segunda-feira, 7 de março de 2011

Betando

RobertoMenezes:
Amigas e amigos do Orkut :
Várias pessoas me recomendaram voltar ao Facebook, que deixei há mais de um ano. Entrei de novo, meu espaço estava lá com a mesma lista de amigos que hoje já nem são, e as mesmas mensagens que deixei postadas lá como inscrições nos túmulos. Senti uma energia nervosa e expansiva , como se o mundo todo estivesse conectado ali. Sei que é. Mas quanta futilidade, quanta besteira, quanta vaidade. Atrizes, atores, diretores de cinema, celebridades, muita gente que compõe minha rede de amigos no Orkut mas deixou de responder aos textos que eu postava aqui. Estão todos lá. Pra mim, sinceramente, não dá. Tenho mais de um século de existência, gosto das palavras que encantam e das imagens que nos fazem refletir. Entrei hoje,domingo à noite, no Facebook e encontrei a linguagem clipada e escorregadia de um grande comercial de TV com milhares de atores . Todos trabalhando de graça mas querendo o seu brilho único, o momento de mostrar que é inteligente numa frase,cortar e entrar em outra conversa. Que não se zanguem comigo os que estão lá. Se estão é porque acharam o seu espaço ou gostam do ritmo alucinante. Pra quem ama os filmes do russo Andrei Tarkovski, do cinema dos anos 60, e até mesmo os grandes filmes faroestes , verdadeiras tragédias gregas que se contavam sem pressa no oeste americano. Pra quem ama o cinema que se acabou, o Dostoiévski que ninguém lê, o Joyce de Dublinenses, e os Cantos de Ezra Pound, fica difícil encarar essa vertigem artificial : tudo lantejoula, falso brilhante, bijouteria de plástico. Não preciso daquela linguagem louca pra massagear o meu cérebro. Tenho aqui no Orkut a brilhante Yêda Fajardo com seus questionamentos e sólida cultura , os labirintos existenciais da Lina Logos, os contos de Daniii, as buscas culturais da Cléo Gonzalez, a suave promessa das poesias da Ysa de Belém, a poesia de Marília Abduani e Ninféia Arlete, a força amiga de Marilene, os sonhos artísticos de Bárbara e outras. Gente que fala como a gente, sem a pose arrogante dos astros e estrelas de comercial de xampu. E cito somente as amigas porque os homens, meus amigos do Orkut, só falam de vez em quando. Talvez confirmando que homem não sabe fazer duas coisas de uma vez só e as mulheres sempre acham um jeitinho e um tempinho de responder,como um afago, às minhas tentativas de vencer a falta de comunicação. Embora nos matem de vez em quando, as mulheres, que nos dão a vida, continuam nos alimentando com o maná da ternura, da escuta, do querer dialogar.
Eu achei o Face Book, de tantas caras bonitas,de tantas frases “inteligentes”, uma feiúra só, um bolo de afetação e arrogância. Me desculpem, discordem, me ataquem, podem achar que eu “já era”. Mas não posso ser de outro jeito. Eu já era mesmo. Pra isso aí, já era. E Viva Belém, de Ninféia, de Ysa, onde se “sabe a calma pra ir, se perde a pressa para estar, se perde o verbo para si, se sabe o sonho para lá”. (versão minha,em prosa, do poema de Caetano Veloso e João Donato). Naturalmente.
Abraço geral
RobertoMenezes

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