sábado, 12 de março de 2011

O. Médio

Sultão de Omã não consegue deter protestos
Por Correspondentes da IPS
Sohar, Omã, 4/3/2011 – Novos protestos populares aconteceram no sultanato de Omã esta semana, seguindo uma onda de manifestações que pedem democracia em todo o mundo árabe. A habitual tranquilidade na cidade portuária de Sohar, no Norte, foi abalada nos últimos dias. Testemunhas disseram que soldados dispararam para o ar e feriram uma pessoa, no dia 1º, quando tentavam dispersar uma multidão que protestava perto dessa cidade. “Éramos entre 200 e 300 pessoas na estrada. O Exército começou a disparar para o ar”, contou um dos manifestantes. “Muitas pessoas correram. O homem atingido tentava acalmar o Exército”, acrescentou.

A multidão se dispersou, somente para se reagrupar na Praça Globe, perto do Porto, e as tropas se retiraram, segundo testemunhas. Mais tarde, o tráfego começou a fluir livremente no Porto, e na Praça ficaram estacionados cinco blindados, mas os manifestantes tinham desaparecido. Era o quarto dia de protestos em Omã. Os manifestantes exigem mais empregos e reformas políticas. No dia 28 de fevereiro, eles bloquearam a entrada do Porto de Sohar, que exporta diariamente 160 mil barris de 159 litros cada de petróleo refinado.

Também foram registrados pequenos protestos na capital, Muscat. Cerca de 300 pessoas se manifestaram diante da sede da Assembleia Consultiva do Sultanato, no dia 1º, exigindo reformas e o fim da corrupção. O protesto foi organizado por intelectuais e organizações da sociedade civil. Os manifestantes carregavam cartazes onde se lia “queremos empregos”, “queremos salários melhores”, e “queremos liberdade de imprensa”.

Enquanto isso, cerca de duas mil pessoas se reuniram em uma mesquita para expressar seu apoio à monarquia absoluta do sultão Qabus bin Said, que governa este país há quatro décadas. Seus partidários responsabilizaram os manifestantes pela violência desta semana. No dia 27 de fevereiro, em uma tentativa de acalmar as tensões, o sultão prometeu criar 50 mil novos empregos, fornecer ajuda aos desempregados no valor de US$ 390 mensais e considerar uma ampliação de poderes para a Assembleia Consultiva, que exerce apenas a função de assessoria.

Houve informes desencontrados sobre o número de mortos nos enfretamentos de Sohar no dia 27, quando a polícia abriu fogo contra manifestantes que atiravam pedras, após tentar dispersá-los com cassetetes e gás lacrimogêneo. O Ministério da Saúde informou que uma pessoa morreu, mas um médico e várias enfermeiras de um hospital estatal asseguraram que foram seis vítimas fatais. “Estamos em contato com o governo e aconselhamos a contenção e a resolução dos conflitos por meio do diálogo”, disse no dia 28 o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, P. J. Crowley.

Os partidos políticos estão proibidos em Omã, e o sultão Qabus exerce o poder absoluto. O monarca reorganizou seu gabinete no dia 26 de fevereiro, uma semana depois que os protestos em Muscat deram o primeiro sinal de que o descontentamento popular em todo o mundo árabe poderia chegar a Omã. Este país integra a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), produz 850 mil barris diários e tem fortes vínculos militares e políticos com o Ocidente.

Em alguns países árabes ricos da região, como Arábia Saudita e Kuwait, as autoridades prometeram milhares de milhões de dólares em benefícios públicos e ofereceram modestas reformas para manter a calma de seus habitantes, depois que movimentos populares derrubaram os governos da Tunísia e do Egito, e agora ameaçam o da Líbia. Envolverde/IPS

*Publicado sob acordo com a Al Jazeera.

(IPS/Envolverde)

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