sábado, 16 de abril de 2011

Tiradentes

Tema de "Os Inconfidentes"
Cecília Meireles/Chico Buarque
Toda vez que um justo grita
Um carrasco o vem calar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar


Foi trabalhar para todos
E vede o que lhe acontece
Daqueles a quem servia
Já nenhum mais o conhece
Quando a desgraça é profunda
Que amigo se compadece?


Foi trabalhar para todos
Mas, por ele, quem trabalha?
Tombado fica seu corpo
Nessa esquisita batalha
Suas ações e seu nome
Por onde a glória os espalha?

Por aqui passava um homem
E como o povo se ria
Que reformava este mundo
De cima da montaria


Por aqui passava um homem
E como o povo se ria
Ele na frente falava
E atrás a sorte corria


Por aqui passava um homem
E como o povo se ria
Liberdade ainda que tarde
Nos prometia


Por aqui passava um homem
E como o povo se ria
No entanto à sua passagem
Tudo era como alegria


Cada vez que um justo grita
Um carrasco o vem calar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar

Tema para coro de "Arena Conta Tiradentes"
Augusto Boal/Gianfrancesco Guarnieri (*)


Eu sou brasileiro mas não tenho meu lugar
Pois lá sou estrangeiro, estrangeiro no meu lar.
A quem nasceu lá fora tudo seu a terra dá:
Essa pátria não é minha, é de quem não vive lá.

O pássaro na gaiola, já nascido em cativeiro,
Aprende a cantar e canta se permanece prisioneiro.
Mas se lhe abrem a portinhola, bem capaz é de morrer,
Com seu medo à liberdade, já não sabe nem viver.

Quem aceita a tirania
Bem merece a condição
Não basta viver somente,
É preciso dizer não!
Não basta viver somente,
É preciso dizer não!

Tiradentes
Chico de Assis/Ary Toledo

Foi no ano de 1789 em Minas Gerais que o fato se deu
E havia derrame do ouro que era um tesouro que os brasileiros tinham que pagar
Esse ouro ía longe distante,passava o mar, ía pra Portugal para o rei gastar
O mineiro que é bom brasileiro e que é altaneiro garrou a pensar:
se esse ouro é ouro da terra e da nossa terra, por que que ele vai?
Se juntaram numa reunião, resolveram fazer uma conspiração

Manuel da Costa, Antonio Gonzaga, Oliveira Rolin
e tem mais um nome que é o nome do homem que foi mais herói, este fica pro fim
e o nome do homem que foi mais herói, aprenda quem quiser: Joaquim José da Silva Xavier
e que foi chamado em todos os tempos, por todas as gentes de o Tiradentes

Se saber mais tu queres, te digo era alferes, era um militar
e havia entre os conjurados um homem danado, veja o que ele fez
e seu nome é triste sem glória, ficou na história, Silvério dos Reis

E esse feio traidor foi correndo falar com o governador,
contou tudo, fez uma tal cena que o visconde de Barbacena
soltou os milico na rua, mandou sentar pua, pegar e bater e matar e prender

Foram então pegados todos os conjurados, encarcerados numa prisão
E no fim de um tempo foram todos soltados, só o Tiradentes morreu enforcado,
chamando pra si a culpa por inteiro, a culpa de tudo,foi homem peitudo, foi bom brasileiro

Esta história bem verdadeira, foi a luta primeira que se deu no Brasil
E depois outras tantas outras houveram que por fim fizeram
um Brasil mais decente, um Brasil independente

Exaltação a Tiradentes
Penteado/Mano Décio da Viola


Joaquim José da Silva Xavier
Morreu a 21 de abril
Pela Independência do Brasil
Foi traído e não traiu jamais
A Inconfidência de Minas Gerais

Joaquim José da Silva Xavier
Era o nome de Tiradentes
Foi sacrificado pela nossa liberdade
Este grande herói
Pra sempre há de ser lembrado

Espanto ("Arena Conta Tiradentes")
Boal/Guarnieri/Theo


Espanto que espanta a gente,
tanta gente a se espantar,
que o povo tem sete fôlegos
e mais sete tem pra dar.
Quanto mais cai, mais levanta;
mil vezes já foi ao chão.
De pé! Mil vezes já foi ao chão.
Povo levanta, na hora da decisão!

Espanto que espanta a gente,
tanta gente a se espantar,
não é de hoje que esse povo
vem dando demonstração:
Alfaiates na Bahia,
Balaios no Maranhão,
Cabanada no Pará
E Palmares no Sertão.

Não só contra os de fora
foi o povo justiceiro:
contra a fome e a miséria
levantou-se o garimpeiro.

Contra os fortes desta terra
levantou-se o Conselheiro;
De pé, contra toda tirania!
Sempre de pé está o povo brasileiro!

Espanto que espanta a gente,
tanta gente a se espantar,
que o povo tem sete fôlegos
e mais sete tem pra dar.
Quanto mais cai, mais levanta;
mil vezes já foi ao chão.
Mas, de pé lá está o povo
na hora da decisão!

* Os compositores Théo de Barros (diretor musical da peça), Caetano Veloso, Gilberto Gil e Sidney Miller colaboraram com Boal e Guarnieri na criação dos temas musicais de "Arena Conta Tiradentes", não tendo sido especificada a participação de cada um.


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