domingo, 12 de janeiro de 2014

Brasil

Copa e anti-copa O irrequieto sr. Blatter, do alto da montanha suíça onde vive, acusou o Brasil de ser o país que mais atrasou as obras da Copa do Mundo. Flávio Aguiar O irrequieto sr. Blatter, do alto da montanha suíça onde vive, acusou o Brasil de ser o país que mais atrasou as obras da Copa do Mundo. Pode-se dizer que ele deu, no plano internacional, o pontapé inicial do que vai ser o jogo do ano de 2014. Do jogo fora das quatro linhas, bem entendido. Terá como ponta-de-lanças as mídias atacantes Economist e Financial Times, com o meio do campo reforçado por setores neo-liberais de outras mídias, que incluirão até o New York Times, o The Guardian, Le Monde, Corriere della Sera, El Pais, e provavelmente a germânica Der Spiegel. Na defesa, dando bico para tudo quanto é lado, estarão os cronistas do desastre anunciado no Brasil, os arautos da velha mídia, que estão apostando em: 1) Movimentos como o “Não vai ter Copa”, com primeiro jogo marcado para o 25 de janeiro. 2) Movimentos como “Anônimos”, “Vem pra rua você também”, esperando que manifestações ganhem corpo de meados de junho a meados de julho, com vaias nos estádios cada vez que o tema roçar ou mostrar a presidenta Dilma. 3) Na esperança inconfessável de que arruaças do tipo “Blackblocks” e possíveis outras provocações pseudo-anarquistas ou de direita mesmo contem com o inestimável apoio de uma brutalidade da polícia, para expor “a farsa Brasil” dentro e fora do país. 4) Se de tudo sair alguma vítima fatal mesmo que seja uma única, melhor ainda. Parece, diante dos prenúncios cada vez menos desastrosos sobre a economia, apesar de dificuldades na área industrial e na balança comercial, e diante da inépcia embolada das candidaturas de oposição, que está é a única bala de prata que resta para estas oposições midiáticas. Ao invés de apostas programáticas – já que os verdadeiros programas de direita no Brasil são inconfessáveis pelos candidatos, embora existam, só lhes resta apostar nos anti-programas, nas catástrofes políticas e sociais possíveis e imagináveis. E nas inimagináveis também. Que candidato vai fazer a loucura de dizer que vai fechar o Bolsa Família? Ou outros programas sociais? Que candidato terá a temeridade de dizer que vai cortar o Pro-Uni (a não ser na extrema esquerda) e a política de quotas? Que candidato vai confessar que vai esvaziar o Mercosul e voltar à velha política de privilegiar “os países que importam”, quer dizer, a velha política de subserviência aos Estados Unidos e à Europa? E que candidato vai ter a coragem de dizer que, na verdade, vai acabar com essa parolagem de meio-ambiente e vai favorecer a expansão desregrada do agrobusiness no Cerrado, na Amazônia legal e ilegal? Mesmo com apoio do Greenpeace e do SOS Mata Atlântica antes da eleição. Que candidato vai delcarar que a política de juros altos e de desindustrialização através da “abertura” será o norte desta nova dependência em relação aos fortes Nortes da geopolítica? Que candidato dirá que vai retomar uma política de dependência também no campo da defesa militar, seja na Amazônia, no espaço aéreo ou na plataforma marítima (leia-se Pré-Sal). Que candidato dirá que vai rifar os ganhos do Pré-Sal entre multinacionais e outros barões da indústria fóssil, ao invés de destiná-los prioritariamente à educação e ao investimento tecnológico? Ou que vai diminuir ainda mais as verbas da saúde pública em favor das indústrias privadas do setor? Ou que vai tocar do país os médicos cubanos e outros que vieram auxiliar as regiões desastissidas? Ou que voltarão a criminalizar os movimentos sociais, especialmente o MST? E por aí vai. Mas podem crer: confessem ou não os candidatos e os arautos da velha mídia, é tudo isto que nos espera e muito mais caso as oposições de hoje ganhem a eleição em outubro. Porque as oposições hoje no Brasil têm sobretudo uma visão anacrônica, provinciana e paroquial do mundo que as cerca, incapazer de ver, por exemplo, que mesmo dentro do sistema capitalista a melhor tendência dominante é a da formação de blocos regionais, da Europa desenvolvida à África subdesenvolvida. E por aí também vai. Mas como tudo isto é inconfessável, só resta a bola, quer dizer, a bala de prata da Copa e da Anti-Copa. Deste modo, o jogo opositor da Anti-Copa torna-se um jogo anti-Brasil, dentro e fora das quatro linhas. Na ilusão de que se a Copa for normal ou próxima disto, e de que, pior ainda, de que se o Brasil ganhá-la, a reeleição da presidenta estará garantida, vão apostar delcaradamente na primeira condição – “não à Copa” – e surdamente na segunda – “que o Brasil perca dentro do campo, se a Copa for fuindo”. Vamos ver como eles conseguirão conclamar, sem revelar, sem expor, tudo isto para as galeras nas praças e diante da tevê antes, durante e depois dos jogos. Como diz o Saul Leblon, a ver. (Outras Palavras)

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