segunda-feira, 11 de julho de 2011

Aviação

A História só lembra os vencedores, aqueles que tiveram sucesso e conheceram a fama. Para trás ficaram os derrotados, mas não só. Também por lá ficaram aqueles que chegaram apenas em segundo lugar, os menos sortudos, os que fizeram opções erradas ou simplesmente os que menos souberam tornar-se conhecidos. Mas todos estes de que não rezam os livros contribuíram certamente com o seu esforço pessoal, tantas vezes decisivo, e fizeram com que as páginas da História fossem viradas com sucesso. Assim é a História da Aviação, uma perigosa e fascinante aventura onde Santos Dumont ou os irmãos Wright não colheram sozinhos os louros.

Embora o famoso voo do irmãos Wright tenha ocorrido apenas no início do século XX, podemos situar cerca de cem anos antes o ponto de partida da aviação moderna. O inglês John Strinfellow, por exemplo, foi um verdadeiro precursor. Em 1848 voou uma pequena distância num engenho mais pesado que o ar concebido e construído por ele próprio e por outro inventor, William Samuel Henson. Chamaram à sua invenção Aerial Steam Carriage, isto é, "carro voador a vapor", uma vez que era movido por uma máquina a vapor. Dispunha já da maior parte das características dos modernos aviões, como hélices, fuselagem, trem de aterragem e controlo através de lemes direccionais mas tinha grande dificuldade em elevar-se no ar. Não teve sucesso.

Alguns anos depois, em 1856, Jean-Marie Le Bris escolheu uma fonte de energia mais convencional para elevar no ar o seu engenho: em vez de cavalos-vapor escolheu... um cavalo. Isso mesmo. O animal a galope puxava o "Albatroz" - assim se chamava o seu invento - como se tratasse de um papagaio de papel. O esforço foi vão. Le Bris apostou no cavalo errado e teve pouco futuro, obviamente.

A ideia de imitar os pássaros persistia e fez com que os a maioria dos inventores continuassem a desenhar planadores. Foi o que aconteceu com William Paul Butusov, criador de mais um "Albatroz", que devia levantar voo de um carril. O insucesso de mais esta tentativa só serviu para demonstrar a inutilidade deste tipo de engenhos e reforçar a necessidade de optar por máquinas com motor.

O americano Hiram Maxim foi um dos que teve esta convicção. Concentrou-se no factor leveza e projectou um enorme engenho inspirado num papagaio de papel que possua dois potentes motores a vapor. Montado num carril, voou apenas cerca de 500 metros e a experiência ficou por aí mas Maxim tinha demonstrado que era possível erguer do solo um engenho pesado se se conseguisse um motor suficientemente potente. Estávamos em 1894.

A importância de Horatio Philips foi grande, pois foi o primeiro a pôr em prática as teorias aerodinâmicas que ainda hoje fazem com que os aviões voem: a diferença de pressão entre a superfície inferior e superior de uma asa. Após duas tentativas menos bem sucedidas, desenhou um "avião" com 20 pequenas asas e uma hélice, que chegou a erguer-se do solo em 1904.

A moda das asas múltiplas parecia ter vindo para ficar. Em 1921, o italiano Gianni Caproni desenhou um hidroavião fantástico para a época: nove asas e oito motores. Chamou-lhe Transaero. Voou uma vez.

Mas os admiradores dos pássaros continuaram fieis aos planadores, como George White, que em 1930 inventou esta bizarra e elegante passarola. Desconhecemos se o engenho chegou alguma vez a funcionar.
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Sobre a autora: rita novaes interessa-se por História e por histórias, sobretudo se forem bem contadas, por máquinas fantásticas e objectos coleccionáveis. Saiba como fazer parte da obvious.


(Obvious)

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