quinta-feira, 3 de março de 2011

J. Mautner

Jorge Mautner: a lucidez de um mutante brasileiro






Com coração de menino, o poeta da Bandeira do Meu Partido completa setenta anos de idade.
Por José Carlos Ruy
www.vermelho.org.br
É inacreditável que Jorge Mautner, com seu espírito de menino, tenha completado sete décadas de existência! Fértil, provocativa, provocadora, a vida de Mautner tem sido um furacão de criatividade na música e na literatura. Ilustre mistura de judaísmo (do pai), catolicismo (da mãe) e do candomblé (da babá, que era ialorixá), filho de refugiados do nazismo que se conheceram no Brasil, Mautner é uma espécie de exemplar da mistura cultural e étnica fundida no cadinho humano que é o Brasil e a frase que melhor define sua postura talvez seja aquela onde ele diz: “ou o mundo de brasilifica ou vira nazista!”

Ele nasceu em 17 de janeiro de 1941. Desde a infância foi empurrado para os livros e para a música – nascia, naquele garoto que crescia em São Paulo essa mistura de pensador e músico que deixaria, no futuro, uma marca notável a cultura brasileira.

Escreveu seu primeiro livro, “Deus da chuva e da morte”, quando tinha 15 anos, que compõe a trilogia ”Mitologia do Kaos”; nele está a marca da ousadia experimental daquele adolescente inquieto. Desde então (o livro foi publicado em 1962) publicou 13 livros (o último é O filho do hjolocausto – memórias (1941-1958). Na música, até agora são também 13 discos. Em 1962, filiou-se ao Partido Comunista e passou a militar na área cultural. Preso em 1964, exilou-se nos EUA em 1966. Na década seguinte, aproxima-se – ainda no exílio – de Caetano Veloso e Gilberto Gil. No Brasil, conhece Nelson Jacobina, com que iniciaria uma parceria que atravessaria as décadas seguintes.

Algumas de suas canções se tornaram clássicas, colmo O vampiro e Maracatu atômico. Entre elas se destaca A bandeira de meu partido que se transformou num hino informal dos comunistas brasileiros.

Canções
A Bandeira do Meu Partido

A bandeira do meu partido
é vermelha de um sonho antigo
cor da hora que se levanta
levanta agora, levanta aurora!

Leva a esperança, minha bandeira
tú és criança a vida inteira
toda vermelha, sem uma listra
minha bandeira que é socialista!

Estandarte puro, da nova era
que todo mundo espera, espera
coração lindo, no céu flutuando
te amo sorrindo, te amo cantando!

Mas a bandeira do meu Partido
vem entrelaçada com outra bandeira
a mais bela, a primeira
verde-amarela, a bandeira brasileira

(Patria Latina)

Nenhum comentário:

Postar um comentário