O Papai Noel existe
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Por Rogério Nitschke
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As trincheiras da primeira guerra mundial eram buracos feitos na terra gelada, com sacos de areia nas bordas, e cheios de meninos condenados à morte em nome das ambições e caprichos de alguns velhos. No dia do natal de 1914, alguns soldados alemães arremessaram uma torta de chocolate, devidamente embalada, para a trincheira britânica mais próxima com um recado pedindo que fizessem uma trégua de uma hora, para que eles pudessem comemorar o aniversário do seu capitão. Os britânicos, não só depuseram as armas como saíram das trincheiras e cantaram um estrondoso "Happy birthday" para o capitão alemão.
Como recompensa pelo entendimento dos meninos britânicos, os alemães acenderam milhares de velinhas em forma de pinheirinhos, fazendo um show único de luz. Depois, cantando músicas de natal os "inimigos" abraçados no meio do caminho, trocaram o que tinham como presentes, velas, cigarros, charutos, chocolates e tortinhas. Os capacetes viraram goleiras e saíram vários jogos de futebol, até os generais ficarem sabendo da trégua e mandarem todos de volta aos buracos, para morrerem talvez minutos depois.
Aposentadoria
Ela já tava meio frágil, então agora, colocaram a maleta que carregava o discurso dos planos anuais dos ministros da economia britânica num museu, depois de150 anos. Apenas dois empedernidos acharam melhor mandar alguém comprar uma maleta nova, para abrigar os seus maravilhosos discursos, e que resultaram nos poucos seis anos de folga da valise vermelha. Ela também é chamada de maleta Gladstone, porque foi feita pra ele lá por 1860, o cara foi ministro da economia por três, e primeiro-ministro por quatro mandatos. Churchill usou a maleta Gladstone quando foi ministro dos dinheiros britânicos. O museu escolhido foi onde funcionou o governo enquanto a II guerra durou, achei perfeito. Tenho certeza que o jovem Winston sentia orgulho de carregar aquela maleta vermelha, longe de ser nova, mesmo em 1924.
Obviedades
Quando conheci o adido cultural da embaixada brasileira na United Kingdom em Londres, responsabilizei-o pela imagem negativa que o Brasil passa pra Europa. Ele, me acalmando, disse que a imprensa é livre, e deveria ser sempre, nada ele poderia fazer. As matérias sobre o Brasil que circulam aqui seriam as que vendem mais jornais ou afins. As favelas cariocas, enquanto eram totalmente administradas pela vergonha de um país, sem uma polícia decente, eram notícias importantes, não li nada nos últimos dias.
Reviro o jornal the Guardian diariamente (os outros não merecem respeito) e não acho uma linha sequer sobre a iniciativa (pré-olímpica) de colocarem alguma ordem nos morros dos crimes impunes ou comuns. Me senti menos orgulhoso de ser brasileiro, quando vi um helicóptero poder colocar a bandeira do Brasil num morro desses, depois de uma guerrilha, como se fosse uma conquista muito importante. Como um país pode ser soberano e forte, se não pode policiar uns morros do Rio de Janeiro? Os militares estão ajudando, fiquei feliz por eles, antes agora do que nunca.
4/12/2010
Fonte: ViaPolítica/O autor
O publicitário Rogério Nitschke é colunista e correspondente de ViaPolítica em Londres.
E-mail: rogerioni@googlemail.com
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