domingo, 30 de janeiro de 2011

Cuba II

Frei Betto: Cuba rumo a mudanças

Cuba vive um momento de mudanças profundas no país. Um documento preliminar — Projeto de Orientações da Política Econômica e Social — é debatido pela população. Como saída para a crise, o documento propõe o fim do subsídio a produtos da cesta básica, compensado pelo aumento de salário; cultivo de terras ociosas; reestruturação do sistema de empregos e uma política salarial mais rigorosa.

Apesar das dificuldades, o governo assegura aos 11 milhões de cubanos os três direitos fundamentais: alimentação, saúde e educação. Cuba não pretende retornar ao capitalismo. O documento enfatiza que “só o socialismo é capaz de vencer as dificuldades (…) e que a atualização do modelo econômico primará pela planificação e não pelo mercado.”

Cuba se destaca pela solidariedade internacional. De 1961 a 2009, diplomaram-se na ilha, gratuitamente, 55.188 jovens de 35 países, dos quais 31.528 de nível universitário. Hoje, há 29.894 bolsistas estrangeiros em diferentes especialidades. Prestam serviço, em 25 nações, 1.082 educadores cubanos. Na área da saúde, Cuba atua em 78 países, com 37.667 colaboradores, dos quais 16.421 são médicos.

Cuba está convencida de que a completa estatização da economia é inviável. Daí a proposta de manter empresas estatais ao lado de outras de capital misto, bem como modalidades diversas de iniciativas não estatais, como cooperativas.

Com as futuras reformas, mais de 1 milhão de cubanos devem perder seus empregos na estrutura estatal. Um desafio é a requalificação profissional dos desempregados, a fim de se evitar a contravenção, o narcotráfico e a economia paralela.

As reformas anunciadas significam maior democratização do socialismo. O Estado deixa de ser o grande provedor para se tornar o principal impulsionador do desenvolvimento.

Frei Betto é escritor, autor de ‘Cartas da Prisão’
Twitter:@freibetto

Original em O Dia

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