W.Allen

"Para Roma Com Amor" de Woody Allen
por Eli Boscatto em 29 de jul de 2012 às 14:25

As contradições humanas costumam ser muito bem retratadas por Woody Allen com sua ironia rascante e por vezes um fino humor.

Em seus filmes, pessoas comuns, frustrações, inveja, ganância, vaidade e o eterno conflito entre aquilo que condenam e ao mesmo tempo desejam; e a máscara conveniente e necessária da hipocrisia. Na comédia romântica Para Roma com Amor, Woody Allen volta a enfocar nesses temas, sempre tão pertinentes, tendo como cenário a cidade de Roma e personagens da vida cotidiana, em 4 histórias paralelas.

Allen, além de ter escrito e dirigido, também atua no filme. Ele é um produtor artístico americano aposentado e desiludido com a profissão em seu país no qual nunca teve sucesso, que vai para Roma com sua mulher, conhecer o noivo da filha. No início estranha aquela família. O rapaz, que vive tendo divagações socialistas ultrapassadas e o pai que é dono de uma funerária e costuma cantar no chuveiro. Então prestando mais atenção ao ouví-lo cantando, vê ali um potencial talento, mas o homem nunca se interessou em cantar profissionalmente. Allen faz de tudo para convencê-lo a mudar de ideia e quer produzir um musical com ele, porém o pai do rapaz só consegue cantar no chuveiro.

Um cidadão leva uma vida pacata sem muitas ambições quando de repente fica famoso e perde totalmente sua privacidade, sendo o tempo todo vigiado e perseguido pela imprensa. Ao mesmo tempo que lastima sua situação, acaba por usufruir da sua repentina fama. No dia em que a imprensa volta seu foco para outra pessoa e o esquece, a princípio ele fica aliviado, mas logo depois sente falta do reconhecimento que a fama havia lhe proporcionado.

Dois jovens recém-casados de famílias conservadoras um tanto provincianas, se hospedam em um hotel em Roma para passar a lua de mel. Depois de alguns contratempos os dois acabam se perdendo um do outro na cidade e por algumas horas o destino deles toma rumos diferentes, e acabam por cair nos braços de outras pessoas. A mulher se encanta por um astro de cinema do qual se diz fã e acaba por achar que não há nada demais em dormir com ele, já que se trata de uma celebridade. O homem acaba se envolvendo sem querer com uma garota de programa e depois de uma certa resistência acaba cedendo à oportunidade. Mas quando voltam a se reencontrar, parece que aquelas aventuras inesperadas acabam de alguma forma os aproximando mais.


Um jovem recém formado em arquitetura cheio de dúvidas com a profissão, conhece um profissional da mesma área mais velho e famoso que se torna uma espécie de alter ego que só ele vê, passando a lhe dar alguns conselhos sutis e a alertá-lo antecipando acontecimentos. Mas quando ele é apresentado para a amiga da namorada, uma aspirante à atriz bonita que usa frases de efeito para impressionar e comportamento idem, fica seduzido por aquela personalidade “tão fascinante” e pensa estar apaixonado por ela. Quando ela resolve ir embora, percebe que ela só estava “atuando”.

"Todos usamos máscaras e chega uma hora em que não podemos tirá-las sem arrancar nossa própria pele".
André Berthiaume


  


eliboscatto
Artigo da autoria de Eli Boscatto.
Formada em Ciências Políticas e Sociais, curiosa, inquieta, adora se emocionar. Pretensa poeta..
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