quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Pensamentando

Terror, aventura e tragédia em Hollywood em Distopia por Lucas de Paula em 05 de out de 2012 às 01:53 A Guerra Fria não pegou fogo só nas batalhas indiretas entre soviéticos e americanos mas também acendeu a atual cultura ocidental. A maior industria de cinema do mundo coube perfeitamente nos propósitos do capitalismo. Ódes ao consumo fizeram grandes bilheterias, propagando o sonho americano com bandeiras americanas flamulando alto. O roteiro que prometia uma estilo de vida inimaginável em grande parte do mundo tem chegado ao seu duvidoso fim. Muito antes das fundações das torres gêmeas do World Trade Center, outras bases estavam sendo firmadas na alma dos Estados Unidos. Depois da segunda guerra mundial, o mundo se equilibrava na gangorra da Guerra fria. À esquerda os bandidos e à direita os mocinhos. Durante 46 anos vimos pela tela do cinema o imperialismo americano e a corrida armamentista disparar. As vozes de muitos sobressaíam, como a dos movimentos contra a discriminação as mulheres e negros, enquanto outras tantas eram caladas pela perseguição do macartismo. Típico terror americano aplicado de forma parecida após o 11/9. A semelhança não assusta, eles são filhos da mesma mãe: a graça da prosperidade americana. A fim de anular o comunismo, não faltaram “provas” para que qualquer sobrinho do Tio Sam abominasse o segundo mundo. As acusações de insanos, confusos e maníacos borbulhavam e ganhavam verdade através das mídias de massa da época. Para os americanos a riqueza brilhava aos olhos. A produção de bens de consumo, como televisores e automóveis disparou e o consumo foi na sequência. O oposto virou regra. O capitalismo decolava, ganhava teto (supostamente) infinito e sobrevoava o terceiro mundo. Foi durante a Guerra Fria que o cuidado com o conteúdo ideológico da cultura evoluiu. Seu inicio nos leva a lendária comissão liderada pelo Sen. Joseph McCarthy, desde a primeira investigação em 1949. O macartismo perseguiu os comunistas que eram colocados na lista negra, entre eles figuras célebres como Charles Chaplin, Orson Welles e Bertold Brecht. Apenas dois anos após Churchill inaugurar oficialmente em discurso a imaginária linha entre o ocidente americanizado e o oriente soviético, o filme “Cortina de Ferro (1948)” dirigido por William Wellman, contava a história real de um agente russo que não podia confiar em seus pares e acabara traindo seu país para se safar. A desvalorização da batalha alheia, implicava em glorificar a própria luta. O filme “Muralha de Sangue (1952)” de Tay Garnett, conta a história de um herói da guerra da Coréia que retorna são e salvo após arriscar a vida pela America no front. Enunciado também na guerra coreana, o diretor Elia Kazan, colaborador anti-comunista e delator de seus antigos camaradas, lançou “Sindicato de Ladrões” (1954), ganhador de 8 oscars. A representação do herói americano, as narrativas e cenários tão proximos dos acontecimentos de fato e a sequência de imagens originais narradas com detalhes, incutiram uma aura de atenção na sociedade. Era ver pela teletela a guerra dramatizada entre a Oceania e Eurásia, como na novela “1984” de George Orwell. O comunismo, depositário ideológico da propriedade comum num Estado sem luta de classes e desigualdade social, contrastava com a promessa americana de abundância no american way of life. O capitalismo encorpava e uma grande parte do mundo, principalmente o então chamado “terceiro”, queria ter a disposição os incríveis produtos criados no ocidente rico. A America Latina amargava ditaduras, algumas com ditadores diplomados pela Escola das Americas, instituição militar americana instalada no Panamá. O imperialismo americano apoiava sem pudor tudo aquilo que afastava o fantasma socialista ou comunista. A mudança do pensamento crítico em relação aos outros países, sobretudo os inimigos da OTAN, baseava-se no ideal formado da democracia. Ela passava a ser uma premissa dos Estados Unidos e isso bastava para tomar como tirano tudo aquilo que não o fosse. As promessas de liberdade e igualdade num estado de direito colocaram em discussão problemas profundos como a discriminação contra mulheres e negros, mas para difundir esse idealismo social de consumo pleno, trabalho para todos, economia em forma, liberdades individuais garantidas e, enfim, felicidade, correu os 5 continentes lançando bombas de efeito imoral sobre eles. Endereçados às massas, os enlatados exportados espalharam o seu padrão através de toda a sorte de maquinas de produção audiovisual durante esse período. O merchandising no cinema estabelecia uma supremacia ideológica no mundo, assentando ícones como Coca-cola, McDonalds ou Nike, verdadeiros simulacros da cultura estadunidense. Essa imersão feita através da tela do cinema trouxe ainda mais profundidade na disseminação dos seus valores de dominação através da força e autorreferenciação como redentor mundial. Na corrida espacial, a Hollywood politizada conseguiu chegar antes da propria NASA, mas não antes da URSS. Em 1961, o russo Yuri Gagarin foi o primeiro homem a sair da orbita da Terra e voltar. No entanto foi Stanley Kubrick quem colocou o filme “2001: Uma odisséia no espaço” (1968) na história. Com uma indicação ao Oscar pelos efeitos especiais, tornou-se épico pela cena que comparava um osso usado como arma por um primata a um aparelho espacial do futuro. Na disputa pelo espaço, outros lançamentos também se associavam. O Strategic Defense Iniciative, programa apresentado em 1893 pelo presidente Ronald Reagan, ganhou a mesma alcunha do filme de George Lucas, “Guerra nas Estrelas” (1977). Uma das 10 maiores bilheterias do cinema que teve 11 indicações ao oscar e ganhou sete estatuetas. Untitled.jpg Até 1991, ao fim “guerra”, a exaltação à America, sempre simbolizada com bandeiras flamulando alto, jovens aproveitando a vida adoidado, famílias prosperas, carros grandes e com uma liberdade inimagináel em grande parte do mundo. As bilheterias só cresciam junto com Hollywood e sua fama de centro do entretenimento no mundo. As celebridades personificavam o sucesso com suas figuras sendo transformadas e transmitidas desgovernadamente. A manipulação das imagens era a ferramenta ideal no apelo de aculturação. Se em uma foto podemos criar histórias totalmente dissociadas do momento real, na grande tela nos entregam as memórias prontas, trabalhando imagens que se sucedem em movimento, uma simulação da própria visão. Como disse McLuhan, o cinema é o mundo real do tolo. Na experiência onírica das salas, o mundo dormiu com o sonho americano e hoje acorda fora dele. Os 6 maiores estúdios são representados pela Motion Pictures Association of America (MPAA), engrossam o lobby anti-pirataria no congresso de McCarthy e que recentemente acenou com o SOPA (Stop Online Piracy Act). Com a constante massificação das formas de produção e exibição, a maneira que Hollywood usou a 7ª arte, como instrumento de doutrinação, durante tantos anos é ameaçada pelos cineastras de YouTube que hoje revolucionam o audiovisual. Essa é uma história que está em cartaz e nós já estamos assistindo. lucaspaula Artigo da autoria de Lucas de Paula. Webwriter e redator publicitário. Escrever se resume a simplicidade, potência e poesia para traduzir mundos. . Saiba como fazer parte da obvious. Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/conteudo_contundente/2012/10/terror-aventura-e-tragedia-em-hollywood.html#ixzz28iAnVuZk

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