sábado, 8 de setembro de 2012

Cinema

1968 - Cinema e revolução 11 - 68 + 40 – Olhares sobreviventes Mas mesmo para Fausto fora concedido o perdão. 68 foi um rastro de pólvora esperando fogo a consumi-lo. O fogo acende vivo, a pólvora explode, assustadora e breve. Enquanto rastro deixa sinais. Não é difícil apagá-lo. Como memória, basta esquecê-lo, como história, basta desprezá-lo, como cinema, basta ignorá-lo. 68 foi estopim das últimas grandes batalhas sociais, que perduraram por uma década. Colocou a cultura como problema central para a transformação do mundo, e a liberdade como sua condição. Lutou contra o poder e em alguns momentos pareceu vencê-lo. 68 foi a última geração a abraçar a utopia. Combateu a tecnocracia, os preconceitos, o colonialismo, as tradições, os tabus, os dogmas e as falsas utopias da esquerda estabelecida. Não havendo o que colocar no lugar, procurou o sonho. Os anos seguintes não aceitaram os deslocados: uma “contagem repressiva” rumo ao futuro conhecido. Jovens cineastas de 68 - velhos diretores de nossos dias -, procuraram rever este legado. Philipe Garrel, Bernardo Bertolucci, Marco Bellocchio e Jean Luc Godard, cada um a seu modo, reencontram-se 40 anos depois, num détournement (30) de Proust, em busca do tempo sentido.(31) No filme Beleza Roubada(32), conhecemos a jovem Lucy, fruto de 68. Lucy in the sky with diamonts. Lucy, americana. Filha de uma poetisa libertária, volta ao sítio onde sua mãe viveu em uma espécie de comunidade de artistas que tenta manter-se no espírito de 68. À procura de seu verdadeiro pai. Seu sopro de juventude é uma libertação entre dores, confrontos e descobertas. Lucy encontra-se em um jovem e ingênuo camponês italiano, surgido (talvez) de um filme de Pasolini. Juntos conhecem o amor –- o passado perdido de Pasolini congraça-se com a filha de 68. Os dois, frutos da utopia e do tempo, resultam de conflitos hoje reconciliáveis face à inocência perdida do mundo atual, proustianamente em busca do tempo perdido. (Este é o último de uma série de 11 textos que integram o artigo 1968 - Cinema e revolução). por Thiago Brandimarte Mendonça 30 Ao estilo de Guy Debord 31 Philipe Garrel, um jovem e promissor cineasta em 68, dirigiu o filme Amantes constantes (2005), onde pinta um amargo retrato do legado e do fim desta geração, obrigada a abandonar seus sonhos libertários e enquadrar-se no sistema que desprezava. Bernardo Bertolucci, dirigiu dois belos filmes sobre este momento, Beleza Roubada (1996) e Os sonhadores (2003). Marco Bellochio realiza em Bom dia noite (2003), um tocante retrato das brigadas vermelhas na Itália, no polêmico sequestro do político Aldo Moro. Jean-Luc Godard, apesar de não ter feito nenhum filme especificamente sobre 68.traz ao longo de sua obra inúmeras citações sobre os acontecimentos e o pensamento da época que, de alguma forma, ainda vive em seu cinema. 32 filme de 1996 dirigido por Bernardo Bertolucci. (rEVOLUÇ~OES)

Nenhum comentário:

Postar um comentário