segunda-feira, 30 de abril de 2012

Millôr, o gênio de direita

RESPOSTA DA CIGARRA A NIZAN GUANAES (Uma fábula tupiniquim de Millôr Fernandes) Posted: 25 Apr 2012 11:19 AM PDT RESPOSTA DA CIGARRA A NIZAN GUANAES A CIGARRA E A FORMIGA (2009) (Millôr Fernandes) Cantava a Cigarra Em dós sustenidos Quando ouviu os gemidos Da Formiga, Que, bufando e suando, Ali, num atalho, Com gestos precisos Empurrava o trabalho: Folhas mortas, insetos vivos. Ao ver a Cigarra Assim, festiva, A Formiga perdeu a esportiva: “Canta, canta, salafrária, E não cuida da espiral inflacionária! No inverno, Quando aumentar a recessão maldita, Você, faminta e aflita, Cansada, suja, humilde, morta, Virá pechinchar à minha porta. E, na hora em que subirem As tarifas energéticas, Verá que minhas palavras eram proféticas. Aí, acabado o verão, Lá em cima o preço do feijão, Você apelará pra formiguinha. Mas eu estarei na minha E não te darei sequer Uma tragada de fumaça!” . Ouvindo a ameaça, A Cigarra riu, superior, E disse com seu ar provocador: “Você está por fora, Ultrapassada sofredora. Hoje eu sou em videocassete Uma reprodutora! Chegado o inverno, Continuarei cantando – sem ir lá – No Rio, São Paulo Ou Ceará. Rica! E você continuará aqui Comendo bolo de titica. O que você ganha num ano Eu ganho num instante Cantando a Coca, O sabãozão gigante, O edifício novo E o desodorante. E posso viver com calma Pois canto só pra multinacionalma”. (Blog l. Nassif)

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