa componente estética e/ou técnica. Mas percebi que o conceito que introduzi foi o motor que, sem parcimónia, me levou a mundos que nunca me ensinaram na faculdade. Como pode a medicina cirúrgica efectuar um paralelismo com este tipo de questões que ainda ampolam mais questões? Pois bem, foi a cirurgia e o acto da manipulação do corpo/matéria por um motivo maior que fez despoletar em mim essa indagação, sempre tentadora, acerca da matéria e da sua «alma». Pode ser/é o/a objecto/matéria portador/a de consciência em si? Frequentemente se estendem estudos e dissertações acerca de emotional branding e da relação ser-humano - objecto mas que atendem sempre com um denominador comercial ou capitalista da questão. E é quase sempre, a maioria das publicações nesse sentido, demasiado rebuscado no estudo do efeito do consumo e dos seus veiculadores no ser-humano, na pessoa. Na suposta presa a quem se deve requerer a atenção. Nessa perspectiva, penso que empobrece a relação estabelecida entre ambos. E é também isso que me leva a destapar o véu ou, sem arrogâncias tamanhas, a querer tentar. A metafísica é uma área muito nublada. Muitos autores dançam um tango rocambolesco na procura de respostas que não se acham e que fomentam ainda mais perguntas. Daí a tentação. O fio do pensamento nunca se perde. Sempre se persegue, mas desfiado em novas farripas. Mas, houve uma soalheira manhã em que obtive, creio, uma veloz, talvez insípida, clarificação. Ou talvez não, porque a partir do momento comecei a contrapor mais questões e supondo mais situações. Mas eis: O coração bate. Sempre. Existe uma espécie de inteligência superior intangível. Todos sabem: Existe um processo designado por ritmo sinusal que consiste em pequenas descargas eléctricas que provocam o movimento do miocárdio, o músculo do coração, procedendo-se assim ao bombeamento de sangue que produz e perpetua a vida. Mas de onde provém? Porquê? Quem fez? Bom, e existe um pacemaker, criado nessa linha de funcionameto para pessoas que sofrem de insuficiência cardíaca. Em que consiste? No mesmo. Pequenos estímulos eléctricos de modo a ajudar o órgão a não comprometer todo o corpo, continuando o percurso da circulação de sangue. Ora bem, se se manipula o meio/matéria, por motivos vários, neste caso em nome da vida, está-se a fazer da necessidade engenho não importando como ou com que beleza. E Descartes fala do pensamento e da suposta separação do mesmo da matéria, produzindo um discurso prolífico, para atestar por fim que não existe separação. O pensamento é inequívoco: Uma necessidade permanente. Pensa-se porque se questiona. Debruça-se sobre um mistério, mais ou menos deslindável e isso requer que reflictamos acerca, no sentido de achar resposta. Portanto será o pensamento o motor que impregna e mantém viva a existência de consciência ou espírito da matéria através dessa troca e processo de necessidade – engenho – manipulação/transformação caracterizando essa relação de atributos um do outro entre ser e objecto? Bom, gosto de acreditar nesta possibilidade com «ares» de eminente. Não sei se posso responder à questão. Mas pude compreender que Descartes e todos os demais passaram a ser meus amigos para sempre. Imperecíveis e acompanhando a minha demanda e apego a uma realidade quase sempre despercebida, mas emergente. A alma das coisas. A consciência da matéria. Será que Deus cabe nela? miguelangelo Artigo da autoria de Miguel Ângelo. . Saiba como fazer parte da obvious.

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