segunda-feira, 7 de março de 2011

Egito

Multidão cobra a queda de ministros ligados a Mubarak na Praça Tahrir
Milhares de pessoas voltaram à Praça Tahrir nesta sexta-feira, 25, um mês depois do início do movimento que culminou com a derrubada de Hosni Mubarak. O protesto aconteceu também duas semanas após a queda do presidente. A multidão de homens, mulheres e crianças mostrou que o processo revolucionário não terminou.
Por Adriana Delorenzo, do Cairo
[25 de fevereiro de 2011 - 14h29]
Durante a manifestação, o povo egípcio reivindicou a queda de todos os ministros ligados ao Partido Nacional Democrático, do ex-presidente. Pediram também que todos os políticos e policiais que reprimiram os manifestantes durante os 18 dias de protestos sejam levados a julgamento, incluindo Mubarak. O fim da lei de emergência e que todos os presos políticos sejam colocados em liberdade eram outras reivindicações. Para a formação do novo gabinete, os manifestantes querem a indicação de técnicos, pessoas não relacionadas aos partidos políticos existentes.

“Eu estou aqui hoje porque nossa revolução ainda continua”, disse a ativista Salma Said, de 25 anos. “Mubarak foi quem escolheu esse gabinete e nós queremos mudá-lo por tecnocratas egípcios e ainda exigimos a punição de todos os policiais que participaram do massacre que ocorreu nesta praça. Espero que o povo continue lutando contra todas as injustiças.” O novo gabinete, formado por 10 ministros, foi empossado pelo chefe do Conselho Supremo Militar do Egito, Mohamed Hussein Tantawi, que dirige o país até as próximas eleições.

Outra participante do protesto, a estudante de Antropologia Fatima Fowsi Al-Ali, afirmou que é necessário mais pressão: “Temos que banir a lei de emergência, que permite à polícia prender qualquer pessoa.” Ela também afirma que a primeira coisa a fazer é afastar todos que tinham ligação com o antigo regime do governo. “Não é difícil para ninguém se tornar um ativista aqui, nosso país enfrenta muitos problemas econômicos, sociais e políticos”, disse Fatima. “Por isso estamos aqui, não queremos continuar vivendo com 40% da população abaixo da linha de pobreza.”

Foi o que aconteceu com o estudante de Engenharia Shaheer Sherif. “Vim aqui na Praça Tharir desde o dia 25 de janeiro em todos os protestos. Vim sozinho, não conhecia ninguém.” Nesta sexta-feira, o rapaz de 23 anos estava distribuindo folhetos denunciando a atuação dos 10 ministros indicados. “A maioria dos egípcios não quer mais vir para as ruas, pensam em dar uma chance ao gabinete, mas como podemos dar uma chance se demos 30 anos para Mubarak.” De manhã, antes de ir à Praça Tahrir, ele pesquisou no Google cada um dos membros, escreveu um texto e tirou cópias. “80% dos ministros são do Partido Nacional Democrático. Estou orgulhoso de ter me tornado um ativista pelo meu país.”

Organização

Pacífico, o protesto desta sexta-feira reuniu três carros de som absolutamente abertos. Qualquer pessoa poderia se inscrever e falar. No dia da queda de Mubarak havia sete carros. Para evitar a entrada de policiais à paisana, em todas as ruas que dão na Praça, havia um tanque do exército. De um lado, entravam as mulheres, do outro, os homens, após mostrar o documento. A cada duas horas eram chamados, nos microfones, voluntários para fazer a função de segurança. Em cima dos tanques, egípcios balançavam a bandeira do país. As cores preta, vermelha e branca estavam por toda a parte, até nas mulheres de niqab ou burca. Vestidas de preto, elas deram um jeito de colocar as cores do Egito. Durante a manifestação, homens em grupo paravam para rezar, enquanto outros grupos batucavam os tambores em ritmo de música árabe.
(Revista Forum)

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