sábado, 12 de maio de 2012

Palestinos

Soraya Misleh e Murched Taha | Política e sociedade Os presos políticos palestinos e o papel dos intelectuais 07/05/2012 | Soraya Misleh e Murched Taha Copyright © 2012 Icarabe.org Neste momento, mais de 2 mil presos políticos palestinos – de um total aproximado de 5 mil, incluindo nove mulheres, 350 menores de 18 anos e 22 parlamentares - encontram-se nos cárceres israelenses. Denominados “prisioneiros administrativos”, sem acusação formal, estão em greve de fome há mais de 15 dias. Eles iniciaram esse movimento em oposição às detenções arbitrárias praticadas pelas forças de ocupação de Israel e as péssimas condições de tratamento a que são submetidos nos cárceres, como o isolamento dentro das celas e o confinamento em solitárias – alguns há anos nessa situação -, a não permissão de estudar, receber visitas de parentes ou do próprio advogado de defesa. Prisioneiros originários da Faixa de Gaza estão proibidos de receber visitas dos parentes há mais de cinco anos. Humilhações, inclusive nas inspeções diárias, são praxe e a tortura, institucionalizada. Em clara violação das Convenções de Genebra e das leis internacionais, estão em prisões dentro de Israel, e não nos territórios palestinos ocupados. Alguns se encontram em situação crítica do ponto de vista da saúde. As detenções arbitrárias vêm sendo utilizadas por Israel como forma de reprimir a população que se levanta contra a ocupação ilegal de suas terras e numa tentativa de silenciar a crítica desde a criação unilateral do estado sionista, em 15 de maio de 1948 – com a expulsão de cerca de 800 mil habitantes nativos árabes de suas terras e destruição de aproximadamente 530 aldeias, segundo escreve o historiador israelense Ilan Pappé em A história da Palestina moderna (Editorial Caminho, Lisboa, 2007). Lamentavelmente, a mídia brasileira ou não dá qualquer notícia sobre o assunto ou, quando o faz, distorce totalmente a realidade. Neste último domingo (6 de maio), a Globonews veiculou reportagem em que classificava os palestinos detidos ilegalmente por Israel de terroristas. Nem as crianças, a maioria presa por participar de manifestações ou atirar pedras contra tanques quando tinha apenas dez ou 12 anos, escaparam. A visão de um oriente repleto de bárbaros, incivilizados, incapazes de ter valores reais, que precisam ser dominados, ante um ocidente lógico e racional – denunciada pelo intelectual palestino Edward Said em sua obra Orientalismo – O Oriente como invenção do Ocidente (Companhia de Bolso, São Paulo, 2007) – está na raiz dessa cobertura. Como ocorre com os demais árabes, os palestinos são identificados com os “orientais”, enquanto Israel o é com os “ocidentais”. Os primeiros, portanto, ou são desumanizados ou invisibilizados. Esse estilo de pensamento contribuiu para a limpeza étnica promovida na Palestina. É papel dos intelectuais que têm compromisso com a verdade denunciar esse estado de coisas e se colocar ao lado da justiça. Uma boa oportunidade de manifestar sua solidariedade é apoiar o movimento dos presos políticos palestinos, exigindo sua libertação imediata. Essa ação, somada a outras, como a adesão ao boicote acadêmico e cultural – aos moldes do que foi feito para pôr termo ao regime de apartheid na África do Sul -, pode pressionar Israel a cumprir as leis internacionais. Às vésperas da data que lembra a nakba (catástrofe) palestina de 1948, um passo importante rumo ao reconhecimento histórico fundamental para que se ponha fim a 65 anos de colonização e opressão em terras palestinas. Compartilhe e divulgue! Soraya Misleh e Murched Taha (Icaarabe)

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