quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Poetando


De meninas e sóis
em Crônicas por Manú Sena
Nascera com o sol esparramado por entre suas retinas.E desde cedo percebera que se espalhar pelas coisas era bom,assim como era bom,ver/aquecer as pessoas ao seu redor.Era uma menina com o sol por dentro, e sempre que amanhecia e o sol lá fora,beijava todo o quarto, ela absorvia aquela força e deixava-se envolver por aquela áurea irrestrita, deixando-se irradiar inteira pelos móveis,objetos,
fotos, papéis, lençol e cama.



O sol que ardia dentro dela as vezes se encontrava com o sol lá fora e quase sempre era uma festa de luzes e cores naquele quarto perdido naquela cidade. A menina sabia ser amiga e sabia ser arredia quando necessário.Tinha a fome de mil sóis e quem tivesse a chance de dela se aproximar tinha sempre dois caminhos: fugir de seu calor/queimadura ou se aproximar de seu calor/carinho.Sair para ver o mar era um de seus passatempos preferidos e foi diante dele,que um dia pediu um amor/passarinho.É que ela queria cuidar de alguém,responderia,se caso a perguntassem. Mas logo cedo percebera que amar seria uma das coisas mais difíceis de acontecer e que o amor era a coisa mais linda e a coisa mais complicada, tudo isto ao mesmo tempo. Ah! esta menina com o sol por dentro era tão sonhadora! Gostava de arquitetar sonhos e aventuras,de cavalgar em cavalos marinhos e dormir em nuvens azuis de formatos diversos.Gota a gota,bebia a vida,como se esta fosse um grande copo do suco mais saboroso ou da bebida mais quente e salutar.

Tinha um jeito único de se demorar nas pessoas e sob a pele de seus olhos podia-se perceber o mundo.No fundo,tinha um universo particular que era só seu e quase ninguém ousava romper este segredo,ou mesmo se aproximar deste mundo infinito e trancado a sete chaves.No entanto,muitos se enamoraram do seu jeito, a muitos ela ofereceu sua cama e seu leito,mas ninguém conseguira ficar.É que a menina tinha um jeito só seu de permanecer sem no entanto deixar que alguém permanecesse.Porque no fundo este calor que ela emanava queimava tanto quanto aquecia.É que no fundo o amor que ela suscitava preenchia tanto quanto doía.Melhor ficar longe,diriam muitos. É preferível o amor que aquece,mas que não queima,o amor que enobrece e que só esquenta a chama do amor,quando há amor, e não quando é só desencontro.

E a menina seguiu seu caminho. Esperando encontrar alguém que tivesse olhos de a olhar,sem se queimar. Que aceitasse correr o risco de se envolver com alguém feito de abismos,prestes a derrubar. E de feridas prestes a se abrir, porque o amor além de chama, também evapora. E além de vento,também semeia tempestades. Porque ela era uma menina com o sol por dentro, feita de precipícios também.



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manusena
Artigo da autoria de Manú Sena.
Professora de Literatura e estudante de Cinema e Audiovisual.Vive num mundo particular feito de gatos, filmes, livros,músicas e um bom café..
Saiba como fazer parte da obvious.

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