segunda-feira, 15 de abril de 2013

Saramago

"Saramago foi um comunista profundamente honesto e humilde", afirma Ernesto Cardenal

O poeta e sacerdote nicaraguense Ernesto Cardenal (foto) disse que o escritor português José Saramago, que morreu aos 87 anos, era "um belo ser humano" e um "comunista profundamente honesto".

A reportagem é da Agência Efe, 19-06-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Ele era um grande escritor, merecedor como poucos do grande prêmio Nobel (de Literatura), mas além disso era um belo ser humano, um comunista profundamente honesto, defensor de todas as boas causas, um homem humilde", afirmou Cardenal.

Cardenal, indicado ao Prêmio Nobel de Literatura de 2010 pela Sociedade Geral de Autores e Editores (SGAE) da Espanha, confessou que Saramago, do qual lamentou a morte "como todo mundo", foi "muito carinhoso" com ele.

Saramago, Prêmio Nobel de Literatura de 1998, se solidarizou com o sacerdote e poeta trapista em agosto de 2008 após ser condenado por injúria por um juiz de Manágua, condenação que Cardenal denunciou como una "vingança" do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, do qual é um forte crítico.

"Ernesto Cardenal, um dos mais extraordinários homens que o sol esquenta, foi vítima da má consciência de um Daniel Ortega indigno de seu próprio passado, incapaz agora de reconhecer a grandeza de alguém a quem até um Papa (João Paulo II), em vão, tentou humilhar" em 1983, indicou Saramago.

Nessa ocasião, por meio de um e-mail distribuído em Manágua, o escritor português disse, em alusão à Ortega: "Mais uma vez, uma revolução foi traída por dentro".

Cardenal, ministro da Cultura durante o primeiro governo sandinista (1979-1990) e que foi absolvido dessa condenação por injúria, explicou que se encontra no El Salvador como convidado para uma homenagem ao poeta salvadorenho Roque Dalton, pelos 35 anos de sua morte.

Saramago faleceu nesta sexta-feira em sua casa de Lanzarote (Ilhas Canárias, Espanha) por causa de uma leucemia crônica, segundo fontes familiares.


(I.H.U.)

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