domingo, 18 de novembro de 2012

Pensamentando

Onde brilha o teu desejo Posted in: Comportamento, Destaques, Sociedade Por: Kátia Marko - 12/11/2012. Print Friendly Como as comunidades instigam a conhecer gente, expressar-se e superar o que Nelson Mandela via como “medo de ter luz” Por Katia Marko “O lugar que almejamos é a terra onde os humanos ainda são tão perigosos quanto divinos, onde o que é derrubado cresce de novo e onde os ramos das árvores mais velhas florescem por mais tempo.” Clarissa Pinkola Estés, “A ciranda das mulheres sábias” Dificilmente os dias são iguais na Comunidade Osho Rachana. Sempre encontro alguém diferente no café da manhã. As caronas também variam, assim como as conversas durante o trajeto até o trabalho. É muito rico viver desse jeito, com amigos por perto e todos dispostos a se conhecer. É verdade que a vontade de me esconder ainda existe. Mas a alegria de ser enxergada e amada apesar dos pesares é maior. No livro O Lobo da Estepe, Hermann Hesse coloca um desafio: “saber qual o limite humano de suportar a vida, saber até que ponto aguentamos entre não poder viver e não poder morrer”. Esta questão é bastante profunda, mas parece que a correria do dia-a-dia não nos deixa espaço para refletir ou sentir o nosso limite. Na maior parte das vezes, paramos quando o corpo exige. Talvez exatamente isto seja o mais precioso da vida em uma comunidade como aquela em moro. Espaços de consciência e de cura. Momentos em que brecamos o trem e deixamos o corpo sentir. Neste final de semana, começou mais um momento desses, na comunidade. O grupo chama-se “9 dias: Paixão, qual é a sua?”. Destinado para moradores ou não, serão nove dias de vivência. Pode-se participar de todos ou apenas de um ou dos dois finais de semana. O segundo grupo, chamado “O Desafio”, começa na quarta à noite e termina no domingo. As estruturas de dinâmica de grupo utilizadas foram criadas para cutucar conceitos, sentimentos e padrões. “O que está segurando tua paixão? Nosso sistema superlotado de “deves” e “não podes” e medos de sair da linha comum acaba massacrando qualquer possibilidade de criar uma vida com mais brilho”, explica o terapeuta Prem Milan. Conseguir enxergar o que está limitando nossa energia da paixão não é fácil. Tem que estar disposto e aberto para mexer com conceitos. Muitas vezes, o script traçado por mãos alheias está tão assimilado que não sabemos mais se a vida que estamos vivendo é a que escolhemos, precisamos ou gostamos. Só sabemos que “devemos” continuar cumprindo as tarefas. Em seu discurso de posse, em 1994, Nelson Mandela, afirmou que nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. “É nossa luz, não nossa escuridão que mais nos amedronta. Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de vocês. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo”. A vida em comunidade pode não ser a solução para mudar o mundo, nem temos esta pretensão. Mas queremos, sim, ser um foco de luz e possibilitar que a nossa verdade brilhe em outras direções. O medo está deprimindo a humanidade. O que geralmente se omite é que a depressão é originada basicamente da falta de expressão do indivíduo. E não é à toa, já que a nossa sociedade é a primeira a reprimir a expressão de nossas emoções, incentivando-nos desde cedo a controlá-las. Bloqueadas as emoções, impedimos que a nossa energia vital circule livremente por nosso corpo, o que faz com que ele perca a vitalidade original e passe a refletir os bloqueios a que se submete. Apesar de as emoções bloqueadas serem frequentemente as “negativas” (raiva, dor e medo), a perda de sensibilidade do corpo gera uma incapacidade também para os sentimentos ditos “positivos”, como a alegria e o amor. Talvez uma alternativa mais saudável seja olhar com maior consciência para nossas vidas. Expressar nossas angústias. Compartilhar nossos medos e julgamentos. Retirar de nossos corações o peso de viver num mundo assoberbado e, ao mesmo tempo, vazio e superficial. Perceber o quanto merecemos nos responsabilizar por nós mesmos, com mais amor e respeito e não apenas como sobreviventes no meio do caos. (Outras palavras)

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