quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Árvores

Catedrais de um mundo
natural quase perdido
.
Por Anajara Laisa Amarante, de Lisboa


Velhas árvores sobrevivem em meio ao caos da modernidade, e vivem a nos recordar da amplidão e sacralidade associada à vida.

Douglas Fir
A Amazônia ainda é a maior floresta tropical do mundo, mas esta condição pode mudar em função do ritmo acelerado do desmatamento. Entretanto, a biodiversidade amazônica ainda reserva muitos segredos desconhecidos. A floresta possui mais de três mil espécies só de árvores. Muitas delas de grande porte, sendo que algumas espécies podem alcançar mais de cem metros de altura. Vivem basicamente do húmus resultante da vegetação em permanente decomposição na floresta.

Em nossa arrogância moderna, equacionamos valor com juventude por muitas e muitas vezes. Ao pensarmos nesse fato podemos tentar entender que o valor utilitarista que se dá a uma árvore talvez explique porque o homem corta árvores milenares sem pensar – espécimes milenares que sobrevivem durante muito tempo e contribuem para mais do que uma vida humana.

A árvore mais antiga do Brasil, porém, encontra-se no Parque Nacional do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, no Estado de São Paulo, e é um jequitibá com 49 metros de altura, que figura na lista dos seres mais velhos do planeta, com aproximadamente três mil anos de idade. Este jequitibá tem o prolongamento de sua vida garantido pela criação do Parque Nacional.

A macieira que provavelmente é aquela que inspirou Isaac Newton em 1665, quando este formulou a primeira lei da gravidade, vive em Woolsthorpe Manor, Linconshire. A árvore, uma variedade rara da Flower of Kent, está inclusa num estudo com duração de três anos sobre mais de 40.000 mil árvores antigas. Esta pesquisa pretende revelar as condições de vida destas árvores.

Árvores antigas fornecem um habitat valioso, ao abrigar variedades de fungos, liquens e invertebrados, muitos dos quais são totalmente dependentes da vida das árvores anciãs.
Como disse Ray Hawes, diretor florestal do National Trust do Reino Unido “árvores antigas podem ser vistas como as catedrais do mundo natural” – algo como se dizer, através de uma metáfora, que estes seres nos lembram da amplidão e sacralidade associada à vida.

13/11/2010

Fonte: ViaPolítica/A autora

Anajara Laisa Amarante é bióloga graduada pela UFSC e mestranda do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa. Atualmente é estagiária do Centro de Pesquisa de Jülich (Alemanha), no Instituto de Neurociências e Medicina (INM8).

Da mesma correspondente, leia também, em ViaPolítica:
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14.11.2010

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