terça-feira, 15 de maio de 2012
Poesia
A CERTEZA DA ARANHA
(Roberto Menezes)
Uma aranha tecelã na cela
É minha última companhia
Que tece os fios invisíveis
De uma melancólica manhã.
Na cela fria e escura
onde espero a morte
Uma aranha tece poemas
pra mim
E deixa neles a certeza
De que está perto
o meu fim.
Sim
Já ouço os passos
Dos meus algozes e um padre
Pra encomendar minha alma.
Encaro o sacerdote
que abria um missal :
“Padre,como posso
salvar a sua alma
Da hipocrisia e do mal ?”
Um soldado me esbofeteia
E me empurra pra fora da cela
Agora mais fria porque vazia.
Só ficou a aranha e sua alegria
Rindo do padre, rindo de mim
Tecendo a teia sem parar
para seu próximo companheiro:
Um outro prisioneiro
Que na certa vai chegar.
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