terça-feira, 23 de abril de 2013

Neutralidade

Nenhuma neutralidade será perdoada

Por Ana Helena Tavares, editora do Quem tem medo da democracia?

Toda escolha tem seu preço.
Todo preço tem que ser pago.
A moeda é só o começo.
O suor é que faz estrago.

De que adianta ter o metal?
Aquele mais vil da Terra?
Se não há no peito um ideal?
Se nenhum grito em ti berra?

Nada de esquerdas nem direitas?
Nem oposição nem situação?
Tu te olhas no espelho e te aceitas?
Ou não te aguentas na solidão?

Nos muros não há plateia.
Elas só se posicionam nos lados.
Não há povos, nem na Galiléia.
Que gostem de ser enganados.

Só há saída na ousadia
A maior ousadia é escolher
Seu pedaço, sua fatia
Ou queres tudo comer?

Colocas muitos peixes numa rede?
Sem por cores e sabores optar?
Vais boiar a deriva e com sede
De algo que possa amar.

Insustentáveis são suas hastes.
Falas, falas e a poucos atrais.
Aqueles com quem lutastes
São os mesmos que agora trais.

Ah, não queres ousar ser quem és?
Vais ser mais um na multidão.
Se não escolheres dedos ou anéis
A história não perdoará sua indecisão.
(QTMD0

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