terça-feira, 18 de junho de 2013

Mudanças

E aquele garoto que ia mudar o mundo?
em recortes por Gustavo Araújo
Parece estarmos vivendo num mundo onde já não existe ideologia. Falta de esperança, representando uma geração com uma causa pela qual lutar, mas sem força necessária para tal. Bem, pelo menos é o que se ouvia.


Nos tempos de colégio, além do ensino básico que éramos obrigados a aprender, havia uma fatídica frase, repetida diversas vezes pelos nossos educadores que insistiam em nos fazer ouvir. “Vocês são o futuro do país”, ecoava aquele bordão pela sala de aula com tom de orgulho quando fazíamos algo certo, ou até mesmo em tom de repreensão, quando nosso ato não era tão bom assim.

Mesmo em ambos, aquela frase soava como um desabafo, num pedido de socorro, num desejo para nós mesmos, que pudéssemos ter uma geração menos sofrida do que eles tiveram. Desde aquela época, ensinaram-nos que era nosso fardo e responsabilidade o rumo que nosso país iria tomar. E gostávamos daquela ideia.

Crescemos. Agora somos jovens, e ainda fadados como o futuro da nação. Esses anos todos passaram e em nosso crescimento nos fizeram absorver em não acreditar haver mais uma ideologia. Ou então acreditar em algum tipo de ideologia em não se confiar em mais nada, como política, por exemplo. E nesse tempo que passou, aconteceu como Cazuza cantava, “aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro”.

image4_post2.jpg© Google Images

Antigamente, candidatos em seus palanques deixavam bem claro suas visões políticas e em que acreditavam. Hoje não se pode mais falar mal de um partido em particular. Eles, candidatos e partidos, fazem de tudo pra ficarem neutros, pra assim poderem atingir todo o público e não afastar nenhum potencial eleitor. Com um exemplo desses e outros que temos visto por muitos anos sobre injustiça, nos fazem refletir: vale a pena seguir uma ideologia? Ela pode mudar o mundo?


“Mudar o mundo? Pra quê? Que besteira”, coisas que alguns já dizem, torcendo o nariz ao ouvir essas palavras. Sim, parece um tema um tanto quanto ordinário. Parece, mas não é. Diferente de Karl Marx, que tinha a ideologia como uma coisa negativa, como um tipo de falsa consciência e que não explica a realidade, para Lênin, revolucionário russo, o conceito de ideologia se vincula ao real e os desejos de alguma das classes sociais. Podendo classificar esse último como uma espécie de objetivo, algo no qual o povo acredite e queira lutar pelo que anseia.

Com este ideal, os conflitos são inevitáveis, muitas vezes ainda seguidas por violência. Esse é um dos motivos de muitos não serem a favor desse movimento, que em grande maioria, são os mesmos que fazem parte da classe social que não é tão prejudicada pelas falhas do sistema. E além de contra, são os que se dizem realistas e que criticam os que tentam a mudança, pois não acreditam ser possível alcançar a utopia a todos. Pode ser que seja impossível alcançá-la um dia, mas seja qual for a mudança conquistada nesse árduo caminho a percorrer, é um grande mérito. Buscar o respeito que está em falta aos cidadãos, nunca é algo perdido. Nunca.


“Os tempos estão mudando”, título traduzido em português de uma das canções mais famosas de Bob Dylan, funciona muito bem nesse momento que está marcando nossa história atualmente. Estamos em meio a grandes manifestos. O que parecia pequeno antes, agora ganhou força. Estão gritando o que há tempos está engasgado. Os garotos adormecidos, aqueles que queriam mudar o mundo, despertaram. Se lembraram de algo lá atrás e agora estão mostrando o que pareciam ter perdido.

 "Eu quero impactar o mundo, mas não posso fazer isso sozinho"

É essencial que tenhamos uma ideologia. Ela que nos move, nos ajuda a ter uma visão do mundo que queremos. Não atrapalha existir diferentes ideologias, contanto que elas tenham o propósito do bem comum da sociedade.

E é provado que é possível mudar o mundo. Nos encontramos na situação de hoje por diversas mudanças que ocorreram, décadas após décadas. Porém, para mudar o mundo, primeiramente precisa-se mudar o indivíduo. É ele que constroe e controla em práticas o mundo em que vivemos. E para mudar esse indivíduo, é preciso que se mude o mundo, porque é o lugar onde ele cresce e que o educa pra se tornar um cidadão. Sendo assim, é necessário que ambos mudem ao mesmo tempo, juntos, para podermos ter esse mundo que tanto queremos.


Entretanto, essa concepção de se vale a pena seguir um ideal e se ela pode mudar o mundo, só cabe a cada um decidir. De acordo com Gandhi, temos nossa própria caminhada e o resultado que teremos está na mesma proporção de nossos esforços. Assim, o mundo que tivermos, é o mundo que merecemos ter. E como aquele garoto que queria mudar o mundo ressurgiu, parece que estamos no caminho certo.

gustavoaraujo
Artigo da autoria de Gustavo Araújo.
Já tentou escrever um resumo de sua vida várias vezes e não conseguiu. Depois que viu o mundo e não quis mais parar, ficou ainda mais difícil..
Saiba como fazer parte da obvious.

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