quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Israel

Renato Prata Biar – Israel: um Estado terrorista Vamos ver o que vai acontecer a Israel quando seus interesses começarem a contrariar e a colidir com os interesses expansionistas do Império. Entretanto, enquanto isso não acontece, a única certeza que temos é a de que continuaremos a assistir àqueles que um dia foram vítimas do holocausto, reproduzir e legitimar o mesmo tratamento que receberam nos campos de concentração nazista, só que dessa vez não mais como vítimas, mas como algozes e tendo como alvo principal a “raça inferior” dos palestinos. Por Renato Prata Biar(*), especial para sua coluna no QTMD? As centenas de vítimas palestinas assassinadas (em sua maioria mulheres, idosos e crianças), pelos últimos ataques terroristas israelenses, não deixam dúvidas quanto ao caráter nazista da estratégia de Israel contra a Palestina e seu povo. Não há como negar que os sionistas passaram de vítimas do Nazismo, à simpatizantes dos métodos nazistas para a eliminação de outros povos (cito aqui, especificamente, os sionistas porque foram estes que, dentre os judeus, foram os principais responsáveis pela elaboração do ideal de se criar um Estado composto somente por judeus ainda no século XIX; e também para deixar claro que não são todos os judeus que concordam com esse ideal e muito menos com os seus métodos). É extremamente desproporcional os ataques praticados pelas forças israelenses se comparado ao tipo de ataque que eles sofrem por parte dos palestinos. Além disso, se eles acusam os palestinos de terrorismo, é bom não esquecer que os sionistas foram os pioneiros em usar e abusar de métodos e estratégias terroristas para pressionar o mundo à consolidar a formação do Estado de Israel (mais precisamente a Inglaterra, já que a Palestina era colônia inglesa, e os Estados Unidos, já que estes, após a 2ª Guerra, se consolidaram, definitivamente, como a maior potência mundial). Como muito bem denunciou Moniz Bandeira no seu livro, Formação do Império Americano: “Os sionistas, então, desencadearam sistematicamente uma onda de atentados terroristas atacando, em diversas cidades da Palestina, as forças britânicas e outros alvos, como carros de polícia, estradas de ferro, ônibus, pontes e a refinaria de petróleo em Haifa. Em 22 de julho de 1946, com a aprovação de Ben Gurion (um dos principais líderes políticos do movimento sionista), fizeram explodir em Jerusalém o King David Hotel, matando cerca de 90 pessoas e ferindo 58. [...] Os ataques terroristas, porém, não cessaram e, na noite de 09 de abril de 1948, militantes da Etzel e elementos de outro grupo (Stern) cercaram a vila de Deir Yasin e mataram 254 árabes, a maioria velhos, mulheres e crianças, e feriram mais de 300.” (pág. 159) Analisando esses fatos, fica fácil perceber que o terrorismo foi utilizado como estratégia: primeiro para forçar a formação do Estado de Israel (objetivo idêntico ao dos palestinos que também querem a formação do seu Estado, mas acabam sendo massacrados por isso); e segundo, que os ataques continuam a ser utilizados até hoje com a cínica justificativa de que é necessário para garantir a segurança de Israel. Porém, a diferença básica que existe entre os ataques da década de 1940 para os ataques hodiernos, é que estes não são mais praticados por grupos como o Etzel ou o Stern, mas pelo próprio Estado israelense. Nesse sentido, talvez seja esta a primeira vez em toda a história em que temos um Estado Terrorista reconhecido legalmente pelo restante do mundo. Mesmo sabendo-se que esse estado não possui nenhuma das duas condições fundamentais para que um Estado-Nação seja verdadeiramente reconhecido: Israel não possui uma constituição e nem limites territoriais definidos, sendo este último devido às suas ocupações mantidas por forças militares em países vizinhos. É importante salientar também que a potência militar na qual Israel se transformou tem como objetivo principal servir aos interesses geopolíticos e econômicos do Império Estadunidense. Foram os Estados Unidos quem mais contribuíram para o fortalecimento e o crescimento do aparato militar do Estado de Israel, inclusive no que diz respeito à obtenção de um arsenal atômico e a formação de um serviço secreto, o Mossad, que mais parece um “filhote” da CIA, e que é tão sujo quanto o seu genitor. Para entender melhor todo esse interesse e essa dedicação dos Estados Unidos em relação a Israel, basta observar algumas coisas bem simples. O Estado de Israel tem um posicionamento geográfico extremamente privilegiado para os interesses estadunidenses, pois é através do seu território que se faz a ligação entre o continente africano (através da fronteira com o Egito) e o Oriente Médio, não só por terra como também pelo Canal de Suez. Faz fronteira também com estados como, Líbano, Síria e Jordânia; além de estar bem próximo da Arábia Saudita, Iraque, Kuwait e Irã, países que fazem parte do grupo dos maiores produtores de petróleo do mundo (produto esse que, como todos sabem, interessa diretamente aos Estados Unidos). No caso do Iraque, o interesse vai ainda mais além do que a busca pelo petróleo, pois os dois principais rios que abastecem toda a aquela região do Oriente Médio (os rios Tigre e o Eufrates) passam ambos com a maior parte de sua extensão pelo território iraquiano. E numa região com grandes extensões de terra formada pelo mais seco deserto, isso não é pouca coisa. Não por acaso já estão previstas guerras para as próximas décadas pelo controle das fontes de água doce em todo o mundo. Portanto, quem tiver o domínio sobre a utilização desses dois rios naquela região terá uma ampla vantagem estratégica sobre todos os outros países próximos. Destarte, essa dificuldade de se conseguir formar um Estado palestino vai muito mais além do que o alegado “temor” pela segurança do Estado de Israel e de sua população. Isso está muito mais próximo dos interesses geopolíticos, econômicos e militares do Império Estadunidense. Porém, como nos mostra a história, os Estados Unidos já tiveram outros aliados naquela região como, o Irã e o Iraque, e que depois de serem armados, financiados e treinados pela doutrina imperialista, se voltaram contra o seu criador e tornaram-se seus mais ferozes inimigos. Vamos ver o que vai acontecer a Israel quando seus interesses começarem a contrariar e a colidir com os interesses expansionistas do Império. Entretanto, enquanto isso não acontece, a única certeza que temos é a de que continuaremos a assistir àqueles que um dia foram vítimas do holocausto, reproduzir e legitimar o mesmo tratamento que receberam nos campos de concentração nazista, só que dessa vez não mais como vítimas, mas como algozes e tendo como alvo principal a “raça inferior” dos palestinos. *Renato Prata Biar é historiador. Colabora com o “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Mar de Prata“. => A charge é do cartunista Carlos Latuff. (QTMD)

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