terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Palavras Cruzadas


Opera Mundi

Palavras cruzadas completam 100 anos hoje
Em um domingo, 21 de dezembro de 1913, o jornal "New York World" publicou as "quebra-cabeças de palavras cruzadas"

Hieróglifos indecifráveis para uns, um fascinante desafio mental para outros ou apenas entretenimento, as palavras cruzadas completam 100 anos neste sábado (21/12) como um passatempo universal que requer domínio da linguagem, rapidez mental e conhecimento da atualidade. Em um domingo, 21 de dezembro de 1913, o jornal "New York World" publicou as primeiras palavras cruzadas, chamadas então "quebra-cabeças de palavras cruzadas", obra do jornalista Arthur Wynne, nascido em Liverpool (Reino Unido) e que vivia nos Estados Unidos.



Chamadas em inglês de "crosswords", palavras cruzada são sucesso mundial

Em formato de diamante, tinha 31 definições além de uma palavra já escrita: "Fun" (Diversão), e esta instrução: "preencha os pequenos quadrados com palavras que se encaixam nas seguintes definições". Embora no final do século XIX já houvesse em vários países europeus algumas tentativas muito incipientes que não tiveram continuidade, a invenção de Wynne reunia todas as características das palavras cruzadas modernas.


O jogo teve sucesso imediato e começou a aparecer constantemente na seção de passatempos da edição dominical do jornal. Outras publicações copiaram a ideia, e em poucos anos as palavras cruzadas ganharam o mundo, gerando com o tempo novas variantes e modalidades.

Em 1924, Richard Simon e Lincoln Schuster editaram o primeiro caderno exclusivamente com palavras cruzadas, depois que a tia de Richard, fã do jogo, perguntou ao sobrinho se não existia algum que pudesse dar a uma amiga. Ao perceber que havia um mercado, Simon e seu amigo partiram para a aventura editorial, e o sucesso da dupla foi tão grande que a pequena companhia que criaram acabou se tornando a gigante editora Simon & Schuster.


A chegada da internet e a crise da imprensa escrita fizeram alguns pensarem que as palavras cruzadas poderiam estar caminhando para o fim. No entanto, alguns jornais disponibilizam o passatempo pela internet e já existem aplicativos para celulares que permitem resolver o enigma sem necessidade de papel.

Provavelmente as palavras cruzadas mais famosas do mundo são as do "New York Times", e o responsável pela seção, Will Shortz, é uma figura reverenciada entre os milhões de praticantes nos Estados Unidos, onde se organizam em grandes torneios.

O "NYT" organiza as palavras cruzadas durante a semana com níveis de dificuldade: as segundas-feiras são mais fáceis, e a partir daí a coisa se complica progressivamente até as muito difíceis das sextas-feiras e dos sábados, enquanto as dos domingos são publicadas as de complexidade média. Segundo os especialistas, um dos segredos para conseguir uma boa palavra cruzada é, além de fazer com que as palavras se encaixem, elaborar boas definições, que tenham um nível adequado de dificuldade e acrescentem um pouco de humor ou algum tipo de participação que intrigue os neurônios.

O que uma pessoa deve ter para resolver uma palavra cruzada? Além de um bom conhecimento da língua, um interesse em assuntos atuais e ter boas referências culturais. O campeão do torneio mais importante dos Estados Unidos é Daniel Feyer, vencedor das últimas quatro edições e uma autêntica lenda entre os adeptos das disputas na área.


Feyer realizou há algumas semanas uma demonstração na sede do "New York Times", onde resolveu uma das palavras cruzadas mais complexas em 5 minutos e 29 segundos. Em dias normais, o campeão treina resolvendo dez palavras cruzadas simples em dez minutos.

Segundo Feyer, para ser um campeão é preciso ter uma mente capaz de reconhecer as palavras antes de ler a definição, reconhecer com poucas letras, algo que segundo ele faz com que músicos, especialistas em computação e matemáticos ganhem com frequência os torneios.

As palavras cruzadas percorreram um longo caminho em seus 100 primeiros anos, mas seu inventor, Arthur Wynne, não conseguiu se beneficiar de sua ideia.

Segundo sua filha Catherine explicou à emissora "CBS", o inventor das palavras cruzadas perguntou ao chefe, percebendo o sucesso inicial, se valia à pena patenteá-lo.

O editor respondeu que se tratava de "uma moda passageira" e recomendou que Wynne não gastasse o dinheiro na patente, segundo lembra sua filha, e por isso "papai nunca viu um centavo", desabafou.


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