terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Egito

TERÇA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2011
HOSNI MUBARAK - ACABOU
HOSNI MUBARAK – ACABOU


Laerte Braga


Mubarak era um dos comandantes da força aérea egípcia na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Os radares do Egito eram fixos e voltados para Israel. Os comandantes, entre eles Mubarak, não foram capazes de perceber a manobra dos militares de Israel. Como os radares não cobriam 360 graus, os aviões israelenses contornaram-nos e destruíram toda a aviação egípcia em terra.

Nos planos do então presidente Gamal Abdel Nasser um ataque aéreo a Israel equilibraria a guerra e permitiria às forças de seu país e da Jordânia ocuparem parte do território inimigo e principalmente toda a cidade de Jerusalém.

Deu tudo errado. Em seis dias as tropas de Israel sob o comando do nazi/sionista Moshe Dayan tomaram inclusive o canal de Suez.


Nasser foi um dos principais líderes do que se conhecia como países do Terceiro Mundo e desenvolvia intensa colaboração política e econômica com a antiga União Soviética. A monumental represa de Assuan foi construída com financiamento e participação direta de técnicos soviéticos.

Tentou de todas as formas unir os governos do Oriente Médio e chegou a criar a REPÚBLICA ÁRABE UNIDA (Egito e Síria) para enfrentar o que pressentiu desde o primeiro momento. O expansionismo israelense.

Foi Nasser que à frente de um movimento militar – era coronel – derrubou a monarquia no país.

Mubarak virou vice-presidente de Anwar El Sadat, sucessor de Nasser (o presidente morreu no exercício do governo). Sadat foi o responsável pela retomada do canal de Suez na guerra do Yom Kyppur e, na euforia da primeira vitória seus generais cometeram erros primários permitindo ao comandante israelense Ariel Sharon cercar as forças egípcias e alcançar um acordo de paz. Se a guerra prosseguisse teriam perdido Suez outra vez.

A entrada em cena dos EUA se deu após Sadat negociar a devolução do Sinai ao Egito e aceitar um acordo de paz com Israel. O presidente rompeu os acordos com a União Soviética, expulsou os técnicos daquela nação e começa aí a história do Egito como aliado dos EUA.

Naquele momento o Egito se obrigava, em troca da devolução do Sinai, a fornecer petróleo a Israel a preços abaixo dos preços de mercado, mesmo não sendo potência petrolífera (reservas de 18 bilhões de barris). Fornece até hoje.

Já num outro momento, no final da década de 50, franceses e ingleses tentaram se contrapor à nacionalização do Canal de Suez e sem o apoio dos EUA (de olho na perspectiva de negócios futuros que acabaram se materializando) saíram do Egito. Naquele momento ingleses e franceses começaram a perceber que não eram mais um império e dependiam, como dependem visceralmente dos EUA (no caso da França, a ascensão de De Gaulle após a queda de René Coty e a fuga do primeiro-ministro de extrema direita George Bidault para o Brasil, a guerra da Argélia, esse país permaneceu durante o período em que foi governado pelo general – Charles Andre Joseph Marie De Gaulle – longe da OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE).

Sadat foi assassinado por um militar muçulmano durante um desfile em comemoração à recuperação de Suez e do Sinai. O general Anwar El Sadat, logo após o acordo mediado pelos EUA visitou Israel duas vezes e encontrou-se com o primeiro-ministro Menaguem Begin (Einstein e todas as pessoas bem informadas o consideravam terrorista, foi responsável pela explosão de um hotel antes da criação de Israel matando centenas de pessoas).

A vitória na verdade, era outra baita derrota e Hosni Mubarak, o então vice-presidente, em 1971, assume o governo.

A perspectiva de eleições livres e gerais no Egito assustava aos norte-americanos, a Israel e aos donos do poder no pós-Nasser. Em eleições regionais os partidos islâmicos haviam ganho com larga maioria. Por isso Mubarak os tornou proscritos.

O regime de Hosni Mubarak é de barbárie pura e absoluta. De subserviência total aos interesses norte-americanos e colaboração estreita com Israel, inclusive contra palestinos (muitos foram expulsos de campos de refugiados no país, como na Jordânia, outro aliado de Israel).

O descontentamento popular vem de longa data. A revolta na Tunísia serviu para acender o rastilho da indignação dos egípcios contra um governo totalitário, corrupto e que transformou o país numa colônia de interesses dos EUA e de Israel.

Os serviços secretos egípcios trabalham em estreita colaboração com a MOSSAD – organização terrorista que Israel chama de serviço de inteligência –.

Mubarak acabou. Só fica no poder se os militares promoverem um massacre para que isso se torne possível.

O que acontece neste momento no Cairo é uma tentativa de ceder os anéis e salvar os dedos, tudo mediado e dirigido pelos EUA e por Israel, no receio de perder o mais importante aliado na região. Isso poderia significa a curto prazo mudanças na Jordânia (já existem protestos no país), na Arábia Saudita, outros aliados norte-americanos.

O de buscar um governo que pareça restabelecer a democracia, só pareça, mas mantenha intactos os laços com o governo terrorista de Israel.

O grande vencedor dessa encrenca toda é o Irã. A revolução islâmica se sustenta em eleições livres, diretas e ampla participação popular nas questões de governo, a despeito do noticiário contrário da mídia podre e venal do Ocidente.

O longo período de aliança com os EUA transformou o Egito em potência militar quase equivalente a Israel (só não dispõe de armas nucleares como o estado sionista). A idéia de um governo popular que ponha fim à subserviência em relação aos EUA aterroriza Washington. E deixa Tel Aviv de orelhas em pé, temerosos, ambos, que uma espécie de efeito dominó mude a correlação de forças no Oriente Médio.

Não importa que isso não aconteça agora, cedo ou tarde acontecerá.

A luta contra Mubarak diz respeito a todos os povos muçulmanos e do Oriente Médio. O ditador acabou. Milhões de egípcios estão nas ruas exigindo o fim do regime opressivo e colonizado.

E um detalhe sintomático que os EUA estão procurando alternativas confiáveis para suceder Mubarak. A REDE GLOBO, no Brasil, até as 18 horas de segunda-feira e em seus noticiários (no caso do Egito o que for autorizado pelo Departamento de Estado), referia-se a Mubarak como “presidente”. A partir daquele horário virou ditador. É outro sintoma. Foi jogado às feras.

Qualquer que seja a solução que encontrem EUA e Israel sabem que a revolta árabe, do povo muçulmano irá prosseguir. Até que haja uma solução digna para as questões que dizem respeito aos países e povos da região e principalmente para os palestinos. Saqueados, torturados, violados em seus direitos pelo estado terrorista de Israel, parte do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

O maior e mais perigoso conglomerado de violência e barbárie em todo o mundo.

Tony Blair apareceu para falar sobre o assunto e buscar a paz? Claro, é o boy da Casa Branca que afirmou ser indispensável a guerra contra o Iraque para destruir armas químicas e biológicas que não existiam (ele mesmo admitiu isso há meses atrás).

Hosni Mubarak acabou. Não tem mais serventia para seus patrões. Se ficar vai ser por conta da barbárie, o mais lógico, no entanto, é que vá viver num paraíso qualquer cercado de um harém, como acontece com o regime brutal da Arábia Saudita.

Comandante militar de fancaria, medalha por tortura, assassinato a sangue frio, traição, tal e qual qualquer militar em qualquer ditadura, inclusive a que nos escravizou no Brasil de 1964 a 1984. Não foi capaz de perceber a fragilidade do sistema de radares de sua força e nem levantou vôo.

Massacrou seu povo por trinta anos.
(QtMl)

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